RUI GUEDES
Diretor de Vendas das Páginas Amarelas
Fotografias D.R.
Exijo manter o meu gabinete!
Apesar de me ter mantido sempre no ativo nestes tempos de pandemia, reconheço que tenho vindo a fazer alguns ajustes. Comecei por trabalhar numa mesa redonda sentado numa cadeira que por aqui estava, mas a realidade foi-me mostrando porque é que as secretárias dos escritórios eram retangulares e as cadeiras tinham aquele formato.
A ergonomia é algo de que não se fala, porque é vista como um dado adquirido, mas quando começamos a trabalhar em casa durante um considerável período de tempo, percebemos que as interações que estabelecemos com tudo o que está à nossa volta, a começar desde logo pela iluminação, tem uma importância decisiva na nossa produtividade e bem-estar.
Diria que ao dia de hoje, a situação não estando perfeita, está a um nível que me deixa muito satisfeito, sabendo que envolveu algumas mudanças na gestão do espaço, algumas intervenções técnicas, bom senso e compreensão de todos na partilha do espaço familiar. Como já terei dito, continuo a levantar-me à mesma hora e a seguir um conjunto de rotinas que me ajudam muito a gerir a vida num espaço que é agora mais curto e que por vezes parece não nos deixar voar. O facto de, por exemplo, me vestir praticamente como se fosse para o escritório, ajuda-me a conseguir mudar completamente de ambiente quando ao fim da tarde visto uma Tshirt e uns calções e mudo fisicamente de lugar.
Na tentativa de disciplinar o tempo alocado ao trabalho que, neste regime facilmente se prolonga até ao jantar que já de si é tardio, tenho tentado também impor-me alguns horários para poder desligar ao fim da tarde, praticando outras atividades, como música, desporto, leitura, escrita, formação, estar com a família, etc.
Num destes dias estava a rever umas fotografias de uma viagem à China e acabei por me fixar apenas numa que tirei e que mostra a imponência da Praça ____
Tian'anmen (a maior do mundo) com a entrada da Cidade Proibida lá ao fundo, na qual é possível ver o gigantesco retrato de Mao Tsé-Tung. O curioso disto é que o nosso pensamento se encarrega de encadear conexões e num segundo estava a recordar a magnífica obra de Bernardo Bertolucci que nesse ano ganhou tudo o que havia para ganhar, incluindo Oscar para melhor filme, para melhor realizador, melhor fotografia, banda sonora (Ryuichi Sakamoto e David Byrne) entre muitos outros prémios. “O Último Imperador”, o filme que aqui menciono e que muitos terão já visto, conta a história de Pu Yi, que foi de facto o último Imperador da China e chegou ao trono ainda antes dos três anos de idade.
Foi educado dentro da majestosa Cidade Proibida sem qualquer contacto com o mundo exterior, acompanhado por centenas de fieis servidores, acabando ______