27 de Maio de 2024


JOSÉ CARLOS PEREIRA

Especialista em Vendas e Negócio Internacional









A Inteligência Artificial em Vendas e a Humanização


O mundo das vendas está dinâmico. Entender e satisfazer as necessidades dos clientes de forma eficiente e eficaz é uma obrigação. E é aqui que pode entrar a Inteligência Artificial (IA): obter maior produtividade e transformar vendedores em supervendedores – do tipo super-humano!



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IA não é o futuro, pois o futuro é hoje; e já está a transformar a abordagem das empresas nas suas estratégias e processos de vendas. Ao integrar algoritmos avançados (inteligentes), aprendizagem e análise preditiva, a IA já ajuda as equipas de vendas a tomar decisões mais informadas e eficazes, com a mensagem certa no momento e no contexto certos.

Um dos grandes benefícios da IA nas vendas é a sua capacidade de analisar grandes volumes de dados em tempo real. Isto permite que os vendedores identifiquem padrões de compra, antecipem as necessidades dos clientes e personalizem as suas abordagens num processo de compra.

Além disso, a IA pode automatizar tarefas rotineiras e repetitivas, como o envio de e-mails, planeamento de visitas, qualificação de leads e atualização de preferências de clientes – em alguns dos CRM, já é uma realidade. Isso liberta tempo para os vendedores se concentrarem em atividades de maior valor, como construir relacionamentos com os clientes e fechar negócios.



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Lições a retirar: O ChatGPT (assim como outras ferramentas de IA) ajuda, e muito, num processo de vendas e compras, mas o toque e o calor humano não são substituíveis. O futuro será sempre a inteligência artificial a apoiar os humanos, mas não a substituí-los.

É importante destacar que a IA não substitui a habilidade humana nas vendas – e acima de tudo a de tomar decisões –, pois essa vai continuar a ser nossa (é o meu desejo!). Em vez disso, complementa as habilidades dos vendedores, fornecendo insights valiosos e aumentando os resultados.

Com a abertura ao público do ChatGPT 3.5, a OpenAI (empresa que atua com inteligência artificial) veio democratizar parcialmente o acesso à Inteligência Artificial, no formato de texto inteligente, para quem vende e compra. É a chamada IA generativa, pois ainda há a considerar a IA geral, aplicada há mais de 30 anos.

Na IA generativa, mais recente, o seu maior segredo não são as respostas que dá, mas sim as perguntas (prompts) que se fazem, o contexto e treino que se cria para uma resposta realmente inteligente e de valor. E isto vai intensificar o espírito crítico, que estávamos a perder em termos de competitividade.

Valerá mesmo a pena deixar alguns tópicos sobre como o ChatGPT não pode substituir os humanos nas vendas ou nas compras?

Emoção e empatia: nós, humanos, conseguimos uma conexão profunda e genuína com emoções reais; o ChatGPT, embora inteligente, não consegue sentir ou demonstrar empatia como nós (pelo menos para já!);

Adaptabilidade: nós temos uma capacidade de adaptação única à imprevisibilidade; o ChatGPT tem barreiras no que diz respeito a acontecimentos imprevistos e no modo como se adapta a eles;

Toque humano: as vendas, essencialmente num B2B complexo e estratégico, são quase sempre relação, primeiro, e depois transação; o ChatGPT, para além do brilhante texto, tem muita dificuldade em oferecer o calor da conexão genuína e profunda de um humano;

Contexto: a rápida análise do contexto e a comunicação empática são uma unicidade humana, principalmente na linguagem não verbal, que é 60% do que comunicamos;

o ChatGPT não consegue captar e absorver a parte do não verbal, só percetível (para já) ao cérebro humano

Crescimento e progresso: nós crescemos a partir de experiências (neuroplasticidade do cérebro em ação), com emoções e contexto, acrescentando profundidade numa abordagem de vendas ou de compras; a aprendizagem (machine learning) do ChatGPT tem por base os dados e a informação fria, sem sentimentos (no hard feelings).

E ando eu há anos a falar de humanização em vendas e compras… admitindo, obviamente, que um vendedor/comprador poderá transformar-se num supervendedor/comprador se utilizar a IA em seu benefício.

Note-se que com isto não quero dizer que não é uma grande ferramenta para vendedores ou compradores. É e muito! Tanto que, neste momento, é parte integrante de qualquer um dos meus treinos (stay connected and with feelings!).

Quero deixar neste artigo uma reflexão especial sobre uma das maiores figuras de liderança da História: Jesus Cristo (JC).

Independentemente de crenças religiosas, a trajetória de JC oferece-nos lições valiosas sobre liderança pelo exemplo e até sobre vendas e comunicação, se me permitem a ousadia e o atrevimento para tocar neste tema. A liderança é uma competência indispensável a todos os que desejam não apenas vender mais, mas também inspirar, motivar e transformar as suas equipas e negócios/clientes.

Jesus não apenas pregava, mas vivia com paixão as suas mensagens (e sem IA à data!). A sua liderança não era baseada em títulos ou posições de poder, mas sim em ações que refletiam os seus valores e ensinamentos. 

Essa coerência entre falar e fazer provou ser uma das formas mais poderosas de liderança e comunicação, inspirando no seu caminho milhões de seguidores não só naquela época, mas até aos

nossos dias. Foi, mesmo, passando os seus valores para muitos, apesar de muita negação e objeções na sua jornada (com taxas de conversão muito baixas numa fase inicial).

Quem empreende e vende tem de dar origem a vendas e lucros – tem de criar um impacto positivo na vida das pessoas. Liderar pelo exemplo significa ajudar quem compra a superar desafios, servir como modelo, provocando resultados e adicionando valor. Isso cria uma cultura de integridade, trabalho, ajuda e empatia/ligação. E há outros pelo caminho – agentes, importadores e distribuidores – que se aliam na distribuição da palavra (os apóstolos que pregam a palavra em representação de Jesus Cristo).

Lembre-se de que cada interação, cada decisão, cada desafio superado é uma oportunidade para liderar pelo exemplo. Assim como Jesus inspirou milhões através das suas ações, todos temos o poder de inspirar e edificar quem está ao nosso lado, com negócios que não apenas vendem, mas que verdadeiramente servem, inspiram e dão origem a relações de longo prazo. Quando agimos, mesmo dando pequenos passos, começamos a construir a nossa confiança e coragem. A maioria de nós pode concordar que o medo muitas vezes nasce do desconhecido. Ao agirmos, confrontamos esse desconhecido. Cada passo em frente vai diminuindo o medo, substituindo-o por um sentimento de realização, progresso e confiança.

As vendas podem ser desafiantes e, certamente, não são para os fracos: exigem foco, gestão emocional e técnicas/processos para sermos realmente bem-sucedidos. Tornar-se um excelente profissional de vendas requer confiança – e esta pode ser contagiante.

Muito do que vai alcançar nas vendas depende do quanto acredita nas suas capacidades e em si próprio. Quantos de nós – eu incluído – frequentemente carecemos de autoconfiança nos momentos em que mais precisamos dela?


As inseguranças em tempos de incerteza e dúvida fazem-nos acreditar que não somos capazes de alcançar o que quer que seja que nos propusemos fazer. Profissionais de vendas confiantes assumem riscos que os vendedores menos preparados evitam.

Com confiança, quando foi a última vez que confiou verdadeiramente em si próprio? Julgo mesmo que, quando duvidamos do nosso poder, podemos dar origem à dúvida. Construir confiança em vendas é mesmo expandir os limites das suas crenças.

A confiança transparece nas palavras que utilizamos, na forma de comunicar e na linguagem corporal. Como podem os seus clientes ou potenciais clientes confiar em si se não comunica como um especialista (autoridade)?

Se tem dificuldades com a autoconfiança, o seu desempenho em vendas vai sofrer: estabelece objetivos mais baixos, se é que estabelece alguns, e alcança resultados medíocres. A confiança desafia qualquer um a esforçar-se para alcançar os seus objetivos.

As vendas são, efetivamente, uma transferência de confiança. Por outro lado, o vendedor que transmite confiança e que realmente acredita no que está a fazer é contagiante.

A confiança é um músculo. É um músculo mental, que pode ser trabalhado e treinado. E as minhas três lições são: (1) não se compare com os outros; (2) invista em si próprio e (3) esteja mais focado nos seus feelings e no que vem de dentro.

Assim como Jesus procurava disseminar a mensagem do amor e da redenção, um vendedor procura transmitir os benefícios e valores do seu produto/serviço aos seus clientes em potencial.

Ele escolhia cuidadosamente onde pregava, direcionando a sua mensagem para as pessoas que estavam mais recetivas a ouvi-lo. Da mesma forma, um vendedor identifica o seu target, focando em clientes que têm maior apetência de compra.

Ele abordava as pessoas com gentileza e compaixão, para ganhar

a sua confiança antes de partilhar as suas mensagens (modelo de Conhecer, Gostar e Confiar).

Da mesma forma, um vendedor adota uma abordagem com rapport e empatia para se aproximar dos clientes, criando uma conexão genuína antes de apresentar a sua oferta.

Assim como Jesus apresentava as suas mensagens de forma convincente e inspiradora, um vendedor destaca os benefícios do produto/serviço num formato atraente e influenciador, demonstrando como pode resolver problemas e entregar resultados.

Ele ouvia as preocupações e perguntas das pessoas e respondia de modo esclarecedor. Da mesma forma, um vendedor pratica a escuta ativa, entendendo as necessidades e objeções do cliente para propostas que o conduzem no caminho de compra.

Ele convidava as pessoas a segui-lo e a aceitar a sua mensagem, encerrando o processo com uma chamada para a ação. Tal e qual como quem vende orientado para resultados, adicionando valor para uma melhor versão de quem compra.

Assim como Jesus Cristo prega a palavra com amor e compaixão, um vendedor procura oferecer o seu produto/serviço com empatia e compromisso, visando sempre atender às necessidades e interesses do cliente. Ambos os processos envolvem criar conexões significativas e inspirar a ação com base em valores e benefícios compartilhados.

Tal como Jesus Cristo procurava disseminar a sua mensagem com compaixão e sabedoria, a integração da inteligência artificial no processo de vendas representa um avanço significativo na maneira como as empresas se aproximam dos seus clientes.

Ao utilizar algoritmos avançados e análise preditiva (e generativa), a IA capacita os vendedores a compreen­derem melhor as necessidades e preferências dos clientes, oferecendo soluções mais personalizadas e eficazes. O impacto na área comercial, em termos de emprego, não será significativo. Mas significativa será a

forma como os vendedores vão ter de trabalhar com todas estas novas ferramentas.

Portanto, assim como Jesus procurava uma conexão genuína com as pessoas, a inteligência artificial procura fortalecer a relação entre empresas e clientes, com orientação para resultados e produtividade. Mas será através de processos e caminhos de compra mais humanizados, ou nem por isso?










Acredito que a criatividade e a imaginação são níveis superiores de inteligência e que só nós, humanos, conseguimos ter hoje.

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