Em vésperas do lançamento de novos programas de apoio de 2014-2020 que suportarão a chamada Horizonte 2020, que estarão previsivelmente disponíveis em meados de 2014, existe um ambiente de expectativa e esperança a volta dos mesmos, pairando a ideia de que “agora é que vai ser”.
Mas essa expectativa tem sido precisamente um dos problemas que genericamente envolveu os anteriores quadros comunitários, pelas seguintes razões: por um lado “despejar” dinheiro sobre a economia não traz crescimento sustentável, pode ajudar pontualmente com alguns fogachos de sucesso, mas não resolve o problema. Por outro lado, o montante de apoio diluído pelo período de vigência do programa comunitário não representa mais do que 3% a 4% do PIB nacional. O dinheiro pode fazer parte da solução mas não resolve o problema.
Então de que forma deveremos olhar para o próximo quadro de apoio? A minha primeira resposta é que devemos atuar como se ele não existisse, ou seja, o mais importante é definir estratégias, e ter uma visão global, olhando para as vantagens competitivas de cada região e desenvolver o país de forma coesa e harmoniosa, respeitando as características endógenas de cada região, e não apenas tentar reproduzir mimicamente as obras/realizações de uma região referência, que por norma são os centros urbanos, porque essa atuação conduz a estratégias desadequadas.
Tal como acontece em projetos empresariais, por norma o financiamento não é o principal problema, mas sim ter a estratégia adequada e planos de negócio que tragam diferenciação e vantagens competitivas que conduzam à sustentabilidade dos negócios. Se existir viabilidade económica dos negócios o financiamento aparece.
Assim, arriscaria a dizer que o melhor caminho para ter projetos de sucesso enquadrados no novo quadro comunitário de apoio, é agir como se ele não existisse. Definindo estratégias que conduzam à sustentabilidade, com planos que as concretizem viabilizando os projetos. Para o efeito é necessário combinar polos de conhecimento (I&D) existentes, explorar as vantagens competitivas das regiões e capacidade empresarial e só depois enquadrar a melhor forma de os financiar.
Não devemos começar pelo fim olhando para as verbas disponíveis e depois elaborar os projetos. Se a perspetiva for essa, posso afirmar que ainda não vai ser desta.