O MEU SONHO ou o Sonho da Minha Família Empresária?

O grande dilema dos jovens que nascem numa família empresária é o da opção por dar continuidade ao sonho do fundador da empresa da família ou de materializar o seu próprio sonho.

António Costa
1 de Março de 2019

Nascer numa família empresária é viver numa ampla envolvente que agrega e não diferencia o que é a empresa ou a família: 

  •  Em casa vive-se a empresa: os pais falam do negócio, executam tarefas ligadas à atividade, não diferenciando os “ambientes de casa e da empresa”;
  • Empresa é uma extensão de casa: os primeiros passos, brincadeiras e tempos antes ou pos-escola são passados nas instalações da empresa;
  • O rápido crescimento: a ausência dos pais leva a uma precoce auto-responsabilização por criar hábitos para gerir o seu dia a dia (levantar a horas, pequeno almoço, ida e regresso da escola, realização dos trabalhos de casa, …);
  • As primeiras tarefas: as atividades da empresa exercem uma atratividade pelo caráter prático e até mesmo lúdico, apelando à participação nos tempos livres;
  • A autonomia em casa: o hábito e a partilha levam a fazer para si e para os outros, a assumir “tarefas de adulto” com muita autonomia;
  • Os primeiros trabalhos: a necessidade e até mesmo o gosto levam à participação em múltiplas atividades da empresa (pequenos trabalhos de escritório, armazenamento, produção, entrega, comunicação, …);

e influencia significativamente a formação da personalidade dos jovens imersos neste contexto.

As opções académicas ou formativas vão ser um reflexo da atratividade (o mundo da empresa é fantástico …) ou repulsa (a empresa é tudo e asfixia …) por toda esta forte vivência e, naturalmente, pelos desejos de desenvolvimento profissional.

Esta envolvente complexa tem um enorme peso sobre os jovens, pelo que necessitam de ser compreendidos e apoiados, em especial nos momentos de decisão sobre o futuro profissional, confrontando-os com o difícil dilema de trabalhar na empresa da família e seguir o sonho dos outros ou de abraçar os seus próprios sonhos e correrem o risco de fracassar ou serem considerados “traidores”.



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