28 de Outubro de 2023



Mukishoes - A arte do Calçado Descalço



Descalço não apenas na areia - sempre que puder - para uma estrutura corporal saudável!




M arta Dias e Madlen Pinto fundaram a Mukishoes em 2018. A Madlen sempre foi entusiasta de andar descalça e a Marta na altura trabalhava como designer têxtil numa fábrica. As duas, mães recentes, já eram amigas com experiências na arte, desporto, moda e com vontade de criar um produto que não conseguiam encontrar no mercado - Um sapato que dá a sensação e benefícios de andar descalço, e que elimina o contacto com toxinas e plásticos desnecessários. Com atenção à regeneração de materiais e de produção local.


Start & Go - Como surgiu a ideia de criar a Mukishoes?

Marta e Madlen -A ideia surgiu num almoço entre amigos. 







Histórias partilhadas de experiências negativas numa área polémica como a indústria têxtil. Entre começar a contactar fábricas e fornecedores passou ainda um ano.


S&G - Qual o conceito da vossa marca? O que é uma marca minimalista?

M & M -  Isso nao se pode colocar só em uma ou duas palavras. Em primeiro lugar fazemos calçado descalço também conhecido por calçado "barefoot" ou "respeitador", isso significa um calçado minimal que respeita a forma natural do pé, é muito flexível, leve e dá a sensação de andar descalço. Protege do perigo de objetos que podiam magoar o pé ou de agressões do ambiente (chuva, frio, etc.) e ao mesmo tempo fortalece os músculos dos pés, evitando lesões ou posturas incorretas que danificam a saúde do nosso corpo. 

 Esse conceito minimalista do nosso produto espelha-se na forma de gerir o nosso negócio. Com consciência. Apoiamos um crescimento orgânico para sermos capazes de acompanhar a produção em Portugal, a escolha de materiais, práticas de salários justos, partilha de lucros e respeito para a equipa toda. Para isso obviamente temos que gerir uma margem para investir em futuros projectos e na  melhoria do nosso produto. 

Como marca temos a responsabilidade de apoiar projectos que vão partilhar valor com todos os envolvidos. Para isso precisamos de transparência na cadeia inteira de produção. Com parceiros e colaboradores locais mas também  além fronterias, como no caso do algodão orgânico do Brasil que cresce em agriculturas regenerativas ou o cânhamo tem origem na Roménia, de um antigo negócio familiar.







S&G - Quais os atributos de valor dos vossos produtos?

M & M - Com calçado minimalista podemos melhorar e recuperar as funções do nosso corpo. Um calçado que não dá espaço aos nossos pés e com tacão elevado pode prejudicar a nossa postura e o equilíbrio do nosso corpo. Pode causar dores e deformações. Os nossos sapatos permitem que as crianças se desenvolvam de uma forma natural e forte. Além disso, trabalhamos com materiais nao tóxicos, biodegradáveis e naturais. Tentamos comprar os tecidos em cru para podermos acompanhar o processo de tingimento natural, de preferência com plantas ou desperdício alimentar.






 Produtos disponiveis em www.mukishoes.com e em breve no Porto, Lisboa, Setúbal e Guimarães.


S&G - Podemos dizer que os vossos produtos são circulares?

M & M - Estaríamos a mentir se disséssemos que são 100% circulares. Na escolha dos materiais usados nos sapatos pensamos de onde vêm e  quais os recursos usados, mas também para onde podem ir depois. Os materiais em si, sim, são biodegradáveis, mas ainda não há estrutura para separar e recolher sapatos. Há dois anos começamos um programa de troca de solas para clientes da Europa e para o futuro queremos trabalhar num programa de arranjos e segunda vida para os sapatos. Mas esses programas são um desafio grande 




para equipas e empresas pequenas. Necessitam de longas fases de teste.


S&G - Qual tem sido a aceitação do mercado ao conceito “pé descalço”? a nível nacional? e internacional?

M & M - Os nossos mercados iniciais eram unicamente internacionais. Vendemos para países nórdicos e Estados Unidos. Nos últimos dois anos trabalhamos e investimos muito no mercado nacional e espanhol. Um desejo que tivemos desde início, mas 





como o conceito "pé descalço" já era conhecido fora de Portugal, foi muito mais fácil para nós. Aqui tivemos que fazer ainda um trabalho educativo. Um trabalho que nos dá prazer e nos deixa muito satisfeitas, porque vemos que há um aumento na consciência para o uso de produtos mais saudáveis e nacionais.


S&G - Que projetos para o futuro?

M & M - Muitos. Estamos a trabalhar numa nova sola com materiais


mais locais. Estamos a experimentar novos materiais biodegradáveis. Como já falado , queremos trabalhar em aumentar o ciclo de vida do sapato através de reparações e aproximar­mo-nos cada vez mais a um produto 100% circular. Acreditamos que uma revolução nao se faz sozinha, tambem queremos investir mais em colaborações com outras marcas, produtores, artesãos e criativos, pessoas que querem fazer parte da mudança!





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