Informação e conhecimento têm, por outro lado, uma validade relativa dentro de um contexto ou período. A sabedoria, pelo contrário, não tem um prazo de validade e permite saber o que fazer com qualquer conhecimento, através de análise e decisão (com um filtro de ética e valores).
Com conhecimento, dá para ganhar a vida; com sabedoria, dá para construir uma vida. Mas o melhor, mesmo, é aplicar o que se sabe (fazer); é treinar e repetir – com criatividade na abordagem, se possível. E isso exige paciência e confiança no processo para ver resultados.
No mundo das vendas, a ciência dos dados é uma verdade difícil de contestar. E quem ainda não está a utilizar dados a seu favor pode estar a perder tempo e até dinheiro – está em cima da mesa, mas não é visível. O grande segredo é entender como os dados podem ajudar a tomar melhores decisões (mais precisas e eficazes), projetar tendências e, claro, vender mais e melhor.
Ou seja, em parte, é como nos diz Arthur Schopenhauer – “não é acertar num alvo que ninguém acerta, mas acertar num alvo que ninguém vê”
A regra que mudou o jogo das vendas nos últimos anos foi a capacidade de perceber, com alguma profundidade, o comportamento do cliente: porque decide como decide? O que o leva a tomar uma decisão? O “achismo” e a pura intuição já não são as regras do jogo.
Com o acesso a dados acionáveis, podemos analisar o que provoca (ou não) resultados, prever comportamentos e ajustar uma estratégia com mais precisão. Logo, aquilo que sabemos e medimos vamos provavelmente fazer. Se estamos a medir, podemos controlar; se controlamos, sabemos o que está realmente a acontecer para podermos atuar e, no limite, corrigir (passando de “bandeira” a “vento”!). É aqui que surge uma boa campanha de marketing, dirigida para segmentos que queremos atingir.
O que é uma segmentação inteligente?
Segmentação inteligente é, basicamente, falar para a pessoa certa, com a mensagem certa, no momento certo e até num contexto certo. Com dados, torna-se possível dividir o público-alvo em grupos específicos com base em comportamentos, no histórico de compras ou até na fase do funil de vendas em que estão no seu caminho de compra. E assim, com uma abordagem personalizada a cada segmento, aumentam, e muito, as taxas de conversão.
E isto não é nada mais do que aumentar a probabilidade de vender e a previsibilidade do que vai acontecer amanhã – o sonho de qualquer gestor ou diretor comercial, ou seja, minimizar as incertezas ou os riscos. E não é magia: é apenas medir, examinar e atuar com base em análises. É, basicamente, a ciência dos dados para a tomada de decisão.
Os dados permitem até prever tendências, assim como antever potenciais crises e agir antes de uma surpresa. E é a previsibilidade que nos pode colocar um passo à frente da concorrência. A isto, podemos adicionar a fantástica capacidade para testar e otimizar processos e táticas.
É aqui que surgem os indicadores. Mas devemos focar-nos apenas em alguns (5 no máximo), aqueles que, efetivamente, “mexem o ponteiro”! Quando começamos a olhar apenas para aquilo que interessa – e sem ruído –, as ações ficam mais claras e os resultados surgem mais naturalmente. E existem boas ferramentas no mercado para promover a ciência de dados, potenciando resultados futuros.
Mas voltemos ao tema da liderança da capa da revista. Hoje, um líder de vendas tem de entender de psicologia comportamental – o que realmente motiva os clientes a comprar.
De facto, aquilo que fazemos, dizemos e pensamos nem sempre está em sintonia, ou é coerente, com as ações de tomada de decisão numa compra.
Um verdadeiro líder de vendas tem, acima de tudo, de:
# ser um exemplo – fazer mais do que dizer;
#aplicar modelos para ser mais eficiente e eficaz – para uma maior previsibilidade;
#delegar e acompanhar – como um catalisador de resultados;
#atrair e gerir pessoas – com prémios, comissões e incentivos;
#ler dados, tendências e passar à ação – com apoio em indicadores;
#desenhar uma estratégia e um plano comercial – com objetivos, direção e muita capacidade para executar.
Deve ser, também, um mestre em:
#mudanças, pois o mundo está muito dinâmico;
#confiança, pois seguimos quem é confiável;
#feedback, pois é preciso ouvir e alinhar a equipa entre objetivos coletivos e individuais;
#motivação, devido a muita competição e estímulos;
#presença, servindo e demonstrando uma total disponibilidade para a equipa;
#criar novos líderes, desenvolvendo pessoas do comum ao extraordinário;
#melhoria contínua, com indicadores que permitam medir a performance (até mais que os resultados).
No entanto, para liderar com dados é preciso mais do que algoritmos e ferramentas como CRM com inteligência artificial generativa ou preditiva.
É preciso uma visão inspiradora, uma capacidade de ver a longo prazo, sabendo que o sucesso de uma equipa de vendas está tanto nos dados quanto na paixão, na resiliência e na capacidade de motivar cada membro a atingir resultados extraordinários – que, à partida, sem apoio e direção, nunca seriam atingidos.
Num mundo cada vez mais digital e orientado por métricas,