Podemos mesmo afirmar, no limite, que as empresas não necessitam de definir estratégias de internacionalização, precisam, apenas, de definir estratégias, pois a internacionalização passou a necessidade para além de oportunidade. Contudo, acto fundador ou consequência, a internacionalização de uma organização, nunca poderá deixar de ser pensada, concebida e operacionalizada.
Portugal, integrado na maior comunidade económica do mundo (EU) e com ligação afectiva e cultural ao mundo lusófono (PALOP), privilegiado em termos geoestratégicos, é hoje um país mais exportador - 2015 foi o sexto ano consecutivo de aumento das exportações; em termos de saldo global, a balança comercial, o que não acontecia há décadas, teve um saldo positivo de +3.000 milhões euros. O peso das exportações portuguesas de bens e serviços no Produto Interno Bruto (PIB), entre 2010 e 2015, passou de 29,9% para 44,4%, sendo de longe a mais importante de todas as transformações na economia portuguesa durante o período de ajustamento.
Esta performance da economia portuguesa deve-se sobretudo à capacidade de inovação das empresas, à descoberta de novos mercados, à resiliência e à força de vontade dos empresários e empresas nacionais.
Antes de se internacionalizar são normalmente questionadas 3 decisões críticas - O quê? Para onde? E como? Enumerando: as potenciais vantagens; a capacidade de gestão; o conhecimento de potenciais parceiros; se os benefícios ultrapassam os investimentos/custos. E algumas respostas podem ser dadas com uma análise sistematizada.
Os 3 factores-chave para um processo de internacionalização com maior garantia de sucesso são:
- Uma posição sólida no país de origem com: uma operação auto-suficiente (a internacionalização obriga a investimentos numa primeira fase); um negócio doméstico capaz de libertar meios e optimizado em termos de activos; uma avaliação rigorosa das vantagens competitivas transferíveis;
- Uma estratégia de entrada adequada e pensada com: recolha profissional de informação estratégica sobre o(s) mercado(s) destino; uma selecção de mercados baseada na posição competitiva; clareza na prioridade das acções mercado / clientes/ produtos; minimização/diversificação dos riscos; parcerias e/ou aquisições baseadas em sinergias claras;
- Capacidade de execução com: uma fórmula replicável e com capacidade para adaptação a especificidades locais; capacidade de integração de empresas parceiras do mercado doméstico; uma estrutura organizacional simples que facilite a tomada de decisão; um bom relacionamento com organizações locais.
O segredo em quase todos os mercados está claramente na relação – esta tem de vir sempre antes da transacção e não o inverso (com o lema “quem não aparece esquece” sempre presente), assente na priorização de uma estratégia de entrada focada na diferenciação pela inovação/qualidade uma vez que a estratégia preço é quase sempre arriscada e replicável, quando não ultrapassável a curto prazo, pela concorrência.
A realidade é que não existe uma solução única que seja aplicável a qualquer empresa e a qualquer mercado para que a sua estratégia de internacionalização funcione. Cada caso é um caso devendo ser pensado, cada binómio empresa/mercado tem os seus desafios e riscos próprios, os seus constrangimentos/contextos particulares e a sua estratégia específica.
Não é possível então eliminar todos os riscos associados à internacionalização nem medir todos os custos de contexto. Porém, a partilha de experiências, o associativismo e o benchmarking de estratégias vencedoras podem maximizar o binómio risco/rentabilidade, diminuindo custos e riscos, para além de permitir um processo progressivo de aprendizagem sobre os mercados destino e desejado aumento da rentabilidade.
O MAIOR SEGREDO E VALOR ESTÁ NO FACTOR DA CAPACIDADE DE EXECUÇÃO!