As mudanças
serão significativas, mas associadas a uma nova conquista: a quebra, pelo menos
parcial, da resistência à mudança, a par de uma maior envolvência por parte das
pessoas para com a empresa e a abertura para o que poderá ser uma mudança de
mindset, não só dos gestores como dos próprios colaboradores. Basta pensarmos
que, neste momento de pandemia que atravessamos, as empresas tiveram de
implementar medidas, para muitas, inéditas e não houve tempo para questionar ou
levantar incertezas, as pessoas perceberam que era necessário e responderam em
conformidade. Foi feito em duas semanas o que poderia demorar um ano de
resistência a implementar.
Sairemos
deste período com a certeza clara da importância da Transformação Digital do
Trabalho. Esta será, para mim, uma das principais diferenças, seja pela
implementação do teletrabalho num maior número de empresas, onde até ao momento
não era aplicável, seja pela realização de reuniões à distância. Nesta linha de
pensamento, as empresas assumirão a importância de um maior investimento em
recursos tecnológicos. Hoje temos emails que substituem reuniões de horas, hoje
temos vídeo calls que substituem 4 horas de deslocação e respetivos
custos. Hoje temos colaboradores de 45 anos a usar métodos que eram, até então,
só dos Millennials. Estamos mesmo a assistir a uma significativa
transformação.
Ainda a
vivermos esta pandemia e com a adaptação das empresas à nova realidade
assistimos ao número crescente de colaboradores que pela primeira vez trabalham
a partir de casa. Este método imperou mesmo com a consciência de que a
produtividade sairia afetada, dado a ausência de tempo para aquilo que seria
necessário: preparar as empresas e preparar as pessoas. Por outro lado, esta
nova realidade vai exigir às empresas adaptação e a assumir o teletrabalho como
uma oportunidade para baixar custos de investimento e de espaço em postos de
trabalho. De igual modo irá emergir novas formas de liderar, acompanhar, medir
e avaliar o trabalho destas pessoas. Nunca mais os nossos KPI’s serão iguais.
Nesta
sequência, não iremos mais a Aveiro fazer uma reunião de 10 minutos, isso
acabou e deve ser visto como uma oportunidade, baixando assim o “custo
aquisição cliente”. Também isto irá impactar o “costumer journey” que nunca
mais será igual. O “user experience” e o “user interface” vão
mudar radicalmente e com isto as empresas e o seu capital humano terão de se
adaptar e criar novas abordagens ao mercado e aos consumidores. Como exemplo,
jamais o consumidor voltará a comprar numa loja que não tenha conceitos de
segurança e higienização bem definidos no processo de venda. Sim, porque o
comportamento do consumidor vai mudar radicalmente nos próximos anos. Com isto
teremos, agora mais do que nunca, as empresas preparadas para a digitalização e
a indústria 4.0. Porque fomos forçados, o ROI (retorno sobre investimento) e o
VOI (valor sobre investimento) serão mais do que nunca percecionados pelos
gestores e administradores. A digitalização nas empresas, logística digital e
inversa, a economia circular, blockchain em prol da cadeia de valor e da
segurança, business intelligence e data mining são termos que entrarão no nosso
quotidiano, das empresas e dos consumidores. Porque agora sim, somos realmente
todos digitais: os consumidores e as empresas.
No que diz
respeito ao recrutamento iremos testemunhar a proliferação de técnicas de recrutamento
digital. Embora, na Altronix já fizesse parte da nossa realidade (em
determinada medida), a verdade é que as empresas passarão a adotar novas
técnicas de recrutamento digital, evitando deslocações e a obrigatoriedade de
uma sala específica para realização de entrevistas. Notava-se claramente alguma
resistência na realização das entrevistas via Skype; fazer uma entrevista via
whatsapp não era concebível, tudo isso mudou.
Acredito
que vamos assistir a uma transformação na consciencialização humana e
humanitária, a par de uma maior envolvência com a empresa. Aquelas empresas que
conseguirem manter a equipa, sem despedir, criar mecanismos e ações que visam a
proteção dos colaboradores, vão criar uma maior confiança nas pessoas, que por
sua vez se sentirão mais motivados e com vontade de vestir a camisola. Todo o
investimento em prol dos colaboradores das empresas, são hoje fundamentais e o
VOI (value on investiment) será maior que nunca. Os colaboradores vão perceber
a importância do seu papel na empresa e que também eles precisam de se unir à
restante equipa, para marcar a diferença e superar os obstáculos de uma crise
que se avizinha.
Vamos assim
assistir a uma maior valorização da carreira profissional, dado que não será
assim tão fácil sair de uma empresa e entrar noutra. Por outro lado, as pessoas
passaram a estar mais com a família e os laços saíram reforçados, defendo que
por parte das empresas terá de haver um esforço adicional para manter o
equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Mas não tenhamos ilusões,
depois deste confinamento, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
nunca mais será o mesmo para ambos os lados, empresas e colaboradores.
De qualquer forma, apesar de nos esperar momentos complicados, diferentes, estou convencido que nós, os Portugueses, conseguiremos ultrapassar mais uma crise. Na verdade, “crise” é algo que nos tem acompanhado nestes últimos 40 anos e para a qual estamos já imunes e vacinados. Estamos prontos para lutar, para nos reinventar e sair vencedores.
#vamostodosficarbem #fazatuaparte