27 de Maio de 2024


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MARIA DE JESUS FONSECA

Consultora em GRH e Comportamento Organizacional



Inteligência Artificial e Motivação dos Colaboradores



Muito se tem falado sobre a Inteligência Artificial (IA) e os desafios que nos coloca, a nós, humanos, e às nossas empresas. Mas há uma pergunta que se impõe: “Não será o futuro muito mais árduo sem ela?”



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a realidade, existem no nosso quotidiano uma infinidade de máquinas inteligentes que, estando de tal maneira incorporadas nas nossas vidas, se tornam “invisíveis” aos nossos olhos. Aceitamo-las como uma extensão das nossas capacidades musculares e mentais: do mapa físico ao GPS, do papel e lápis à calculadora… afinal, não questionamos os resultados de uma longa sequência de adições, subtrações, divisões ou multiplicações quando ela é realizada por uma calculadora, pois não?

Não vivemos, já, sem estes auxiliares, mas alimentamos um receio … seremos um dia supridos pelas máquinas que fabricamos?

A resposta a esta questão merece alguma cautela, mas vários especialistas em GRH referem que é prematuro afirmar que podemos dispensar a competência humana. 

As Pessoas são, têm de ser, as Protagonistas, os Líderes de Motivação


 e os Agentes da Mudança. A IA é, tem de ser, uma ferramenta, um assistente ou um copiloto.

Nesse sentido, é importante que na GRH haja um trabalho de consciencialização e de preparação dos Colaboradores para tirarem o máximo partido das ferramentas de IA, dirimindo a intimidação e o medo que estas nos podem fazer sentir.

Os desafios são, então, primeiro encontrar um propósito e um sentido para aquilo que representa o trabalho para cada um dos nossos colaboradores. É importante encontrar o “porquê” e o “para quê” evitando que a hipertecnologia da IA nos conduza a um vazio existencial. Depois, é fundamental “compreendê-la para a utilizarmos cada vez melhor, enquanto cidadãos, consumidores e profissionais” como refere o Professor Pedro Domingos no seu livro A Revolução do Algoritmo Mestre.

No âmbito da GRH, em particular, urge repensar e reposicionar-se para usufruir, ela própria, e contribuir para




que todos os colaboradores usufruam ao máximo dos benefícios da IA.

Será necessário saber estar fora da zona de conforto, alinhar o(s) ritmo(s) de aceitação, compreensão, adesão e utilização.

Sendo certo que a IA pode apoiar um conjunto de operações na GRH e tornar mais ágeis os processos, há um cuidado a ter na forma como se faz a análise dos dados e como são tomadas e comunicadas as decisões. A aceitação e o impacto na motivação dos colaboradores é uma fator crítico de sucesso para a GRH. Decisões “frias”, geradas por IA sem validação humana, suscitam desmotivação e desconfiança. Senão, vejamos:

Como aceitaria um diagnóstico de doença grave vinda de um médico não humano, gerado exclusivamente por IA? Imagine-se a receber uma sentença proferida por um juiz gerado por IA? Como reagiria? Como se sentiria ao viajar num avião totalmente automático sem a presença de um piloto humano? Gostaria de ser recebido num


restaurante por um “simpático” robot humanoide (do tipo PEPPER)? E se algo corresse mal? A quem gostaria de apresentar a sua reclamação? Ao Pepper ou ao Gerente?

Por fim, gostaria de realçar que esta necessidade de interação e intervenção humanas encontram algum suporte no atual Regulamento Geral de Proteção de Dados, Artigo 22, nº1:

“1. O titular dos dados tem o direito de não ficar sujeito a nenhuma decisão tomada exclusivamente com base no tratamento automatizado, incluindo a definição de perfis(…).”

Respondendo à pergunta inicial, o mundo sem IA, GPT, LLM, Machine Learning, etc, poderá, de facto, ser mais árduo, menos ágil e mais burocrático, logo, menos motivador também. 





Preparemos as nossas empresas e os nossos colaboradores para a sociomaterialidade, sem perder humanidade e melhorando a Experiência do Colaborador.


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