Disney. A Cultura como Vantagem Competitiva

“A Cultura da sua empresa é desenhada e transmitida ou é definida por defeito?”

Mário Henriques
16 de Novembro de 2015

“A Cultura da sua empresa é desenhada e transmitida ou é definida por defeito?” Esta foi uma das primeiras perguntas que nos fizeram quando entrámos numa visita guiada ao Instituto Disney na Florida. Perguntámos o que queriam dizer com esta pergunta. De imediato voltaram a insistir: “É algo que acontece naturalmente? Ou é algo que é transmitido, claro e por isso comunicado desde o primeiro momento?”

Na Disney, de facto, existem hábitos, formas de estar e valores específicos intencionalmente transmitidos na maioria das coisas que rodeiam o ambiente de trabalho das pessoas. Por exemplo, não existem títulos. Desde o CEO até às pessoas que estão na linha da frente de um Hotel ou Parque de atracções, todos têm de cuidar dos convidados (como carinhosamente chamam aos clientes) e limpar lixo do chão (caso o encontrem), pois trata-se de uma empresa que actua no negócio do entretenimento.

 Todos os valores da Disney incidem sobre a interacção humana, sublinhando que a experiência de um sonho baseia-se em pessoas que podem, na sua actuação e forma de estar, criar um mundo de magia à volta daqueles que visitam a organização. A mensagem é simples: “diverte-te no teu trabalho, pois só assim poderás divertir os nossos convidados.”

Coragem é outro dos valores que, num primeiro olhar, parece não fazer grande sentido. Feita a questão a resposta é simples: “Num mundo de sonhos a criatividade é essencial, por isso todos têm de ter a coragem para apresentar e partilhar as ideias com as suas equipas e líderes.”

Na empresa criada por Walt Disney, a cultura está presente no momento das entrevistas de recrutamento, nas quais são fornecidas informações sobre as condições de trabalho, expectativas, bem como feedback individual quando os candidatos não são seleccionados, normalmente, por problemas de atitude. Isto, porque sublinham – attitude is more important than aptitude.

A Cultura está, igualmente, presente nas preocupações de integração e treino de quem chega. Neste momento, um dos participantes que integrava o nosso grupo perguntou:

"Porque investem tanto no treino inicial das Pessoas? E se elas forem embora?"

"Não receamos que possam sair, mas, receamos que fiquem sem treino."

Colocam na Comunicação Interna outro dos pilares essenciais na consolidação da identidade cultural da empresa. Nesta área assumem que este é um canal que permite chegar diariamente às pessoas e que só pode ser interpretado como uma estrada com dois sentidos. A organização tem de transmitir informação, mas, tem de ser capaz de ouvir as pessoas.

Por último, surge o reconhecimento como uma “ferramenta” que deve estimular a aplicação prática dos valores. Quem tem um desempenho que é um modelo dos valores e princípios de actuação da Disney nunca pode ser esquecido. Tem de ser reconhecido e premiado. Algo que não está dependente de um programa complicado e burocrático. Qualquer colega pode, e deve, reconhecer os outros. Como dizia Walt Disney, - “o reconhecimento é um combustível que nunca mais acaba”.

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