29 de Dezembro de 2022



Regina – sabores que nos fazem viajar no tempo



Quem não se lembra das máquinas de furos da Regina, das tabletes de aromas e das famosas sombrinhas?!



Por Fernanda Silva Teixeira


C om mais de nove décadas de existência, a Regina vem traçando um percurso completo e inovador no mundo dos chocolates, sendo, ainda hoje, a maior marca de chocolates portuguesa. Pertença do Grupo Imperial, em qualquer supermercado encontramos produtos Pantagruel, amêndoas com chocolate das marcas Regina e Jubileu, as deliciosas Pintarolas, entre outros. Para além de nos contar a história da marca, Manuela Tavares de Sousa, Presidente do Conselho de Administração da Imperial, admite preocupação com o futuro, sobretudo devido à “instabilidade económica, a inflação crescente e a diminuição do poder de compra”.


Start & Go - Quem é e como surgiu a Regina?

Manuela Tavares de Sousa - O nome Regina provém da palavra latina Regina, que significa literalmente “rainha”. Fundada em 1927, foi na Rua Sá de Miranda, em Lisboa, que começou a ser construída a deliciosa história da marca portuguesa de chocolates mais querida de várias gerações. 







Com mais de nove décadas de existência, a Regina vem traçando um percurso completo e inovador no mundo dos chocolates, sendo, ainda hoje, a maior marca de chocolates portuguesa. A aquisição da Regina pela Imperial dá-se na viragem para o novo século. A partir daí, a Imperial inicia um novo ciclo de vida da marca, apostando na recuperação do seu portefólio, nomeadamente da máquina de furos da Regina, nas tabletes de aromas e nas famosas sombrinhas, produtos que fazem parte da memória coletiva dos consumidores nacionais.


S&G - Qual a relevância do setor para a economia local e nacional?

MTS -  O mercado de chocolates vinha a registar, no período pré-pandemia, uma interessante trajetória de crescimento. Cresceu, em 2019, cerca de 6% em valor e 4% em volume, destacando-se, aqui, o segmento de frutos secos cobertos com chocolate e os bombons. Com a chegada da pandemia, a tendência inverteu-se: o mercado decresceu 2,4% em valor, afetando, nomeadamente, os segmentos de mercado mais associados às quadras festivas. Ainda assim, outros segmentos, como as tabletes de chocolate para consumo 

familiar e os produtos para culinária, de uma forma geral, registaram um aumento da procura. Após o decréscimo verificado durante o período de Covid, especialmente nos segmentos de carácter sazonal/festivo, o mercado de chocolates está num momento de recuperação e crescimento.

Este crescimento é visível não só pelo incremento face há 2 anos, sobre o qual o mercado cresce 20%, mas também comparativamente com o último ano móvel onde regista um crescimento médio de 9%. Refira-se, também, que, apesar de ainda não acompanhar o consumo per capita de outros mercados europeus, o consumo de chocolate tem verificado um aumento generalizado em Portugal. O facto de os consumidores procurarem, mesmo em momentos mais difíceis, produtos de conforto e com uma forte associação ao bem-estar e prazer, como é o caso do chocolate, reforça a posição do setor dos chocolates como um setor com cada vez maior relevância para a economia local e nacional. Há, ainda assim, um longo caminho a percorrer e que poderá, e deverá, passar pela redução do IVA deste tipo de produtos, tal como acontece, por exemplo, em Espanha. 





Tendo os consumidores portugueses uma capacidade de compra abaixo da média europeia – agora ainda mais afetada pela inflação crescente que se vive a nível global – esta redução – com um impacto no preço final do produto – incentivaria, sem dúvida, o aumento do consumo per capita.


S&G - Em que medida a vossa empresa se diferencia da concorrência? Como definiria o posicionamento da marca?

MTS- A Regina destaca-se pela grande notoriedade junto dos consumidores e a grande variedade de produtos para as mais diversas preferências dos apreciadores de chocolates. As várias propostas




lançadas ao longo do tempo, associadas ao património cultural e histórico e a efemérides da nossa história, geraram uma ligação emocional sem precedentes com as mais diversas gerações de consumidores. Além disso, ao longo dos seus 95 anos, a Regina tem-se distinguido pela sua capacidade de inovação, quer em termos de criação de sabores diferenciadores quer no que se refere ao envolvimento afetivo, através do lançamento de várias edições especiais, o que permitiu à marca cativar públicos das mais diversas idades, desde miúdos a graúdos. Atualmente, a marca está, também, presente em inúmeros mercados internacionais, com uma visão de mercado muito inovadora, mas sempre

 adaptada às necessidades de cada país.


Até 2024, a Imperial vai investir sete milhões de euros numa nova linha de fabrico de chocolate





S&G - A Imperial – detentora da marca Regina, foi adquirida há cerca de um ano pela espanhola Vimaroja, dona da Chocolates Valor, e iniciou este ano um investimento de sete milhões de euros. Qual o motivo deste investimento e o que pretende alcançar?

MTS- Até 2024, a Imperial vai investir sete milhões de euros numa nova linha de fabrico de chocolate, que tem como objetivo responder às necessidades do mercado nacional e internacional, de forma a praticamente duplicar a sua capacidade de produção, para cerca de 10 mil toneladas/ano.


S&G - Desde da compra pela empresa espanhola algo mudou, como por exemplo a receita dos famosos chocolates Regina?

MTS - A produção, as marcas e os produtos – que são já amplamente reconhecidas e acarinhadas por diversas gerações de consumidores portugueses – e as equipas e respetivos trabalhadores foram mantidos integralmente. Apesar de ter integrado o Grupo Valor, a Imperial nunca deixará de ser uma empresa portuguesa, com marcas portuguesas, criadas e desenvolvidas por pessoas portuguesas, mantendo a história, tradição e 







qualidade que nos definem e que fazem com que os nossos sabores únicos permaneçam no imaginário de várias gerações de consumidores portugueses. O objetivo do Grupo Valor é conservar a fórmula presente no ADN da Imperial e que a fez percorrer este caminho de sucesso: ser uma empresa em que cada marca desperta nos consumidores uma memória degustativa, associada à tradição do chocolate de qualidade e, ao mesmo tempo, aberta à inovação, apostando permanentemente na criação de novos produtos, que se adaptem às novas tendências de mercado.


S&G - Quais os principais desafios que o setor enfrenta a curto e médio prazo?

MTS - O início deste ano ficou marcado pelo aumento exponencial do custo da eletricidade e gás natural, situação que se tem agravado com a escalada da guerra na Ucrânia. Isto causou, inevitavelmente, um impacto significativo em toda a cadeia de distribuição, com o aumento dos custos da energia e combustíveis a influenciar diretamente os preços de transporte e os custos de produção, o que se reflete no aumento do valor do produto final para o consumidor. Além disso, 


assistimos, ainda, a um aumento expressivo no custo de várias matérias-primas, que duplicaram ou quadruplicaram o seu custo, como é o caso do leite, manteiga, açúcar, proteína, maltitol ou lecitina. Também o aumento do custo dos materiais de embalagem que são indispensáveis para a preservação da qualidade dos nossos produtos e dos seus benefícios funcionais, se tem refletido num inevitável aumento dos custos dos produtos. A instabilidade económica, a inflação crescente e a diminuição do poder de compra são, sem dúvida, os maiores e mais preocupantes desafios que nos esperam nos próximos tempos.




Grupo Imperial exporta para mais de 50 países

S&G - Qual a importância relativa dos mercados externos para a vossa atividade? E quais os principais mercados onde estão já presentes?

MTS- Embora o mercado nacional tenha um papel preponderante no negócio, a Imperial e as suas marcas, entre as quais a Regina, exportam para mais de 50 países, distribuídos pelos cinco continentes, com os mercados asiáticos, europeus, africanos e do Médio Oriente a destacarem-se nas aquisições dos chocolates portugueses. O peso das vendas realizadas fora de Portugal representou, neste último ano fiscal, 30% da faturação da Imperial.


S&G - Qual o volume de negócios registado no último ano e quais as expectativas para 2023?

MTS - O volume de negócios registado no último ano fiscal foi de 39 milhões de euros, o que representou um crescimento de 11% face ao ano anterior. Para 2023, o desafio da Imperial é manter-se na mesma trajetória de crescimento e robustecimento dos seus resultados económicos.


S&G - Qual o volume de negócios registado no último ano e quais as expectativas para 2023?

MTS - A empresa vai continuar a   

desenvolver e a inovar nos diversos segmentos de mercado onde estápresente e em que detém posições de liderança, designadamente, no segmento de culinária com a marca Pantagruel, nas Amêndoas com chocolate com as marcas Regina e Jubileu, nas deliciosas Pintarolas para o segmento infantil e no segmento de tabletes com as muito apreciadas barras da Regina e a sofisticada gama de Jubileu. Um dos grandes objetivos estratégicos que a empresa vai manter é o desenvolvimento de produtos dentro de um conceito saudável que se traduz em chocolates com maior percentagem de cacau ou sem adição de açucares, chocolates gluten free, vegan, proteicos ou com outros benefícios funcionais, com o objetivo de dar resposta às novas tendências de consumo relacionadas com a procura crescente de produtos mais autênticos, puros e sem ingredientes artificiais adicionados. De destacar a excelente recetividade que as barras Regina Proteína, produtos de chocolate autêntico com elevado teor em proteína e fibra, estão a ter em Portugal e em vários mercados externos, em particular, na Ásia. A estratégia continuará a passar, também, pela consolidação da comercialização dos nossos produtos em mercados externos e pela abertura de novos mercados.



O volume de negócios cresceu 11% face ao ano anterior registando 39 milhões de euros.


Manuela Tavares de Sousa, Presidente do Conselho de Administração da Imperial.

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