De uma forma cada vez mais recorrente, este é um dos tópicos que disperta maior preocupação por parte de organizações com uma elevada intensidade de práticas inovadoras. Apesar de não se tratar de uma preocupação recente, é cada vez mais vez mais importante dado que no actual contexto todos os investimentos são sujeitos a um maior escrutínio.
Para além do que é referido em alguns estudos internacionais, há também em Portugal um número cada vez mais elevado de organizações que manifestam a sua frustração com os resultados obtidos pelas seus investimentos em inovação. Esta insatisfação é justificada não só pela óbvia dificuldade de implementar este tipo de processo como também pelo facto de poucas organizações dedicarem os recursos e o tempo necessário para uma correcta gestão e avaliação das suas práticas de inovação.
Avaliar é normalmente um exercício que exige muita disciplina e trabalho. Tendo em conta que na Inovação a componente dos intangíveis é determinante para a sua execução, já será perceptível o esforço adicional que se exige a quem pretenda avaliar honestamente o valor gerado pela inovação.
O Retorno do Investimento em Inovação é o indicador mais utilizado para avaliar a eficácia do investimento realizado por uma organização na criação de novos produtos e serviços. De acordo com a Investopedia, é calculado pela comparação dos lucros gerados pelas vendas de novos produtos e serviços, patentes/licenciamentos com as despesas directas em investigação e desenvolvimento resultantes do processo de criação desses produtos e serviços. Mas será que o ROI também nos permite avaliar a criatividade e as ideias emergentes, caracterizadas pela elevada incerteza, risco e ambiguidade?
Para além do retorno financeiro, que é bem avaliado pelo ROI, a inovação gera normalmente outro tipo de retornos intangíveis. Não se deverão por isso utilizar metodologias de avaliação, puramente financeiras, que sejam redutoras do valor global gerado pela inovação. Tushmam, Smith e Binns referem, no artigo Embracing Paradox, que não faz sentido avaliar os projectos de inovação pelos mesmos critérios e indicadores dos negócios existentes. As organizações devem utilizar diferentes critérios para gerir os negócios core e a inovação, exigindo resultados e disciplina aos negócios mais consolidados e experimentação às novas ideias.
A metodologia de avaliação a adoptar deverá ter em consideração a estratégia de inovação (traduzida num conjunto de objectivos, indicadores e metas, enquadrados em diferentes perspectivas), assim como as respostas às seguintes questões: para quem é que estamos a avaliar, porque é que estamos a avaliar, o que é que se pretende avaliar, em que fase se pretende avaliar e quando é que se avalia. Este tipo de abordagem, permitirá desenvolver modelos de avaliação mais em linha com a realidade e com os desafios das organizações, bem como mitigar alguns dos riscos já identificados.
Rui Patrício| rui.patricio@digitalflow.pt | Managing Director da Digitalflow