31 de Maio de 2024


CARLOS BRITO

Professor Porto Business School





Inteligência Artificial vs. Inteligência Humana. And the winner is…


A inteligência artificial é um hot topic no âmbito da gestão das organizações.



E no entanto, não é algo que tenha surgido recentemente – foi nos já longínquos anos 50 do século passado que John McCarthy utilizou o termo pela primeira vez – nem que se restrinja ao contexto empresarial – basta andarmos com um smartphone no bolso para que a IA interfira com a nossa vida no dia a dia.

Mas, e regressando ao domínio da gestão, a IA tem, de facto, uma vasta e cada vez mais relevante gama de aplicações. Sem pretender ser exaustivo, podemos apontar as seguintes, entre muitas outras:

BUSINESS INTELLIGENCE: a IA é usada de forma crescente para analisar enormes conjuntos de dados (big data) e extrair insights valiosos para a tomada de decisões, não só a nível operacional mas também estratégico.

Automação de processos: a automação de tarefas repetitivas e, principalmente, o machine learning permitem que os colaboradores se concentrem em atividades com maior valor acrescentado, aumentando a eficiência e, acima de tudo, a dignidade do trabalho.

Cadeias de abastecimento: a IA contribui para a otimização do planeamento, da logística de entregas e da gestão de inventários, reduzindo assim os custos e evitando disrupções nos abastecimentos, algo que está no centro das preocupações de muitos gestores nos tempos que correm.

Marketing e vendas: neste contexto a IA é utilizada em múltiplos domínios, a começar na análise de comportamentos e atitudes até à utilização de chatbots e assistentes virtuais, passando pela personalização de campanhas, otimização de conteúdos e previsão de tendências.

Recursos humanos: a IA pode, desde logo, ajudar na identificação de talento e respetivo processo de recrutamento, bem como na avaliação de desempenho e no desenvolvimento dos colaboradores, contribuindo para uma melhor gestão das equipas de trabalho e da própria cultura organizacional.

Análise de risco e segurança: algoritmos de IA são importantes auxiliares na deteção de padrões fora do comum, identificando dessa forma potenciais ameaças à segurança da organização, o que ajuda a proteger contra fraudes e ataques cibernéticos.

Essas são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais a inteligência artificial está a transformar a gestão empresarial, proporcionando eficiência e eficácia, rapidez de atuação, diminuição da probabilidade de erro e controlo de riscos o que, em última instância, se traduz em mais vantagens competitivas.

É neste mundo novo que cada vez mais gente se questiona: “será que com a IA vou deixar de ter emprego?”. Não há dúvida de que estamos peran­te uma revolução tecnológica com um impacto colossal no mercado de trabalho. Haverá (já há) profissões que vão desaparecer e outras que irão surgir. Mas, acima de tudo, as funções que realizamos serão (já são) profun­da­mente afetadas pela utilização da IA.

O que significa que, sendo pertinente, a verdade é que aquela pergunta não é a que deve ser colocada. Como afirmou Alvin Toffler, “a pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada”. E então, qual é a pergunta certa? A pergunta certa, que qualquer um de nós deve colocar a si mesmo enquanto trabalhador, é “que competências devo possuir para tirar o máximo partido da IA?”.






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Não há dúvida de que estamos peran­te uma revolução tecnológica com um impacto colossal no mercado de trabalho.

É por isso que aquilo que se espera de cada um de nós não é que sejamos capazes de fazer “melhor do que as máquinas”, mas que saibamos fazer coisas que as máquinas não conseguem realizar. Por outras palavras, num mundo dominado pela IA, as competências distintivas são aquelas que decorrem da nossa natureza verdadeiramente humana. Pensamento crítico, adaptabilidade, criatividade, empatia, comunicação, ambição, lealdade, integridade, compaixão, humildade e coragem são características que terão de estar

cada vez mais presentes no dia a dia de quem trabalha.

E, acima de tudo, a consciência das questões éticas e sociais, procurando garantir que as decisões tomadas com base em inputs gerados pela IA não vão para além daquilo que é o quadro de valores da sociedade em que vivemos, da organização onde trabalhamos e dos princípios de cidadania que cada um assume.

Estas competências humanas não fazem tudo – mas complementam as capacidades da inteligência artificial, permitindo que as empresas 

aproveitem ao máximo o poten­cial dessa tecnologia, sem perderem o foco humano e a abordagem ética no âmbito das suas operações.

Em suma, estamos perante um admirável mundo novo. Um mundo onde pessoas e máquinas vão ter de trabalhar cada vez mais em parceria, mas também onde o grande desafio passa por assegurar uma maior valorização das pessoas e, acima de tudo, uma maior humanização do trabalho. Só assim conseguiremos que os benefícios desta fantástica tecnolo­gia superem os seus potenciais riscos.

 

 

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