Com um curso de direto tirado na Universidade Católica do Porto foi
aprofundando paralelamente o seu conhecimento e a sua paixão pela maquilhagem.
Contudo foi em londres que o seu sonho se tornou realidade. “Quando mudei para Londres o meu objetivo era
expandir o meu trabalho como maquilhadora. Mas num mercado novo e saturado, aos
27anos vi-me a trabalhar numa curta-metragem ás 3.30am sem receber pagamento. E
disse basta. Apercebi-me que um dos meus sonhos não podia ser adiado mais.
Tinha que ter a minha marca de maquilhagem”. Surge então a AvanHeart, uma marca de cosmética multifuncional e amiga do
ambiente, que lançou no mês passado o primeiro produto One4All, um pó mineral produzido
no UK, para maquilhar olhos, maçãs do rosto e lábios quando misturado com um
brilho labial. Contudo a opção de apostar numa marca com uma forte consciência
social implica custos maiores e sendo uma startup as quantidades de produção
são mais baixas, com uma consequência direta no preço das matérias-primas. “É preciso ter um certo jogo de cintura. Fazer
uma empresa é algo muito solitário. Todas as decisões dependem de ti. Às vezes
a autoestima quebra com as vozes negativas que giram á nossa volta: "não
és capaz; não percebo o que queres fazer; mas tu trabalhas? …isso é de loucos...".
Acreditar e resistir a tentação de desistir são é o segredo desta
empreendedora.” A única solução é acordar
de manhã, respirar fundo e simplesmente continuar.”
Para
a empresária as metas são claras no curto prazo o enfoque é fomentar o comércio
justo nos produtos da empresa, contribuindo para o desenvolvimento de uma forte
consciência social, e potenciar a marca AvanHeart. Em 3 anos o objetivo é ser
uma empresa "guilt-free". “Queremos
ser totalmente ecológicos, crueltyfree, minerais, naturais e fomentar comércio
justo em todas as partes da nossa marca. Vamos ser uma empresa absolutamente
sustentável. Desde o papel reciclado usado no escritório até ao produto final
que chega ao cliente com packaging eco e fair trade.”
Porque Londres? Achas que seria possível o mesmo
caminho em Portugal?
Em
Londres senti duas coisas extraordinárias. A primeira é que não importa como te
vestes, como tens o cabelo ou a tua maquilhagem. Andar na rua e sentir que
podes literalmente ser quem és sem julgamentos é incrível. A segunda, é que
esta cidade borbulha moda, arte, eventos e empreendedorismo.
Acho
que em Portugal teria feito o mesmo percurso. Em algumas coisas seria mais
fácil e noutras mais difícil. Em termos de apoio de família e amigos teria tido
uma rede de segurança maior. Contudo, na altura em que era maquilhadora a minha
profissão nem sequer era reconhecida pelo estado português. Por isso penso que
teria de ser mais persuasiva para convencer outros a acreditar neste projeto.
Um dos principais obstáculos identificado pelos
empreendedores é a dificuldade de financiamento, como foi no vosso caso?
No
caso da AvanHeart, lutei muito por ter um soft loan. Recusei investidores
porque precisava de imprimir fortes valores sociais que não podiam ser
quebrados á custa de investimentos "fáceis". O Prince's Trust foi uma
associação no UK que me proporcionou formação e o soft loan para que pudesse
fazer a empresa ao meu ritmo e nunca sacrificando qualidade ou o conceito
inicial. E toda a formação e mentores foram proporcionados gratuitamente, simplesmente
porque acreditaram na ideia e querem ajudar jovens empreendedores.