Frédéric Pires, diretor do Leirena Teatro assegura:
Teatro tem que se reinventar para poder continuar a existir
Fundado em 2011, o Leirena Teatro é uma estrutura artística cujo foco está na ideia de um “Teatro para Todos”. Nesse sentido, a companhia criada por Frédéric Pires, filho de emigrantes em França, que aos sete anos regressou ao país de origem, aposta no desenvolvimento de projetos de teatro comunitário e educativo que procuram dar resposta às necessidades da região.
Por Fernanda Silva Teixeira
gora, em tempo de pandemia, o Leirena Teatro reinventou-se. Uma grande bolha de plástico dentro da qual atores representam foi a solução encontrada para manter a atividade e reduzir o perigo de contágio com Covid-19 de público e elenco. “Não queremos que quem assiste ao espetáculo veja no globo somente uma estratégia de segurança devido ao Covid-19”. Por isso, explica Frédéric Pires, “o globo é um elemento cénico que pertence ao espetáculo e faz parte da ação”.
Start & Go – Antes de mais, o que é e como surgiu o Leirena Teatro?
Frédéric Pires - Foi em 2010 que comecei a escrever um projeto com o nome Leirena Teatro. Feito o projeto, entro em contato com o município de Leiria com o propósito de dirigir um curso de verão para crianças e jovens no Castelo (com o objetivo de analisar a procura). As inscrições estavam abertas só para 30 alunos. As vagas foram todas preenchidas e no espetáculo final a casa estava cheia. Isso mostrou que havia crianças e jovens interessados em fazer teatro. Em 2011 convidei três colegas do curso de Coimbra a entrarem no projeto e a 13 de junho nasce o Leirena Teatro – Companhia de Teatro de Leiria. Uma estrutura artística onde o foco está na ideia de um “Teatro para Todos”, desenvolvendo projetos de teatro comunitário e criações artísticas.
O projeto apresentou-se à comunidade leiriense com a abertura da sua escola para crianças e jovens e a estreia do espetáculo “Tudo Baila em Seu Redor”, uma produção original que
nasceu de uma pesquisa junto da comunidade rural e do cancioneiro “Entre o mar e a serra”. A partir daí, até os tempos de hoje, foi de muita luta, resiliência e resistência.
Atualmente a companhia conta, a tempo inteiro, com quatro atores, uma produtora e uma assistente de produção, e prevemos a integração de mais um profissional da área da interpretação. Também fazem parte outros profissionais na área da direção musical, imagem, fotografia, cenografia e figurinos. E pontualmente contratamos mais atores quando as produções assim o necessitam. A companhia, ao longo destes quase 10 anos, também realizou um forte investimento em material técnico, fundamental para que as suas digressões e os dois festivais que organiza anualmente, nos Municípios de Leiria e de Porto de Mós, possam ter todas as condições no acolhimento das
estruturas convidadas como oferecer à comunidade que assistetoda a qualidade que merecem.
Start&Go - A cultura sempre viveu no limite e vista muitas vezes como um custo. Qual a relevância do setor para a economia local e nacional?
Frédéric Pires - Sobre economia, há muito que falar. Mas deixarei aqui só alguns pontos que penso serem, de momento, os mais pertinentes, tendo em conta a conjuntura atual devido à pandemia. Nesse sentido, é importante mencionar que qualquer companhia ligada às artes tem como objetivo principal a criação artística. No entanto, as opções artísticas têm consequências financeiras, assim como as possibilidades financeiras condicionam a criação, sem nunca colocar em causa a qualidade e o profissionalismo do produto artístico. E se o investimento na cultura não for
Foto da autoria de Carlos Gomes