7 de Novembro de 2021





RUI CARVALHO

Consultor na WebAppsGlobal







SaaS – Software as a Service



Cada vez mais, as ferramentas de negócios nas empresas de hoje, são constituídos por um conjunto de sistemas e aplicações desenvolvidos em tecnologias Web e baseadas em Cloud. As aquisições de hardware e software para implementação interna estão a dar lugar a serviços de utilização online, que podem ser acedidos de qualquer lugar e a qualquer hora, apenas com uma ligação à Internet.




E

mbora muitos dos serviços na Cloud disponíveis substituam a necessidade de adqui­rir hardware dis­pen­dio­so, o Software como um Serviço (SaaS), supera a necessidade de comprar, ins­talar e implementar fisicamente as apli­cações em toda a organização. O SaaS transfere os custos associados à compra inicial, manutenção regular, de segu­rança e de recursos técnicos, para um fornecedor externo, permitindo às em­presas libertar os orçamentos para outros investimentos estratégicos do negócio, que tragam mais valor à organização.


O que significa SaaS?

O SaaS é um modelo de distribuição e comercialização de soluções de software. Utiliza o método de pagamento por utilização, onde o acesso às soluções é facultado aos utilizadores por meio de assinaturas em períodos de tempo pré-contratados. Permite às organizações, pequenas, médias ou grandes, deixarem de efetuar avultados investimentos em infraestruturas, equipamentos, aplica­ções e recursos técnicos especializados a nível de sistemas e tecnologias de informação, para a implementação e manutenção dos sistemas necessários ao seu funcionamento.

Toda a infraestrutura está a cargo de fornecedores externos, que analisam, implementam, gerem e mantêm as atualizações de recursos e sistemas necessários ao bom funcionamento das soluções. As aplicações são baseadas em tecnologias Web, estão alojadas na Cloud, em servidores externos geogra­ficamente dispersos, normalmente acedi­dos pela Internet através de navegadores Web.


"As organizações pagam apenas pelo que utilizam..."


As aplicações e a sua base, código-fonte, são propriedade do fornecedor e são mantidos exclusivamente pelos mesmos. Os dados registados e gerados pelas aplicações, são da responsabilidade do cliente e podem estar armazenados numa Cloud Privada (própria organi­zação), na Cloud Pública (fornecedor externo) ou num modelo de Cloud Híbrida (combina ambos os modelos Público e Privado).

As aplicações SaaS enquadram-se normalmente em duas categorias: 

• Vertical: aplicações criadas para setores de atividade específicos (indús­tria, instituições financeiras, …); 

• Horizontal: aplicações criadas para 

áreas específicas (produtividade do escritório, gestão de relacionamento com clientes, …);


Utilidade do modelo SaaS

Existem inúmeras aplicações onde este modelo demonstra ter utilidade e se enquadra na perfeição, as que mais se destacam serão, por exemplo, aquelas onde a necessidade de utilização em diversas localizações geográficas e por diversos intervenientes é essencial, que no modelo tradicional, teriam custos muito elevados de instalação e manu­tenção, por terem de ser imple­mentadas fisicamente em cada um dos locais com todos os recursos necessários para o seu funcionamento, além dos custos de inte­gração entre os diversos locais para que a informação se mantivesse sincronizada e atualizada.

Outra, será a necessidade de existência de aplicações que permitam ser uma solução única, transversal a todas as áreas das organizações e seus parceiros de negócio, onde possam de forma colaborativa e integrada, comu­nicar entre todos em tempo real, em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo, fixo ou móvel, sem que exista a necessidade de qualquer alteração ou intervenção em cada um dos locais onde a organização está presente ou os seus parceiros de negócio.




Estas serão talvez as duas das utilidades mais expressivas no modelo SaaS. Onde a transferência para terceiros das aplicações e das suas infraestruturas de suporte, trazem uma grande mais valia, passando as organizações a preocupar-se apenas com a introdução e gestão dos dados, dirigindo a atenção para o “core” do seu negócio, mantendo igualmente disponíveis todas as funcionalidades de uma solução tradicional, adicionando a integração total, a utilização em tempo real, a mobilidade e a redução dos custos, entre outras.


Vantagens do modelo SaaS

A vantagem mais óbvia do modelo de distribuição SaaS é a redução drástica dos custos iniciais para o desenvol­vimento dos projetos, na aquisição de recursos das infraestruturas (hardware), na implementação e manutenção das soluções de software a utilizar. 

Assumindo o fornecedor a responsa­bili­dade por todos estes aspetos, a organi­zação apenas suportará os custos de customização das soluções (se forem necessárias alterações ou desenvol­vi­mentos específicos da solução base) e dos acessos dos utilizadores.

O modelo SaaS permite que as empresas adotem estratégias e políticas econômicas com vista ao crescimento dos negócios, através da utilização de novas tecnologias e da melhoria da eficiência da produção, sem grandes conhecimentos técnicos ou necessidade de os adquirir. Com esta estratégia, a inovação tecno­lógica é o mecanismo que estimula e impulsiona o crescimento do negócio, disponibilizando acesso a mais e melhores ferramentas, de forma simples rápida e com custos mais reduzidos.

Com o crescimento da utilização deste modelo e à medida que as inova­ções em “Big Data”, “IoT” e a Inteligência Artificial se forem tornando mais populares, os fornecedores de SaaS, irão conseguir implementar, mais e melhores atualizações de tecnologia nas soluções dos seus clientes, completamente inte­gradas nas soluções já utilizadas, permi­tindo tirar partido da inovação sem ser necessário procurar e criar novos projetos.

Ainda antes da pandemia aparecer globalmente (coronavírus), a mobilidade, os trabalhadores remotos e o teletrabalho eram tendências cada vez mais 


importantes para os negócios modernos, essa tendência aumentou exponen­cialmente e é agora o dia-a-dia das organizações. Podendo as soluções SaaS serem acedidas de qualquer lugar pela Internet de qualquer dispositivo, são ferramentas perfeitas para uma força de trabalho colaborativa, móvel e remota.

Na generalidade, todas as aplicações e plataformas criadas em modelo SaaS podem ser modificadas para permitir a integração total em todas as áreas de negócio e a todos os processos de trabalho existentes. Dependendo de cada solução, as opções de personalização podem permitir e incluir recursos como:

  • Interfaces adaptáveis a determinadas funções, processos de trabalho e dispositivos; 

  • Áreas especificas para equipas multidisciplinares para efetuarem trabalho colaborativos, com os seus próprios níveis de controlo e acessos; 

  • Painéis estatísticos e relatórios dinâmicos e personalizados com informações de todas as áreas de negócio, que irão permitir aos diversos intervenientes manterem-se atualizados em tempo real; 

  • As aplicações SaaS, podem ser integradas com qualquer hardware ou software, sejam internos ou externos, através da utilização de interfaces à medida (EDI, APIs);

Além da redução drásticas de custos inicialmente referida, e sendo o acesso ás aplicações efetuados por navegador Web e ligação à Internet, não existe a necessidade de instalar ou implementar software específicos em cada posto de trabalho, seja fixo ou móvel. Apesar de existirem requisitos de desempenho, a maior parte do trabalho pesado é realizada pelo hardware utilizado a infraestrutura da Cloud, suportado pelo fornecedor do serviço, logo, qualquer dispositivo existente atualmente deverá permitir facilmente a utilização das soluções.

A Cloud veio trazer outra das grandes vantagens às soluções SaaS, a escala­bilidade, que permite às organiza­ções em alturas de crescimento rápido ou em picos de atividade, adaptarem-se e acompanhar de forma fácil e rápida todos os processos necessários, com um simples pedido de aumento dos recursos alocados à solução.


 Mais importante ainda, será o facto de quando esses picos de atividade baixarem ou a organização tiver de efetuar cortes e reduções drásticas, também aqui as soluções SaaS, permitem faze-lo de forma rápida e sem custos adicionais, com a redução dos recursos e utilizadores contratados. Numa outra solução tradicional, o investimento estaria efetuado e não haveria rentabilização ou a possibilidade de devolução do mesmo. As organizações pagam apenas pelo que utilizam e não pela capacidade ociosa que possam via a usar no futuro, é um processo totalmente transparente e flexível.


Desvantagens do SaaS

Como em todos os sistemas, não existem apenas vantagens, a grande desvantagem será a dependência total de ligação aos sistemas por um acesso à Internet. Sem uma ligação estável à Internet, os sistemas SaaS não têm utilidade.

Também as organizações para apostar em soluções SaaS, devem ter em consideração a escolha de um bom fornecedor de acesso à Internet (ISP), que lhe garanta um acesso fiável, rápido e ininterrupto. Se o seu negócio necessita de resposta imediatas e em tempo real, apenas alguns minutos de perca de ligação pela falha técnica do seu fornecedor, pode ter custos muito altos. 

Além da fiabilidade, também é muito importante avaliar a capacidade do ISP escolhido na velocidade de acesso, dependendo do tipo de solução que utiliza, poderá ser um fator determinante, pois consultar bases de dados com grandes volumes de dados ou movimentar ficheiros multimédia grandes, exigirá mais largura de banda do que é habitual nas aplicações mais simples, como o email, no entanto, mesmo que a largura de banda seja enorme poderá não ser suficiente, se houver também problemas de latência.

A escolha do fornecedor de soluções SaaS deve ter em conta vários fatores como a confiabilidade, longevidade, compromisso, segurança, disponibilidade para customizar as soluções à medida da organização, atualização de recursos regularmente e os custos de implementação e utilização a médio e longo prazo.




Em todas as soluções SaaS, existe a renúncia ao controle da solução que deve ser bem avaliada pela organização que vai contratar os serviços, pois existem situações que devem ser aceites na ade­são aos serviços:

  • Sendo as soluções desenvolvidas e geridas exclusivamente pelo fornecedor e ser disponibilizada a várias organizações independentes e diferentes, existem normalmente atualizações das aplicações, que pretendem trazer correções e melhorias, mas também podem gerar situações de erros. Estas situações, ocorrem principalmente em soluções de clientes com versões personalizadas com muita custo­mização especifica. O cliente deve estar ciente e preparado para que esta situações aconteçam, natural­mente que os fornecedores irão resolver as mesmas, no entanto, podem demorar e a organização nada pode fazer em contrário não poderá alegar justa causa para rescisão dos acordos;

  • O cliente deverá aceitar e cumprir com os termos, políticas e recomendações de utilização já existentes. Se não quiser cumprir com as definições existentes e pretender alterar as mesmas, poderá não ser possível utilizar os serviços, pois cada fornecedor tem as suas políticas definidas e aplicadas com base nas infra­estruturas e soluções disponi­bili­zadas, que suportam toda o sistema. Querer usar políticas próprias numa plataforma já em funcionamento que não se enquadram, poderá originar muito problemas, mesmo que seja permitido faze-lo poderá entrar num processo complexo e dispendioso;

A seleção do fornecedor de SaaS, deve ser bem analisada, ponderada e decidida com muita certeza, princi­palmente se for originada de uma mi­gração total ou quase total dos sistemas atuais, a mudança trás muitas alterações a vários níveis e se não correr bem o voltar atrás ou uma outra mudança para outro fornecedor poderá vir a ser mais difícil e dispendiosa.

Avaliar todos estes fatores pode


demorar o seu tempo, é conveniente que o interlocutor seja único (colaborador ou equipa) nos contactos com os diversos possíveis fornecedores a consultar, que tenha algum conhecimento sobre o tema e que possa fazer o seu trabalho de forma autónoma, ponderada e com autoridade suficiente para tomar parte das decisões. Antes de adjudicar o contrato deve ter conhecimento do SLA existente (acordo de nível de serviço) que deve ser o mais detalhado e abrangente possível, contem­plando todos os serviços oferecidos e o que cada parte espera entregar e receber.


Fornecedores de SaaS

Existem inúmeros fornecedores de serviços Cloud e SaaS. Alguns, são grandes empresas conhecidas, como a Amazon, Microsoft e Google, outras mais pequenas com serviços exclusivos e dedicados, que podem utilizar as infra­estruturas disponibilizados pelas grandes ou terem infraestruturas próprias de menor dimensão e a custos mais redu­zidos. A escolha deve ser pensada com base nas necessidades que a organização tem, se é uma organização grande com muitas aplicações e está presente a nível mundial com grandes orçamentos, de­verá optar pelas grandes. Se for uma organização pequena ou média irá com certeza optar pelos fornecedores mais pequenos, não só pelos custos, mas também pela atenção e facilidade de comunicação prestadas, que nas grandes empresas por vezes não é o ideal.


Soluções e Custos do SaaS

Quase todos os fornecedores de soluções SaaS disponíveis na Internet, permitem ter uma visão geral dos ser­viços que oferecem. Os métodos habi­tuais de dar a conhecer os serviços são por exemplo:

• A possibilidade de utilizar versões gratuitas com alguns recursos desa­ti­vados ou limitados para que se possa conhecer a solução base; 

• Possibilidade dos clientes, mediante um primeiro contacto, implementar uma prova de conceito, como forma de demonstrar as potencialidades da solu­ção; 

• Soluções totalmente funcionais, mas por períodos limitados de avaliação gratuita; 



• A habitual demonstração presencial ou virtual das soluções;

As organizações devem antes de tomar a decisão final, testar de alguma forma a solução a adquirir e validar se cumpre com os seus requisitos na sua maior parte, devem também, validar se o acordo de nível de serviço de utilização (SLA) está dentro dos parâmetros que pretendem.

Os valores praticados são muito diferentes entre fornecedores e dependentes dos tipos de serviços que fornecem. São normalmente calculados com base nos recursos alocados às soluções requeridas pelos clientes e pelos períodos de tempo que os clientes irão contratar. São apresentados com uma perspetiva de continuidade a médio e longo prazo, podendo aumentar ou reduzir consoante as necessidades dos clientes.


SaaS, presente e futuro

O modelo SaaS já existe há alguns anos, mas só nos últimos se começaram a aparecer mais soluções no mercado, pela evolução global ser cada vez mais rápida e exigente, obrigando as organizações a acompanhar essa evolução, necessitando recorrer a soluções que sejam de implementação simples e rápida, com custos reduzidos.

A maior parte das empresas de software mundiais, estão a migrar as suas aplicações atuais para soluções baseadas em tecnologias Web e implementadas em Cloud, logo o modelo SaaS é o que consegue aplicar facilmente estas mu­danças. O modelo de negócio mudou e o retorno já não é imediato para passar a ser a médio e longo prazos, garantido assim a fidelização dos clientes, mas também permitir ao mesmo tempo fazer com que a evolução das soluções esteja garantida e acompanhe a evolução dos clientes ao seu próprio ritmo.

Já existem muitas soluções a funcionar em modelo SaaS e aparecem todos os dias muitas outras, umas que gerem e disponibilizam base de dados, outras que integram com soluções de hardware (IoT), a utilização da Inteli­gência Artificial (AI) que está a dar os primeiros passos do seu longo percurso. Todas estas e muitas outras soluções são já uma realidade e estão no mercado. 


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