Muitas vezes associado a desenvolvimento de software, o Agile é um conjunto de valores e princípios, uma forma de estar e de pensar, aplicável a qualquer empresa ou pessoa em qualquer setor de atividade.
No entanto, muitas empresas e pessoas falham na sua implementação. Agile é de fato muito simples de compreender, são somente 4 valores e 12 princípios, mas alguns desses princípios são um choque para o “status quo” instalado na gestão de empresas de pequena e média dimensão. De entre os constrangimentos temos os seguintes princípios:
- “As melhores arquiteturas, requisitos e desenhos surgem de equipas auto-organizadas”. Leia-se por auto-organização as equipas serem capazes de produzirem um produto, serviço ou resultado sem ter ninguém a dizer-lhes o que fazer (tarefas) para atingir os objetivos. Então sendo as equipas auto-organizadas o que fazemos nós à gestão hierarquizada (chefias)?
- “Desenvolver projetos com base em indivíduos motivados, dando-lhes o ambiente e o apoio de que necessitam, confiando que irão cumprir os objetivos”. Cada vez existem mais empresas preocupadas com o ambiente empresarial, nomeadamente instalações físicas e equipamentos. Ter um bom portátil, telemóvel, mochila, power bank, salas de reuniões com sofás, puffs e playstation já é um lugar comum em muitas empresas, no entanto, quantas delas se interessam em cuidar das motivações extrínsecas (remuneração e incentivos), intrínsecas (formação, progressão nas carreiras e desafios) e transcendentes (trabalho em equipa, liderança)? Poucas, muito poucas a nível mundial! A moda é atrair colaboradores baseado em regalias de curto prazo.
- “Os processos ágeis promovem o desenvolvimento sustentável. Os promotores, a equipa e os utilizadores deverão ser capazes de manter, indefinidamente, um ritmo constante”. Sem dúvida um dos pontos mais polémicos do Agile Manifesto. Trabalhar 35 ou 40h por semana e nem mais um minuto? Não pressionar as pessoas de modo a não as levar a “burnout”? Sim, em Agile as equipas comprometem-se somente com trabalho que sabem vão conseguir realizar sem entrarem em “stress”, e fazem isto durante um período infinito de tempo.
Claro que “per si” uma empresa poderá ser ágil e ter sucesso (€€€) sem cumprir com estes três principios, mas será sempre um resultado de curto-prazo, pois as empresas são feitas de seres humanos, e os seres humanos tem diferentes motivações, mas uma coisa é certa, ninguém destrói aquilo que intimamente e com paixão ajudou a construir.