A palavra INpreendedor não
existe. Mesmo que existisse, estaria mal escrita, segundo os nossos convénios
de estrutura e regras gramaticais. Mas pensemos neste exemplo como um caso de
inovação: o que é que é mais importante, para já? Comunicar de forma adequada
um conceito e depois refinar a sua terminologia ou valorizar à partida a regra,
a estrutura, mesmo que isso iniba ou faça cair a ideia-chave? Estamos pois
perante o dilema de muitas organizações que pretendem ser inovadoras e
empreendedoras de forma pro-activa. O que escolher? O caos ou o
controlo?
A resposta não é nada inovadora: Ambas!
O conceito de Inovar e Empreender é
apresentado em MBA’s, seminários e workshops
como sendo uma pequena semente, que vai sendo cuidada, protegida e
alimentada por todos os decisores, influenciadores e executantes. O importante
é que a semente evolua para se transformar numa planta,
numa árvore e que desta possam nascer os melhores frutos. Não se sabe
muito bem que frutos vamos obter e qual o seu valor de mercado. O que se torna
importante não é o objetivo mas sim o caminho. Serendipismo!
Mas a realidade é que a Inovação e
Empreendedorismo Organizacional se assemelha a uma corrida de automóveis, onde
em cada curva ou obstáculo os choques e despistes são frequentes, onde o
que interessa é obter resultados sem experienciar ou falhar, onde os objetivos
individuais ultrapassam tudo o resto e onde não existe um propósito
maior. Para que exista um verdadeiro empreendedorismo
organizacional, a empresa precisa de "viver" simultaneamente em duas
realidades distintas: A realidade da busca e a
realidade da execução:
·
Na
realidade da busca, a organização reflete sobre o seu propósito e de que forma este está
alinhado com o que a sociedade espera e deseja dela (resolver problemas,
proporcionar experiências, fazer poupar tempo, etc.).
· Quando existe o “fit” entre a organização e os seus
clientes, utilizadores e beneficiários, a organização avança para a fase de execução. Pensa como pode otimizar recursos e
competências no sentido de materializar o fit atrás
referido. Como pode obter um lucro com propósito.
Estamos a falar de realidades, abordagens e
palavras-chave distintas. Estamos a falar
de organizações ambidextras. Como pode então uma
organização fomentar esse ambiente adequado para a inovação?
Comecemos pelos Recursos. Hoje em dia as coisas não estão fáceis, e não
existe muita disponibilidade ou flexibilidade para alocar os devidos recursos
financeiros ao desenvolvimento ou exploração de uma nova abordagem de negócio
ou produto/serviço. Mas pior que não ter novas ideias, é ter várias e não as
conseguir desenvolver ou explorar. Uma possibilidade é fazer uma análise
aprofundada das ideias e avaliar quais as que obtém as melhores probabilidades
de sucesso global, através da validação segundo 2 critérios (por exemplo
facilidade de implementação vs. impacto|ganhos previstos). Esta triagem permite
que a organização foque os seus recursos nas abordagens que mais facilmente vão
originar valor e novas oportunidades de negócio;
Quanto ao Ambiente Organizacional, a diversidade de
personalidades é fundamental. Numa equipa, é sempre preciso alguém que agite as
águas, alguém que faça o papel de advogado do diabo, alguém que motive, alguém
que nos apresente as pessoas certas, alguém que pesquise, alguém que nos faça
questionar. Tudo isto requer personalidades diferentes. Crie uma equipa de pensadores, não de seguidores!
Formalizar a Inovação numa empresa
pode ser feito com pequenas decisões e abordagens que passam mensagens muito
importantes. Desde criar um budget dedicado
à Inovação (independentemente do valor), “oferecer” parte do tempo semanal do
trabalho para que os colaboradores possam dedicar-se à exploração de novas
abordagens ou definir um sistema de reconhecimento que permita recompensar o facto
de a pessoa dedicar os seus talentos, interesses e personalidade a encontrar
algo que beneficia a organização como um todo são algumas abordagens que
proporcionam ótimos resultados.
Comunicar também é
fundamental. Tornar visível o sentido de urgência, apresentar tendências e
desafios futuros para todas as áreas de negócio; refinar novas ideias com
várias pessoas (vários feedbacks) são
importantes ferramentas de validação de novas ideias e abordagens.
A Inovação e Empreendedorismo
Organizacional têm pouco a ver com investimento e muito a ver com Atitude. Quando a Apple
lançou o primeiro computador Mac, o seu budget alocado
à Inovação era cerca de 100X menor do que o da IBM. Os resultados são os que se
conhecem.
Imagina a tua empresa como um navio.
É sempre mais seguro se esse navio estiver atracado num porto ou baía,
protegido das intempéries. Mas os navios não foram feitos para estarem
parados, e os grandes navegadores só ficaram conhecidos porque quiseram
enfrentar as maiores tempestades, sem saber exactamente que tesouros iriam
encontrar após a bonança. O que podes fazer para que os “corsários” da
tua organização te entreguem tesouros ainda mais valiosos?