Um otimista jamais ficará agradavelmente surpreendido.

Há muitos muitos anos, algures às portas da entrada no ano 1900, um senhor chamado Charles Holland Duell que mais tarde seria juiz federal nos Estados Unidos da América

Rui Pedro Oliveira
10 de Maio de 2016

Há muitos muitos anos, algures às portas da entrada no ano 1900, um senhor chamado Charles Holland Duell que mais tarde seria juiz federal nos Estados Unidos da América, ocupava o lugar de comissário do Gabinete de Patentes Americano quando proferiu a célebre frase: “Tudo o que podia ser inventado, já o foi”. Era claramente o homem certo no lugar certo pela sua visão, estratégia e pensamento a longo prazo e que foi na altura, aclamada certamente por inúmeros seguidores deste visionário perspicaz e sagaz da sua douta sapiência.

 

Curiosamente um ano após esta “pérola” Marconi faz a sua primeira transmissão de rádio sem fios. Dois anos transatos é inventado o aspirador doméstico por Hubert Cecil Booth que foi usado pela primeira vez após a coroação do Rei Eduardo VII. Enumerar os próximos 115 anos até aos dias de hoje sobre tudo que foi inventado e descoberto, seria um pedido sofredor de escrita quando outrora vimos Orwell  e hoje lemos Friedman ou Michio Kaku falar sobre os próximos 100 anos com uma naturalidade e clarividência banal.

 

Numa previsão, a única parte certa de acontecer é que ela esteja errada. É esta regra que impera na maioria dos pensamentos habituais na mente humana. “Nobody gets fired by saying no”.

 

Imaginemos a figura anexa ao texto.

 

Estão os “pobres” homens a laborar conforme o “chefe” solicitou. Carregarem as pedras com os meios disponibilizados para o efeito num tempo record, pois teriam que o fazer mais umas vezes para que a mercadoria chegasse intacta ao destino. Aparece um “idiota” que lhes diz ter uma solução mais rápida, menos desgastante, barata num curto prazo, mas a ordem era para que fizessem o seu trabalho da forma mais célere e eficaz com os meios que dispunham. Após a chegada ao destino, o capataz de serviço enaltece o trabalho feito, mas tinham que voltar para trás para repetir o serviço. Um dos serviçais ousa dizer: “Um vulto seduziu-nos com uma solução mais vantajosa”. O capataz retorquiu: “Mas que género de solução era, visto vocês terem chegado no tempo previsto?” e o serviçal afirma: “Não sei meu capataz, era uma forma jamais vista, imagine achatar todos os ângulos do quadrado até não haver nenhum”. “Fizeste bem trabalhador, nada de perder tempo com coisas desnecessárias que nem conhecemos”. Todos mantiveram os seus postos de trabalho, não houve atrasos perante os parâmetros normais daquela linha de montagem e ninguém foi despedido por dizer NÃO. Estavam demasiado ocupados para a mudança.

 

Mas as mudanças são imperativas no mundo de hoje. A perspicácia e a vontade de ser o primeiro a mudar são das qualidades mais enaltecidas em qualquer organização. Este nível de desenvolvimento hoje em dia implicará uma diminuição clara dos nascimentos de humanos. A população aumenta muito mais pelo envelhecimento do que pelos novos nascimentos, e efetivamente o problema fundamental muito difícil de resolver é o do envelhecimento. Não só a nível sociológico, mas sim a nível mental e funcional, o garante total do equilíbrio fundamental à nossa espécie.

 

Talvez Dante Alighieri tivesse a resposta há 800 anos atrás a explicação para tudo isto na sua Divina(l) Comédia: “A meio do caminho da nossa vida encontrei-me num obscuro bosque, já que o caminho a direito estava perdido”.

 

Um otimista jamais ficará agradavelmente surpreendido.

 

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