Hoje a escola como entidade está em crise, pois ela já não tem o protagonismo de antes. Antes era por excelência o único local onde se podia aprender, agora tem como concorrentes a TV e a Internet, agentes educativos imponentes. A escola perdeu o monopólio da transmissão cultural, assumindo predominantemente a função socializadora. Esta função obriga-a a estar mais aberta e atualizada à vida, à economia, à diversidade cultural, à sociedade de informação e conhecimento e à cultura muito própria dos jovens de hoje.
A escola está descaracterizada na medida em que agora ninguém a frequenta apenas para auferir cultura, e pelo gosto de aprender. Hoje frequenta-se porque é um direito e uma obrigatoriedade do cidadão e, porque acima de tudo, ela nos prepara, ou deveria preparar, para o mercado de trabalho cada vez mais exigente.
O ensino atual vive numa competição desmedida, onde a qualidade das instituições escolares é medida pelas notas que atribuem e tudo vale para ser bem classificada nos rankings e atribuir os melhores diplomas. Escolas que trabalham para os rankings consideram os alunos números para as estatísticas, e não indivíduos únicos com necessidades e interesses próprios. São instituições que não fomentam o espirito crítico, a criatividade, a iniciativa e a reflexão, pois privilegiam a memorização e reprodução de conhecimentos, o que se traduz em profissionais dotados de um conhecimento teórico de excelência, mas com poucas habilidades técnicas, dificuldades nas relações sociais, pouco resilientes, baixa capacidade de adaptação à mudança e à resolução de problemas.
O mercado de trabalho não valoriza apenas o grau académico que possuímos, mas aquilo que valemos como “Pessoas”, pela nossa capacidade de adaptação a diferentes realidades, pela nossa vontade de estar cada vez mais informados, pela forma como gerimos toda a informação e de como a revertemos em benefício de todos, pelo nosso relacionamento interpessoal, pela nossa criatividade.
Como tal, é importante educar as crianças a serem pessoas informadas, bem formadas, com um espírito crítico forte e uma autoestima elevada, preparadas para viver em sociedade, não deixando de lhes transmitir valores morais, de lhes fazer ver a competitividade como uma forma saudável de progressão e de fazê-las perceber a importância da entreajuda e do trabalho de grupo. Esta missão extremamente importante de educar cabe, não só aos pais, mas também aos educadores e a toda a comunidade educativa.
Sublinha-se a necessidade de abrir a escola ao mundo, tornando-a num lugar de acolhimento a todos, proporcionando uma educação e formação mais flexível e versátil, desenvolvendo todo o potencial do ser humano.