ANDRÉ PINHEIRO
Direção de Qualidade
Inteligência de Qualidade Artificial
Quando pensamos em Inteligência Artificial, muitos de nós imediatamente se recordam do Arnold Schwarzenegger no “Exterminador Implacável” e pensam nesse futuro sombrio.
Outros, mais velhos ou mais cinéfilos, vão um pouco mais atrás no tempo e lembram-se do HAL 9000, o computador que geria a estação espacial no filme 2001. E muitos não saberão que o filme “Jogos de Guerra”, de 1983 em que um Matthew Broderick adolescente entra no sistema de defesa americano para quase começar uma guerra mundial é baseado num caso real, ocorrido numa altura em que a União Soviética fazia também experiências com um sistema de inteligência artificial, que terá confundido determinadas informações com um possível ataque nuclear dos Estados Unidos. Também o teste utilizado no filme Blade Runner para saber se uma personagem era humana ou um “replicant”, ainda que ficcional tinha também bases reais, nomeadamente num teste com imagens perturbadoras a que um humano deveria reagir de forma mais emocional que um robot.
E os mais velhos também se lembrarão que em 1984 o grupo Salada
de Frutas na voz de Lena d’Água nos pedia para olhar para o Robot, que era “pró menino e prá menina”.
Mais recentemente vi, há dias, um anúncio televisivo em que uma mulher é impedida de abrir a porta de casa para sair, enquanto o software de gestão da casa lhe pergunta se ela não se esqueceu de nada… O anúncio é para uma bebida energética, e é suposto ser algo humorístico, principalmente depois da pessoa ir ao frigorífico recolher a bebida, e reclamar com o software que estava a ser demasiado dramático. Mas confesso que me assusta um pouco a noção de que um software pode ser “consciente” ao ponto de pensar que sabe mais de nós do que nós próprios. Ou não fosse essa a noção subjacente a qualquer um dos filmes aqui mencionados, e a generalidade de filmes em que computadores se tornam seres pensantes.
É claro que estas visões são propositadamente negativas para “atiçar” quem as vê e permitir o enredo em que um humano se revela mais inteligente e consegue dar a volta à situação, ou seja é claro que um futuro sem problemas não daria grande
hipótese para um enredo interessante.
Então o que nos espera na realidade?
Dizem os especialistas que os primeiros a sofrer serão os empregos relacionados com análise de dados, atividades que facilmente poderão ser executadas por um qualquer algoritmo mais ou menos inteligente.
E como será na Indústria? E mais concretamente na Gestão de Qualidade? Afinal, esta não é baseada em análise de dados?
Pessoalmente acredito que ainda estamos um pouco longe deste futuro sombrio, pois muitas das tarefas de controlo de qualidade dependem de uma análise subjetiva, que vá para além da simples comparação com critérios de aceitação. Quem nunca ouviu alguém dizer que “sim, a peça tem um defeito mas está dentro do aceitável”, ou a versão mais popular e em bom português “para quem é, serve”? Até porque a rejeição de uma peça também custa dinheiro!
Já no caso de controlo de qualidade de software, aí sim poderá fazer mais sentido um analista ser substituído por um software que rapidamente realize um conjunto