Medo por definição é um “Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários; Ausência de coragem; Preocupação com determinado facto ou com determinada possibilidade”. Assim, podemos resumir medo como receio face ao desconhecido.
Do ponto de vista patológico, o medo torna-se em fobia quando existe em excesso relativamente a um objeto, situação ou circunstância específica. De todas estas, a que mais inibe o ato de empreender é a chamada Fobia Social ou Transtorno de Ansiedade Social, que se caracteriza pelo medo de uma ou mais situações sociais em que a pessoa fica exposta à avaliação pelos outros.
Numa sociedade em que estamos permanentemente a ser avaliados, o receio de falhar e ficarmos expostos perante os outros, é um dos fatores inibidores para o avanço de novos projetos. Por outro lado, sabe-se que a taxa de sobrevivência após cinco anos das empresas criadas é inferior a 50% mas os empreendedores e a sociedade não estão formatados nem formados para lidar com este insucesso.
No entanto existem circunstâncias em que o medo é o fator que estimula o empreendedorismo, nomeadamente em situações de desemprego, em que a equação é alterada, e o medo de ficar sem nada é muito maior do que o eventual receio de insucesso. Esta é uma razão que justifica que o crescente volume empreendedor surja maioritariamente em situações de crise por necessidade resultante do desemprego.
Após esta avaliação psicológica e social, pode a ciência económica contribuir para reduzir os impactos do fator medo da decisão de empreender? A resposta é sim. Em grande medida utilizando a racionalidade para ultrapassar a irracional incerteza do amanhã.
De que forma? Com planos de negócios detalhados; efetuando estudos de mercado pormenorizados; fazendo testes de aceitação dos produtos; fazendo análises de sensibilidade com diferentes cenários; elaborando análises de risco e de viabilidade do negócio.
Olhar realisticamente para estas análises permite avançar com mais confiança para o negócio, tendo a perceção dos perigos/ameaças e as formas de as ultrapassar, existindo à partida planos de contingência para situações de crise reduzindo ou eliminando o efeito surpresa.
Nada melhor do que citar Francis Bacon considerado como o pai do empirismo moderno por ter formulado os fundamentos dos métodos de análise e pesquisa da ciência moderna. Para quem a verdadeira ciência é a ciência das causas.
«Não existe comparação entre aquilo que é perdido por não se obter êxito e aquilo que é perdido por não se tentar» Francis Bacon
Paulo Ferreira