Sou do tempo em que não havia mensagens escritas. Ou melhor, havia, mas eram
escritas em papel e trocadas em plena sala de aula. Telefones? Eram só em casa,
e era um luxo ter um sem fios. Para distâncias muito curtas, havia uma outra
possibilidade: fazer um furo em dois copos de iogurte e atar um cordel entre
eles...
Se naquele tempo, do final dos
anos 80 e início dos 90, o mundo tivesse assistido a um episódio de pandemia
causada por um vírus mortal, não haveria muita hipótese de trabalhar a partir
de casa.
Hoje não faltam formas e
ferramentas para videoconferência e partilha de ficheiro, que muitos de nós
ficamos a conhecer com a difusão mundial da pandemia Covid-19 e a consequente
necessidade do teletrabalho.
Mas se pensa que a videoconferência
é coisa recente, desengane-se. Desde os primórdios da transmissão de imagens
que se sonha com a possibilidade de realizar videochamadas, e no final dos anos
30, na Alemanha, surgiram os primeiros sistemas, cujo desenvolvimento foi
interrompido pela guerra. A empresa americana Bell Labs iniciou o
desenvolvimento de um sistema em meados da década de 50, que teve várias
iterações até à primeira demonstração pública na Feira Mundial de Nova Iorque
de 1964. No final desse ano, foi realizada a primeira videochamada pública, da
mulher do então presidente Lyndon Johnson para os laboratórios da Bell.
No entanto, o elevado custo da
subscrição do serviço levou a uma adesão fraca. Em 1973 havia apenas 100
empresas assinantes, tendo caído em desuso até o início dos 90. Em 1992 a Apple
lançou um software para permitir a transmissão de vídeo, mas sem áudio, o que
só veio a ser introduzido em 1994, no mesmo ano em que surgiu a primeira webcam
comercial. O mercado das webcams explodiu com a democratização da internet, e no
virar do século já começava a ser normal ver pequenas câmaras em cima do
monitor do PC. A aplicação Skype surge em 2003, e a partir daí nunca mais parou.
Eu comecei a utilizar as
vídeo-chamadas algures por volta de 2006. De início servia apenas para ajudar
na identificação de defeitos, pois era muito mais fácil discutir a
responsabilidade de um problema numa peça, ou a necessidade real de implementar
ações de contenção se estivesse a ver o defeito na própria peça, ao invés de
uma descrição por telefone, que depende sempre da interpretação de quem
descreve, ou de uma fotografia enviada por e-mail que podia ser enganadora. As
vídeo chamadas, portanto, vieram revolucionar também a gestão de qualidade de
produto.
Mas há regras simples que devem
ser seguidas, e muito mais numa altura em que a maior parte das pessoas estão
fechadas em casa, e as vídeo-chamadas tornam-se parte integrante do trabalho diário.
Aqui ficam alguns conselhos:
Ninguém sabe muito bem como será o futuro do trabalho em gabinetes de fábrica ou escritório, e muito provavelmente vai ser diferente do que era há apenas alguns meses atrás. Mas um conselho é universal e eterno, para evitar situações embaraçosas e garantir uma vídeo-chamada de Qualidade (e eu já assisti a um caso destes, pelo que posso garantir que “não é só nos filmes”): Retirar sempre o microfone quando vamos à casa de banho!