28 de Outubro de 2023



APICAPPS - setor do calçado contribui com mais de 1,3 mil milhões euros para a balança comercial portuguesa



Fundada em 1975, a APICCAPS é a associação que representa toda a fileira do calçado português, um setor que exporta 98% da sua produção para 170 países. Porém, a falta de mão de obra é, cada vez mais, um desafio. De forma a combater este cenário, a associação tem em marcha o “Roteiro do Conhecimento”, um projeto de divulgação do setor junto de escolas, de modo a preparar as gerações futuras e a atrair uma nova geração de talento para a indústria.



Por Fernanda Silva Teixeira


R epresentando o conjunto da fileira industrial do calçado, a APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos é a base de suporte de centenas de empresas em áreas críticas como a internacionalização, estudos, projetos e consultadoria ou contratação coletiva. Uma das particularidades, é ter fundado os Centro de Formação e o Centro Tecnológico do Calçado.

Desafiado a fazer um balanço dos 48 anos de atividade da associação, Paulo Gonçalves, diretor de comunicação e porta-voz da APICCAPS, assume que este é “claramente positivo”. “Desde logo porque o setor tem crescido ao longo das últimas décadas e no último ano registou mesmo o melhor ano de sempre”.

Ainda assim, o caminho também teve desafios, reconhece, nomeadamente a “agregação”. "Não é comum uma associação









representar toda uma fileira, nomeadamente empesas com perfis e interesses distintos. Felizmente, temos conseguido fazê-lo”, realça o porta-voz da APICCAPS.

A nível económico este é também um setor com um peso muito relevante na economia nacional, em especial porque exporta a quase totalidade da sua produção. “O maior contributo do setor para a economia portuguesa é ao nível da balança comercial. Todos os anos, o setor do calçado contribui com mais de 1,3 mil milhões euros para a balança comercial portuguesa”.

Mas o setor também enfrenta importantes desafios. Em termos imediatos, a maior dificuldade para as empresas é de natureza conjuntural, “na medida em que vários dos principais mercados de destino do calçado português estão numa situação económica frágil, alguns mesmo em recessão”, indica Paulo Gonçalves.

Por outro lado, acrescenta, “a médio prazo, até 2030, a indústria europeia da moda vai necessitar de 500 mil novos colaboradores”.

 

p

Paulo Gonçalves, Diretor de Comunicação da APICCAPS

Foto: Pedro Ferreira | Conceito Criativo: Ana Caracol in https://portuguesesoul.com/2023/09/06/drop/




Os dados são da Comissão Europeia, e afetará em particular países como Espanha, França, Itália e Portugal.

Consciente dessa realidade, a indústria portuguesa do calçado, através da APICCAPS, está a procurar antecipar cenários futuros e está a empreender um “Roteiro do Conheci­mento” pelas escolas, de modo a preparar as gerações futuras e a atrair uma nova geração de talento. Em termos práticos, foram identificadas 86 escolas em Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira que serão 







alvo de iniciativas pedagógicas.

Numa primeira fase, as iniciativas dirigem-se aos alunos do 1º ciclo e pretendem “divulgar o potencial da indústria do calçado, valorizando o território e atividades locais e potenciando a indústria local”. A partir de setembro, serão abordados ainda os alunos do 2º e 3º ciclo. 

Este “Roteiro do Conhecimento” deverá ter uma duração de três anos, 

e enquadra-se no Plano Estratégico 

do Cluster do Calçado 2030 que pretende transformar a indústria de calçado.




Setor exporta 98% da sua produção para 170 países

Foto: Carmo Amorim | Conceito Criativo: Joaquim Szkutnik da Rocha in https://portuguesesoul.com/2023/04/04/hot-new-talents-24/




O setor do calçado exporta 98% da sua produção para 170 países, sendo o mercado europeu o mais revelante, como é o caso da Alemanha, França, Países Baixos ou Reino Unido. No entanto, é nos EUA que o setor mais tem crescido no passado recente pelo que será uma forte aposta de futuro.

Paulo Gonçalves relembra-nos que todos os anos, a nível internacional, são produzidos 24 mil milhões de pares de sapatos. A Ásia tem uma quota de 87% da produção. Um único país, a China, tem um peso superior a 50% na produção. Já a Europa é responsável por apenas 3% da produção mundial. “Isso coloca muita pressão aos pequenos players como Portugal. Não nos parece que seja sustentável”. Por isso, assume que 2023 será um ano de grande exigência para o calçado português. “O setor exporta mais de 95% da sua produção. Cresceu mais de 20% no último ano para mais de 2 mil milhões de euros atingindo os melhores resultados de sempre. Contudo, dificilmente atingiremos estes resultados este ano”.







E acrescenta, 2023 começou a um ritmo muito positivo, mas o facto de os principais mercados de destino do calçado português enfrentarem uma situação económica débil, mesmo anémica, ou de recessão técnica, condicionará seguramente os resultados do ano. A evolução do setor estará sempre dependente da evolução da conjuntura internacional. “Temos consciência de que os próximos meses serão exigentes, mas esperamos que seja de consolidação do setor nos mercados externos”, frisa o porta-voz da APICCAPS.

Sobre o futuro, a associação apresentou recentemente o seu Plano Estratégico para a próxima década. No essencial, o setor quer afirmar-se como uma referência internacional e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, garantindo assim o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente


competitiva. O novo Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 define quatro prioridades: Qualificação de Pessoas e Empresas; Produtos e Processos Sustentáveis; Flexibilidade e Resposta Rápida; Presença Ativa nos Mercados. São 24 medidas e 113 ações concretas para reposicionar o setor na cena competitiva internacional. Com este ‘choque estratégico’ o setor prepara-se para uma nova década de crescimento.




O setor no último ano registou mesmo o melhor ano de sempre.

Newsletter Start&Go