Uma boa educação abre caminhos para uma vida melhor. E as nossas escolas estão a dar uma boa educação? O que é uma boa educação? Do meu ponto de vista, NÃO!
Educar pressupõe relação, envolvimento, descoberta, e atualmente não há espaço para tal, estamos a transformar os alunos em unidades produtivas. As crianças não têm espaço para serem únicas e individuais, com necessidades e interesses, são tratadas todas de igual forma, porque o que importa são os resultados. Os professores, falam mais sobre programas, exames e metas do que sobre os problemas dos seus alunos de carne e osso.
Devido às exigências do Ministério da Educação, atualmente, as escolas implementam um ensino “bancário” – os adultos vão “depositando” saberes na cabeça das crianças da mesma forma como depositamos dinheiro num banco. E isto tem repercussões assustadoras.
Cada vez há mais crianças a sofrerem de ansiedade, stress, depressão, distúrbios de comportamento, défice de atenção, etc. Isto deve-se às imposições escolares, com programas curriculares muito extensos, em que a matéria é dada velozmente e os seus conteúdos não são aprendidos e muito menos consolidados.
A escola deveria desenvolver nas crianças o prazer pelo conhecimento, dando-lhes as ferramentas necessárias para resolver os problemas do dia a dia. Formar cidadãos críticos, competentes e criativos deveria ser prioridade.
As crianças estão desmotivadas e frustradas com a escola. Mas, o sistema acredita que educar com qualidade é ter alunos a aprender depressa e bem os conteúdos dos programas oficiais, atingindo metas específicas. E para testar esta qualidade, criam mecanismos de avaliação: exames, provas, rankings, que sufocam professores, alunos e pais, que se veem com uma quantidade astronómica de horas de estudo.
Estamos a roubar a infância às nossas crianças, que não têm tempo para brincar, para atividades desportivas, para estar em família. Em pleno seculo XXI, temos crianças a trabalhar mais horas do que os próprios pais, que vão aos sábados de manhã para a escola estudar para os exames, que têm explicações desde o 3ºano de escolaridade, que dizem não posso brincar porque tenho de estudar. Crianças que acreditam, à luz do que a escola estima, que somos melhores pessoas quanto mais altas forem as nossas notas. E desengane-se quem acha que estamos a prepará-las para o futuro, estamos é a hipotecá-lo.