7 de Fevereiro de 2024





FILOMENA CASTRO LOPES

Professora Universitária, Universidade Portucalense





Filme tecnológico desfocado


Ter de filmar a evolução das tecnologias de informação nos últimos 10 anos, correr-se-á, com grande probabilidade, o risco de ficar o filme desfocado, até porque, por um lado a evolução tem sido muito rápida e por outro é difícil conseguir captar, num só plano, todas as tecnologias emergentes.






E

sta evolução tem sido impressionante. Tecnologias de informação, tais como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing, Realidade Aumentada (RA), Metaverso, Blockchain, Big Data e Robotic Process Automation (RPA), não poderiam ficar de fora deste filme. Mas, mais importante que o número de tecnologias, é o aumento da eficiência que estas tecnologias têm trazido aos negócios.

As tecnologias de informação sempre foram usadas para tornar as atividades organizacionais mais rápidas e fáceis de ser levadas a cabo pelas pessoas. No entanto, só mais recentemente se tem falado sobre o papel que estas tecnologias podem desempenhar na transformação radical da forma de fazer negócios.

Nesse sentido, estes últimos 10 anos foram os mais disruptivos de que tenho memória. O último ano, em particular, levou-nos, de forma viral, a refletir e a discutir o desenvolvimento das tecnologias de informação, não só do ponto de vista técnico ou de negócio mas também do ponto de vista ético.


Há quantos anos já se ouvia falar na Inteligência Artificial? Hoje vê-se, diariamente, o aparecimento de diferentes ferramentas de IA com grande impacto para os negócios, sendo o mais mediático o ChatGPT. Hoje questiona-se, até que ponto a IA irá passar a fazer de forma mais rápida e fácil aquele tipo de tarefas que sempre vimos como caraterísticas do ser humano: a pesquisa, a criatividade, e a resolução de problemas. Poderá a IA transformar o nosso entendimento sobre as caraterísticas distintivas do ser humano e as atividades que lhe atribuímos por excelência? Esta tecnologia está a ter um impacto nunca vivenciado não só por causa do rápido número de utilizadores, mas também por causa de todas estas questões éticas que está a levantar.



O Big Data, outra tecnologia que tem revolucionado muito os negócios nos últimos anos e que arrasta consigo o conceito de data mining e até o de process mining,que se têm traduzido em proveitos significativos para as empresas, permitindo que as próprias empresas se conheçam melhor. Paralelamente, a internet das coisas tem modificado muitas áreas: a indústria e o retalho, sem esquecer o conforto que nos proporciona nas nossas casas, as ditas inteligentes. Quantos de nós, hoje, já não vivemos sem a IoT, sem muitas vezes, nos apercebermos que a estamos a usar.



Cloud Computing, uma tecnologia que, no início, não teve muita adesão, mas que acabou rapidamente por ser, indiretamente, a responsável por muitas outras se terem desenvolvido. Realidade aumentada, e até Metaverso, já não fazem só parte da ficção, e cada vez mais as começamos a usar no nosso dia a dia e no mundo dos negócios. Quantas empresas de retalho já usam soluções de RA com sucesso? E talvez, em breve, muitas delas irão ter o Metaverso nas suas vendas on-line. E se Blockchain nos leva logo para as criptomoedas, há, contudo, outras aplicações possíveis desta tecnologia, como por exemplo na gestão da cadeia de fornecimento ou no combate à fraude. Talvez um pouco menos em destaque no filme desta década, a tecnologia RPA tem contribuindo também para o aumento da eficácia organizacional, automatizando tarefas repetitivas e que não são agradáveis para os nossos colaboradores.

Tem sido fabuloso, ao longo destes anos, assistir ao desenvolvimento de diferentes soluções para a atividade humana suportadas por uma ou mais destas tecnologias.

Como serão os próximos dez anos? Impossível de prever.


Porém, considero que será necessário começar já a acreditar na utilização massiva e conjugada de umas ou mais destas tecnologias, o Metaverso industrial, com os Gémeos Digitais, a IoT e IA estão aí. Mas acredito também que, de futuro, as empresas vão estar cada vez mais conscientes e informadas sobre o potencial destas tecnologias, usando-as cada vez mais, aproveitando assim os benefícios da digitalização das suas empresas.

Apesar de hoje muito se questionar sobre a evolução destas tecnologias, essencialmente por causa da IA, elas irão continuar a ser desenvolvidas e continuarão a ser adotadas. Ao longo do tempo temos assistido a diversas revoluções, através do aparecimento de novas tecnologias, e o ser humano tem sempre conseguido aproveitar os benefícios dessas revoluções, mas, continuando sempre, a dominar esses avanços tecnológicos. A polemica à volta da Q* poderá deixar-nos a todos inquietos. Pessoalmente, não imagino que o ser humano se deixe substituir pela tecnologia, mas irá continuar, gradualmente, a desenvolver novas tecnologias para que estas o substituam naquilo que não pretende fazer.



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