E tudo mudou.

O mundo está a viver uma pandemia que vai revolucionar a forma como gerimos os Recursos Humanos, levando-nos a um novo paradigma de gestão das nossas pessoas dentro das empresas.

Rui Fonseca
1 de Maio de 2020

As mudanças serão significativas, mas associadas a uma nova conquista: a quebra, pelo menos parcial, da resistência à mudança, a par de uma maior envolvência por parte das pessoas para com a empresa e a abertura para o que poderá ser uma mudança de mindset, não só dos gestores como dos próprios colaboradores. Basta pensarmos que, neste momento de pandemia que atravessamos, as empresas tiveram de implementar medidas, para muitas, inéditas e não houve tempo para questionar ou levantar incertezas, as pessoas perceberam que era necessário e responderam em conformidade. Foi feito em duas semanas o que poderia demorar um ano de resistência a implementar.

Sairemos deste período com a certeza clara da importância da Transformação Digital do Trabalho. Esta será, para mim, uma das principais diferenças, seja pela implementação do teletrabalho num maior número de empresas, onde até ao momento não era aplicável, seja pela realização de reuniões à distância. Nesta linha de pensamento, as empresas assumirão a importância de um maior investimento em recursos tecnológicos. Hoje temos emails que substituem reuniões de horas, hoje temos vídeo calls que substituem  4 horas de deslocação e respetivos custos. Hoje temos colaboradores de 45 anos a usar métodos que eram, até então, só dos Millennials. Estamos mesmo a assistir a uma significativa transformação.

Ainda a vivermos esta pandemia e com a adaptação das empresas à nova realidade assistimos ao número crescente de colaboradores que pela primeira vez trabalham a partir de casa. Este método imperou mesmo com a consciência de que a produtividade sairia afetada, dado a ausência de tempo para aquilo que seria necessário: preparar as empresas e preparar as pessoas. Por outro lado, esta nova realidade vai exigir às empresas adaptação e a assumir o teletrabalho como uma oportunidade para baixar custos de investimento e de espaço em postos de trabalho. De igual modo irá emergir novas formas de liderar, acompanhar, medir e avaliar o trabalho destas pessoas. Nunca mais os nossos KPI’s serão iguais.

Nesta sequência, não iremos mais a Aveiro fazer uma reunião de 10 minutos, isso acabou e deve ser visto como uma oportunidade, baixando assim o “custo aquisição cliente”. Também isto irá impactar o “costumer journey” que nunca mais será igual. O “user experience” e o “user interface” vão mudar radicalmente e com isto as empresas e o seu capital humano terão de se adaptar e criar novas abordagens ao mercado e aos consumidores. Como exemplo, jamais o consumidor voltará a comprar numa loja que não tenha conceitos de segurança e higienização bem definidos no processo de venda. Sim, porque o comportamento do consumidor vai mudar radicalmente nos próximos anos. Com isto teremos, agora mais do que nunca, as empresas preparadas para a digitalização e a indústria 4.0. Porque fomos forçados, o ROI (retorno sobre investimento) e o VOI (valor sobre investimento) serão mais do que nunca percecionados pelos gestores e administradores. A digitalização nas empresas, logística digital e inversa, a economia circular, blockchain em prol da cadeia de valor e da segurança, business intelligence e data mining são termos que entrarão no nosso quotidiano, das empresas e dos consumidores. Porque agora sim, somos realmente todos digitais: os consumidores e as empresas.

No que diz respeito ao recrutamento iremos testemunhar a proliferação de técnicas de recrutamento digital. Embora, na Altronix já fizesse parte da nossa realidade (em determinada medida), a verdade é que as empresas passarão a adotar novas técnicas de recrutamento digital, evitando deslocações e a obrigatoriedade de uma sala específica para realização de entrevistas. Notava-se claramente alguma resistência na realização das entrevistas via Skype; fazer uma entrevista via whatsapp não era concebível, tudo isso mudou.

Acredito que vamos assistir a uma transformação na consciencialização humana e humanitária, a par de uma maior envolvência com a empresa. Aquelas empresas que conseguirem manter a equipa, sem despedir, criar mecanismos e ações que visam a proteção dos colaboradores, vão criar uma maior confiança nas pessoas, que por sua vez se sentirão mais motivados e com vontade de vestir a camisola. Todo o investimento em prol dos colaboradores das empresas, são hoje fundamentais e o VOI (value on investiment) será maior que nunca. Os colaboradores vão perceber a importância do seu papel na empresa e que também eles precisam de se unir à restante equipa, para marcar a diferença e superar os obstáculos de uma crise que se avizinha.

Vamos assim assistir a uma maior valorização da carreira profissional, dado que não será assim tão fácil sair de uma empresa e entrar noutra. Por outro lado, as pessoas passaram a estar mais com a família e os laços saíram reforçados, defendo que por parte das empresas terá de haver um esforço adicional para manter o equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Mas não tenhamos ilusões, depois deste confinamento, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal nunca mais será o mesmo para ambos os lados, empresas e colaboradores.

De qualquer forma, apesar de nos esperar momentos complicados, diferentes, estou convencido que nós, os Portugueses, conseguiremos ultrapassar mais uma crise. Na verdade, “crise” é algo que nos tem acompanhado nestes últimos 40 anos e para a qual estamos já imunes e vacinados. Estamos prontos para lutar, para nos reinventar e sair vencedores.

#vamostodosficarbem #fazatuaparte

Artigo em formato PDF

Newsletter Start&Go

Newsletter Start&Go