6 de Fevereiro de 2024






ANDRÉ PINHEIRO

Direção de Qualidade


“Para onde vamos, não precisamos de estradas”



Isto era o que dizia o Doc Emmet ao Marty McFly, quando se prepara para o levar para o futuro (que por acaso era 2015, ou seja para nós já é passado), no final do filme “Regresso ao Futuro”, e isto depois do pobre Marty ter sofrido uma série de peripécias em 1955.



Nelas teve o azar de desencadear alguns acontecimentos que colocavam em risco a sua própria existência no tempo presente, o que poderia levar a discussões interessantes sobre o “paradoxo do avô”, uma das grandes incógnitas associadas às viagens no tempo. Este paradoxo dita que se voltamos atrás no tempo e matamos o nosso avô quando este é jovem, nós não iremos nascer, e por isso não poderíamos estar ali para viajar no tempo. Há cientistas que explicam isto com a teoria do multiverso, indicando que nesse caso a vida seguiria por uma linha temporal diferente daquela em que nós estamos.

Sim, isto é algo confuso, e seria tema para outra discussão, pois para agora o que me interessa é pensar que a história do filme, nomeadamente a partir do momento em que o Marty faz com que os seus pais não se encontrem como era suposto, centra-se numa lógica que, a meu ver, se enquadra perfeitamente num conceito típico da qualidade, o PDCA.


As siglas são em inglês, correspondentes a Planear (“Plan”: P), Executar (“Do”: D), Examinar (“Check”: C) e Atuar (“Act”: A). Isto não é uma ferramenta da qualidade, mas antes uma filosofia que deve estar presente em todas as atividades da empresa, não exclusivamente da qualidade. Quando fazemos uma melhoria num qualquer processo, devemos planeá-la, e depois de a implementar, seja logo a seguir ou após um tempo razoável, devemos avaliar se esta foi eficaz ou se ainda pode ser alterada para se tornar mais eficiente. Se sim, então isso dará origem a uma nova ação, que deverá ser planeada, executada, verificada, etc. É, portanto, um ciclo aparentemente sem fim, mas que é parte integrante de qualquer estratégia de melhoria contínua, mesmo que não tenha esse nome, ou não seja tão explícita.

E novamente, isso tanto é válido para uma atividade industrial, um serviço, ou uma atividade pessoal. Se todos os dias fazemos as mesmas coisas de manhã e chegamos ao emprego sempre em cima da hora, porque não avaliar o que fazemos e planear uma alteração, seja na forma como comemos o pequeno-almoço, ou


como deixamos a roupa preparada, ou o tempo que demoramos na casa de banho? E se resultar, porque não depois tentar otimizar mais um pouco?

Numa visão um pouco mais genérica e no que à Gestão da Qualidade diz respeito, nestes 10 anos de existência da Start & Go a principal norma desta área, a ISO 9001, evoluiu da versão 2008 para a edição de 2015. Passamos de uma norma que apenas olhava para os processos produtivos para uma outra que introduziu a necessidade de olhar para toda a organização, para a visão estratégica da empresa, para o reconhecimento do seu papel no mercado, os seus pontos fortes e fracos, e até algo que deu muita confusão ao início, as “partes interessadas”. Isto porque a empresa deve reconhecer quais as pessoas ou organizações que podem ter interesse no seu funcionamento, numa visão de 360º. Ou seja, este conceito abrange não apenas os trabalhadores, que dependem da empresa para receber o seu salário, mas também as entidades oficiais a nível de licenciamento, as coletividades locais, e até os vizinhos, para questões de poluição sonora ou ambiental. Esta norma obriga agora a




ter claro o conhecimento de como a empresa está posicionada, quais os concorrentes, e a definir os seus objetivos a partir destas informações. E ao definir objetivos, define os indicadores e a forma de os seguir, e com isso vai percebendo como está o seu desempenho.

Algo que antes era apenas mencionado na reunião de abertura de uma qualquer auditoria, com o administrador a destilar o seu discurso, agora tem que estar descrito para que 

assim seja mais facilmente revisto, planeado e executado. Lá está, também aqui aparece o PDCA! Mas o objetivo não é, nem nunca pode ser apenas “fazer papel”. O que faz alguma falta no nosso tecido empresarial, a meu ver, é que isto seja encarada como uma ferramenta e não, como ouvi eu próprio ao realizar uma auditoria este ano e numa dessas famosas reuniões de abertura com a administração, “uma palhaçada para fazer papel”! Gostaria de ter um 

DeLorean voador para viajar até ao futuro e saber (entre outras coisas…) se esta mentalidade ainda se manterá por muitos anos!

Não é necessária uma máquina do tempo para voltar atrás no passado e perceber o sucesso do percurso da Start&Go, mas uma coisa é certa: com ou sem máquina do tempo a Start&Go continuará na estrada do empreendedorismo a apresentar-nos exemplos de sucesso e a inspirar-nos a fazer mais e melhor!

Relacionadas


Newsletter Start&Go