Para se perceber melhor esta perspetiva é importante a
compreensão destes três elementos. Existe uma relação entre dados, informação e
conhecimento. O conhecimento deriva da informação e a informação deriva dos
dados. A organização precisa de ter a sabedoria de como passar de um para o
outro, saber qual deles é necessário, com qual se deve contar e o que fazer com
cada um deles.
No contexto organizacional, os dados são registos
organizados de transações, têm que ter relevância e propósito para poderem ser
transformados em informação.
Os dados por si só não representam informação. São
avaliados em termos qualitativos pela forma de acesso aos mesmos, pela
relevância e extração de conhecimento. Só assim podem ser considerados a
matéria-prima que vai permitir criar informação.
Dar forma e relevância aos dados é transformá-los em informação,
normalmente expressa numa mensagem dotada de significado. Tem um emissor e um
recetor e foi organizada com uma finalidade, mudar o modo como o destinatário
vê algo.
Para divulgação da informação, tem que existir um canal ou
meio. A tecnologia tem um papel muito importante, é um meio que viabiliza a
comunicação da informação, necessitando de mediação humana.
Depois de comunicada, a informação transforma-se em
conhecimento.
O trabalho de transformação da informação em conhecimento é
realizado por pessoas. Em todo o processo de transformação, de dados em
informação e informação em conhecimento, está sempre presente o mesmo elemento
– as pessoas.
Por fim, o conhecimento fica armazenado na mente humana, à
espera de ser utilizado para os diversos fins a que se destina.
O conhecimento é um recurso ilimitado da organização, tem
origem e é aplicado na mente humana, sendo um ativo que aumenta através do uso
contínuo.
O campo teórico da gestão do conhecimento tipifica o
conhecimento em dois, o conhecimento explícito e o conhecimento tácito.
O conhecimento explícito é produzido a partir de dados que
são transformados e armazenados em informação. É aquele que pode ser facilmente
identificado, partilhado e aplicado. Normalmente, está escrito.
O conhecimento tácito é aquele que reside na mente humana.
Ao contrário do explícito é difícil de formalizar, comunicar e partilhar. Está
enraizado nas suas experiências, ideias, valores e emoções e engloba duas
dimensões, uma ao nível de know-how e
a outra ao nível cognitivo.
Numa organização, o conhecimento existe em documentos,
publicações, manuais e procedimentos (explícito) mas deverá ser complementado
com o conhecimento que existe na mente das pessoas (tácito).
Para que o conhecimento tácito se torne efetivo numa
organização, tem que haver uma transferência para o contexto organizacional,
que se vai refletir nos processos, métodos e pessoas.
Por um lado, existe o desafio para criar condições que
permitam transferir o conhecimento tácito em explícito, e por outro o desafio
da partilha das aprendizagens individuais e grupais.
Só com a junção dos dois tipos de conhecimentos se pode
resolver problemas dentro de uma organização e, quando partilhado, o
conhecimento aumenta exponencialmente.
Logo, é importante identificar uma estratégia para promover
a partilha das aprendizagens individuais e grupais.
A capacidade de uma organização em melhorar as aptidões
existentes e de aprender novas aptidões, depende da forma como são geridos
estes dois tipos de conhecimento. Esta é a melhor estratégia de
competitividade.
De que forma pode uma organização aprender?
O processo de aprendizagem é psicológico, ocorre somente
nas pessoas e não nas organizações, mas as organizações são compostas por
pessoas e são estas que permitem à organização aprender.
É possível gerir e transformar o conhecimento que resulta
da aprendizagem e, por conseguinte, transformá-lo em novos conhecimentos e
inovação.
Através da aprendizagem, dão-se respostas adaptadas às
solicitações e desafios múltiplos do quotidiano, promovem-se mudanças pessoais
e adaptação às condições do ambiente.
Uma forma de aprendizagem é através da formação. É na
formação que se adquirem novos conhecimentos, conceitos, atitudes, regras ou
habilidades que vão melhorar o desempenho no trabalho.
A implementação de um sistema de gestão da qualidade é
outra forma de aprendizagem. O sistema de gestão de qualidade é construído com
conhecimento explícito, através de manuais, procedimentos, instruções e
registos. Tem implícito o ciclo PDCA (planear, executar, verificar e atuar) ou
melhoria contínua, conferindo carater dinâmico aos processos e capacidade de
aprendizagem.
Estas duas formas
permitem à organização aprender, mas a aprendizagem decorrente destas, per se, pode não ser efetiva.
A consolidação da aprendizagem está no perfil dos recursos
humanos, orientada para o conhecimento, implicando o conceito de trabalhador do
conhecimento.
O trabalhador do conhecimento tem talento e inteligência,
faz uso intensivo da informação, analisa dados e comunica com o seu grupo,
possui conhecimentos multidisciplinares e de especialidade na sua área de
atuação, conduzindo esta sua especialidade ao encontro dos objetivos da
organização.
O perfil do trabalhador do conhecimento deve ser
transversal a todos os colaboradores.
É importante salientar o papel das novas tecnologias da
informação, que fornecem ferramentas para trabalho em grupo e diversos meios de
comunicação, sendo excelentes meios que permitem armazenar e trabalhar dados,
bem como veículos de difusão de informação.
Para uma gestão efetiva do conhecimento é importante:
•
Criar um banco de dados em suporte digital que
reúna informações importantes e de fácil acesso.
•
Selecionar e gerir informação com vista ao aperfeiçoamento
de competências
•
Realizar ações e criar um ambiente de forma
intencional, que favoreçam a transferência de conhecimento tácito em
explícito.
•
Identificar e gerir conhecimento de forma
explícita
•
Organizar o conhecimento e transmiti-lo aos
elementos da organização
•
Criar uma cultura que recompense a partilha de
conhecimento
•
Desenvolver mecanismos de motivação que permitam
adquirir competências Orientar o perfil dos recursos
humanos para o conhecimento.
Gerir o conhecimento implica modificar comportamentos,
abrir as portas a novas ideias, novos conhecimentos e abraçar a mudança na
forma como o trabalho é realizado.
Implica ainda, abrir caminho para a comunicação, de forma a
facilitar o processo de interação e colaboração, partilha de ideias e
construção de competências, onde os relacionamentos são valorizados.
“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da
ignorância que podemos solucioná-los”.