Esta pandemia veio interromper o mais recente ciclo de crescimento – que já durava desde 2013 - provocando a maior queda do PIB português desde 1975: -7,6% em 2020.
Qual foi a reação das empresas?
A imensa maioria adotou a velha máxima do “tudo o que vem à rede é peixe”, procurando servir todos os clientes que lhes apareceram pela frente, fosse qual fosse o pedido.
No curto-prazo resolveram o problema das vendas, mas muitas descobriram mais tarde que tinham estado a “trabalhar para aquecer”, vendendo sem rentabilidade ou, pior ainda, com prejuízo, convertendo o negócio num “perdócio”.
Muito poucas utilizaram a abordagem alternativa, com visão de longo-prazo, a que gosto de chamar “semear para colher”.
É aqui que está a oportunidade.
Numa abordagem focada em primeiro lugar na retenção dos (bons) clientes atuais, garantindo a sua total satisfação e lealdade, e em segundo lugar na aquisição estratégica de novos clientes, com uma visão de rentabilidade a médio-longo prazo.
Para isso, é necessário inverter a mentalidade de dentro para fora – “tenho tudo para todos” - e transformá-la numa mentalidade de fora para dentro – “resolvo melhor que ninguém um conjunto de problemas a um determinado grupo de clientes”.
É nesse foco num grupo de clientes e nessa diferenciação da oferta que está o segredo da da fuga à guerra de preços e do crescimento rentável e sustentável.
Em resumo: a Qualidade das vendas é tão importante como a Quantidade!
#2º- A Tempestade Perfeita
Quando parecia que estávamos finalmente a começar a recuperar, combinam-se os elementos para a chamada “tempestade perfeita”: o aumento exponencial do custo da energia, das matérias-primas e dos transportes, com a consequente disrupção das cadeias de abastecimento a nível global.
De repente, grandes marcas e retalhistas que durante os últimos anos trabalharam incansavelmente para reduzir inventário, deslocalizar as suas produções para oriente, onde os preços eram mais baixos, e “esticar” as suas cadeias de abastecimento ao limite, deixaram de ter garantias de entrega e começaram a pagar 10 ou 20 vezes mais pelo transporte.
É aqui que surge a oportunidade.
Naturalmente nem Portugal (nem toda a Europa junta) poderá substituir a capacidade produtiva da China ou da Índia.
No entanto, podemos ser a solução para produtos de maior valor acrescentado, produzidos em menor escala e onde fatores como a qualidade, prazos mais curtos e acima de tudo a fiabilidade da entrega são preponderantes.
Em resumo: as empresas portuguesas podem diferenciar-se pela qualidade, mínimos de compra mais baixos, entregues mais rápido e com elevada fiabilidade.
#3º- As Novas Interações com os Clientes
A crise pandémica acelerou a digitalização das interações com os clientes em cerca de 3 anos, no caso da Europa.
Num estudo realizado em 2020 pela McKinsey a 400 decisores B2B, mais de 70% preferiam interações digitais com os seus
fornecedores, alegando maior segurança e mais facilidade na gestão das agendas.
Além disso, assistimos a uma enorme mudança geracional. Enquanto tradicionalmente os clientes B2B sempre privilegiaram o contacto presencial e personalizado, muitos dos novos compradores da geração Millennial preferem evitar o contacto pessoal.
Como se não bastasse, um estudo de 2019 da Gallup refere que apenas 29% dos clientes B2B estão efetivamente comprometidos com os seus fornecedores (60% são indiferentes e 11% estão ativamente à procura de alternativas).
Onde está então a oportunidade?
Está na proatividade em conhecer profundamente as necessidades dos clientes mais relevantes. Quais são os seus desafios e as suas dores? Como é que preferem ser contactados? Que experiência de compra valorizam?
Ao contrário do que acontece no B2C, no B2B a perda de apenas um cliente relevante pode abalar fortemente o negócio. Daí a importância de garantir a lealdade dos clientes, conhecendo-os e servindo-os de acordo com as suas preferências.
Em resumo: As empresas têm que investir no conhecimento das necessidades dos clientes relevantes para os servirem cada vez melhor e garantirem a sua lealdade no longo prazo.
#4º - O Novo Paradigma do Trabalho
As expetativas dos trabalhadores mudaram radicalmente com a pandemia.
Apesar de em Portugal apenas 30% dos postos de trabalho poderem ser desempenhados de forma remota, essa realidade irá