ANA ISABEL LUCAS
Formadora e Consultora
Comunicação Interna – Quando a prática reforça a teoria
Quantas vezes já ouviu que a prática não tem nada a ver com a teoria? Quantas vezes num ato de ira ouviu “para que estudamos tanto se a prática não tem nada ver com isto?”
estas perguntas, eu respondo com um clássico “não há nada mais prático do que uma boa teoria.”
Na sequência de um diagnóstico organizacional, foi-me lançado o desafio para operacionalizar três medidas de um plano de ação numa pequena empresa.
Na sua generalidade, consistiam na otimização de processos – de negócio e RH. Uma última medida era efetuar um plano de mudança.
Por questões estratégicas, comecei nos RH e segui para o plano de mudança e só por fim a otimização dos processos de negócio.
As lacunas eram inequívocas – as poucas competências em liderança e a motivação de equipas saltavam à vista “desarmada”, mas só dei conta do verdadeiro problema depois de duas voltas em torno do mesmo.
Os processos continham o essencial – entradas e saídas, recursos, indicadores e tudo o resto. Porém, outras questões se elevaram. E as atividades? Quem as faz? Como são feitas?
O confronto com estas questões direcionou-me para a causa-efeito.
Quando se organizam os processos, existe uma preocupação em identificar todas as atividades, as entradas e as saídas, bem como as formas de medida, mas nem sempre o controlo é efetivo, dada a natureza de algumas atividades muito específicas.
As perguntas e as respostas e a observação no terreno, apontavam para o papel do colaborador – o que faz, como faz e como deve ser feito.
Entre o que faz e o que deveria fazer havia um desfasamento. O como faz – “sempre fez assim!”. O como deveria ser feito – ainda não é a altura propícia para lá chegarmos, o terreno parece estar em cima de areias movediças!
A esta realidade, adicionamos as características pessoais do próprio colaborador – sempre que as atividades não são motivantes, sobrecarrega-se com outras atividades que não aportam valor.
A esta altura é pertinente a questão: então, qual é a causa? Muito simples! A não existência de uma estratégia de comunicação.
A minha visão salta para o campo teórico - o composto de comunicação organizacional - e a Drª Margarida Krohling Kunsch esboça um sorriso. Sim! Para mim não existe melhor mapa!
Na sua essência, este mapa desdobra-se em três tipos de comunicação: a comunicação interna e administrativa, a comunicação institucional e a comunicação mercadológica, sendo obvio que deverão ser vistas como processo – a coordenação e gestão das várias atividades ajudam na consecução dos objetivos organizacionais.
Destaco aqui o papel da comunicação interna – para muitos refere-se ao envio de circulares e trabalho administrativo dentro de uma empresa, ou então, numa visão mais redutora, refere-se ao conjunto dos meios de comunicação usados pela empresa para comunicar com os públicos internos. Com cinco verbos singelos consegue-se descrever a comunicação interna: ouvir, informar, mobilizar, educar e manter a coesão interna.
São as ações potenciadas pela dinâmica destes verbos que dão voz à empresa.