No processo para criar um negócio, dar corpo a uma ideia não é simples. Por que razão nem todas as ideias se transformam em negócios? Não conseguir organizar os pensamentos, não ter visão nem propósitos definidos são barreiras que impedem a concretização do negócio.
Se perguntarmos às pessoas em que Era estamos, uma grande maioria ainda dirá que é a Era das tecnologias de informação, mas, na realidade, houve um avanço. Estamos na Era da inteligência. Quem o afirma é Tony Buzan, o criador dos mapas mentais.
Atualmente, o capital mais valioso é o capital intelectual e a moeda corrente deste capital é a inteligência.
Para melhorar a forma de trabalhar, conduzir os negócios e torná-los mais eficazes é necessário transformar informação em conhecimento.
No processo de transformação da informação está presente a inteligência que pressupõem utilizar a memória e o pensamento criativo. É neste ponto que os mapas mentais são uma ferramenta imprescindível.
Tony Buzan é o autor de várias obras na área da psicologia, relacionadas com o cérebro, a memória e a criatividade. No seu livro “Mapas Mentais para os Negócios”, Buzan refere que o nosso cérebro não pensa por meio de ferramentas e listas de menu, mas sim de forma orgânica como todas as manifestações naturais.
Para exemplificar a forma de pensar do cérebro, faz alusão aos sistemas circulatório e nervoso do corpo humano, aos ramos de uma árvore e às nervuras das suas folhas. Foi neste sentido que criou os mapas mentais, porque refletem esse fluxo orgânico natural.
A conceção tradicional do córtex cerebral é representada em duas partes, o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito. Existe um conceito de dominância cerebral que diz que cada hemisfério desenvolve melhor determinadas funções. Contudo, sabe-se que existe comunicação entre os dois lados do cérebro.
Para ter um desempenho ideal é necessário que os dois lados do cérebro trabalhem em conjunto. O processo de criar mapas mentais emprega um leque completo de habilidades corticais dos hemisférios esquerdo e direito, capaz de promover um potencial criativo ilimitado.
O mapa mental é uma ferramenta visual e gráfica abrangente que ajuda a expressar ideias e criatividade, que podem melhorar as práticas empresariais, a solucionar problemas, reconsiderar estratégias de venda, organizar equipas ou, simplesmente, a melhorar a eficiência diária da gestão das empresas.
Estes mapas podem ser gerados de forma analógica ou digital, isto é, traçados à mão ou através de aplicações informáticas. A internet disponibiliza várias aplicações. Algumas poderão conter versões grátis, freemium ou a pagar totalmente.
O exemplo mais simples para explicar a metodologia dos mapas mentais é através de um canivete suíço. Este objeto guarda em si várias ferramentas para diferentes funcionalidades. Quando totalmente aberto, desdobra-se em várias ramificações, identificando-se rapidamente as suas ferramentas e funcionalidades.
Tal como o canivete, o mapa mental começa com uma imagem no centro onde é colocada a ideia, pensamento ou assunto a desenvolver.
A partir da imagem do centro, são criadas ramificações acopladas à ideia central através de linhas curvas. Nas ramificações são colocados as ideias de ordenação básica, que poderão dar origem a ramificações de segundo e terceiro nível.
Para tornar o mapa mais rico e visualmente apelativo poderão ser usadas imagens que representam os conceitos nele inseridos.
Na imagem acima, estão representados de forma organizada todos os conceitos-chave inerentes à ideia de criar um negócio.
A ideia central, “como criar um negócio?”, desdobra-se em ramificações de primeiro nível. Estas ramificações contêm as fases inerentes à criação do negócio, desde a ideia até à sua execução. As ramificações de segundo nível destacam os conceitos chave de cada uma das fases da criação do negócio, como por exemplo, as técnicas para gerar ideias e a ideia em si.
Dar corpo a uma ideia de negócio implica paixão, habilidades próprias e questionar “que dor é que vai curar?”. Neste caso específico, a ideia desdobrou-se em ramificações de terceiro nível.
As ramificações colocam ordem nas ideias e conceitos, facilitam a memorização e também obrigam a procurar respostas, sempre que o processo se torna duvidoso.
Existem regras relacionadas ao modo como as palavras e as imagens se devem acoplar a cada ramificação, no entanto, aqueles que dominam a técnica, esforçam-se por encontrar um estilo próprio e fugir aos modelos existentes, dando consistência aos princípios subjacentes a esta metodologia.
Uma pesquisa realizada pela Mind Mapping Software, aos seus utilizadores em 2015, 2017 e 2019, numa lista de dez benefícios obtidos com esta metodologia, manteve-se no topo o benefício “compreender questões complexas”.
O benefício “melhoria da captação do conhecimento” manteve-se em segundo em 2015 e 2017, mas caiu significativamente para número cinco em 2019.
Já o benefício “Alcançar a clareza rapidamente” subiu. Nas pesquisas de 2015 e 2017 estava em terceiro lugar, em 2019 subiu para o número dois. A justificação apontada para esta subida está relacionada com a necessidade de compreensão de questões comerciais complexas, devido aos ambientes de incerteza e ambiguidade.
Subiu também a “síntese de informação”. Em 2015 estava em número seis, em 2017 em número cinco e em 2019 passou para o número quatro. Este benefício refere-se à capacidade de distinguir padrões nas informações, conectar ideias relacionadas, combinar informações que envolvem resumir informações.
A lista dos benefícios inclui ainda, “ser mais organizado”, “gerir excesso de informações”, “aumentar a produtividade”, “gerir melhor os projetos”, “comunicar melhor” e “captar ideias rapidamente”.
As variações das posições destes benefícios nestas listas de preferências, explica-se pelo facto de o cérebro desenhar e seguir os mapas mentais consoante as suas necessidades e objetivos, o que realça a sua importância quando aplicados às empresas.
A metodologia dos mapas mentais não é nova. Ao longo da história foram encontradas representações esquemáticas idênticas a mapas mentais, nas anotações de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Albert Einstein, Thomas Edison, Marie Curie e Mark Twain.
A maneira de gerir o conhecimento acontece de forma espontânea quando o cérebro é controlado e os processos de pensamento também. Os mapas mentais são a ferramenta perfeitamente adequada a esta época de excessos de estímulos e informação.