13 de Abril de 2021











EDUARDO SANTOS

Professor e Consultor  


Novos desafios da gestão de projetos para surfar a onda de transformação digital


A pandemia da COVID-19 gerou uma forte contração na economia portuguesa em 2020 de acordo com as projeções do Banco de Portugal, com quebras de 8,1% no PIB e 2,3% na formação bruta de capital fixo, indicador que mede o nível de investimento público e privado.



A

União Europeia do­tou-se de um pacote de orça­men­to e recu­pe­­ração de 1,8 biliões de euros para ajudar a Europa a recuperar dos efeitos económi­cos adversos causados pela atual pandemia e lançar as bases para uma Europa moderna e mais sustentável: “Next Generation EU”.

Portugal partindo da “Visão Estraté­gica para o Plano de Recuperação Econó­mica 2020-2030”, documento elaborado pelo Prof. António Costa Silva, apre­sentou um plano à Comissão Europeia com vista à utilização dos fundos do Plano de Recuperação Europeu, defi­nindo prioridades de investimento do país para a retoma da economia, estru­turadas em três dimen­sões – Resiliência, Transição Climática e Transição Digital.

A breve prazo irá ser aprovada a primeira tranche do pacote de orçamento e recuperação para Portugal, que visa reduzir as vulnerabilidades sociais, ala­van­car o potencial produtivo, a competi­tividade e coesão territorial, a mobilidade sustentável, a descarboni­zação e econo­mia circular, a eficiência energética e renováveis, a escola digital, as em­presas 4.0 e a transição digital na administração pública. Entre este conjunto de prioridades, os organismos do Estado e as empresas terão recursos financeiros adicionais para acelerar a transformação digital rumo a organiza­ções mais competitivas, eficientes e focadas na                     

experiência do cliente.

Nesta vertente será essencial, garan­tir que qualificamos os inves­ti­mentos e gerimos o portefólio estraté­gico de projetos transformadores com foco na entrega de valor, um mix entre projetos de execução e retorno rápido (até 3 meses) e projetos estruturais, com execução e entrega incremental de valor (até 1 ano).

Os profissionais de gestão de projetos precisam de abraçar novas ideias e reinventar as próprias opções organiza­cionais, práticas e instrumentos de suporte à decisão para endereçar modelos mais dinâmicos de gestão de projetos, e capitalizar a evolução das tecnologias, sistemas de informação e a nova economia de dados, como facilita­dores de maior transparência e compre­ensão na gestão do ciclo de projeto.

De acordo com a Gartner, 80% das tarefas de gestão de projetos serão elimi­nadas até 2030 à medida que cresce a adoção de soluções de inteligência artifi­cial, realidade virtual, aprendizagem máqui­­na, ferramentas de inteligência analítica e a respetiva integração com plataformas digitais de comunicação (ex. Teams, Slack) e ferramentas ágeis e amigá­veis de gestão de projetos (ex. Jira, Trello).

Tarefas tradicionais de gestão de projeto, como a compilação de dados (ex. registo do tempo afeto a projeto), produ­ção de relatórios de progresso e rastrea­bi­lidade, podem ser mais automa­ti­zadas, reduzindo erros e melhorando a                     

qualidade das decisões, e o próprio desenvolvimento de assis­tentes virtuais aplicados à gestão de projetos contri­bu­írem para melhorar a experiência ao cliente.

A gestão de topo e líderes de oficinas de gestão de projetos corporativas (EPMO) ou de execução estratégica (SRO), num ecossistema de projeto cada vez mais distribuído com teletrabalho das equipas e desmaterialização dos pro­cessos de negócio, e mais colaborativo com entrega contínua aplicando MVPs (Mínimo Produto Viável, antes de escalar a entrega da solução), vão ter que ace­le­rar a adoção de tecnologias que garantam robustez na transição para práticas de projeto mais adaptáveis e dinâmicas.

Tal como em outras comunidades, também é essencial estimular a reciclagem e gestão de talento, com recrutamento de cientistas e engenheiros de dados, matemáticos, estatísticos e engenheiros de software, cada vez mais imprescindíveis para reinventar e construir a oficina de gestão de projetos de geração digital.

Acresce uma estratégia de gestão da mudança assertiva, que estimule atores chave (ex. líderes de negócio, compras, IT) a catalisar o conceito de serviço de gestão de projetos (Project Management as a Service) como acelerador das iniciativas de modernização da administração pública e de aumento da competitividade no mercado europeu das empresas portuguesas a curto e médio prazo.




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