ANTÓNIO NOGUEIRA DA COSTA
CEO da efconsulting | docente e membro do N2i do IPMaia
Sucessão na Liderança.
Uma ameaça ou uma oportunidade?
Uma empresa familiar possui nos genes o desejo de assegurar a sua eternidade; contudo, para caminhar com este objetivo como farol, necessita de assegurar um bom planeamento da sucessão na sua liderança.
A continuidade das empresas familiares, enquanto negócio sustentável e sob o controlo da família, é um desejo natural e comum às famílias empresárias®. Na sua essência, os negócios familiares podem ser eternos, no entanto, como humanos, vamos perdendo as faculdades e somos mortais (ver caixa referente à declaração de Bento XVI aquando do anúncio da sua resignação) pelo que, com o passar do tempo, seremos confrontados com a necessidade da sucessão na liderança da empresa e, em simultâneo ou em tempo diferido, na passagem da posse da sociedade a novos proprietários.
Os líderes devem focar-se na sustentabilidade da empresa numa dupla perspetiva. A primeira, rentabilidade, deve ser a adequada para assegurar investimentos na melhoria da competitividade e para suportar a política de remuneração dos acionistas.
A segunda, continuidade, deve ter a preocupação de procurar a perenidade da sociedade, planeando e implementando planos de sucessão na liderança – preparar potenciais sucessores e passar o testemunho aos eleitos no momento adequado –, e no controlo do capital – preparar os futuros sócios para saberem ser bons acionistas.
Nas empresas familiares associam-se estas sucessões às dinâmicas geracionais; isto é, ao surgimento e ligação das novas gerações familiares à empresa, à coexistência geracional e passagem de testemunho e aos inerentes momentos de crise que, muitas vezes, resultam numa hecatombe da empresa familiar. A sabedoria popular de países de continentes como a Europa, EUA e Ásia, comunga dessa profecia - as empresas familiares possuem enorme dificuldade
em sobreviver à 3ª geração familiar -, refletindo as etapas geracionais como um momento de crise e fatalidade.
Assumindo estas dificuldades e desafios, devemos recordar as palavras do Papa Francisco (mensagem por ocasião da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas): “Não saímos de uma crise da mesma maneira, ou saímos melhores ou saímos piores”.
A coexistência e a sucessão na liderança, quando encarada como um processo que permite colocar em interação duas, ou mais, gerações, permitirá elevar a empresa a um outro nível de competitividade. A coexistência geracional de pessoas com profundo conhecimento e práticas do negócio com outras carregadas de muita energia, novas ideias e vontade de as implementar é a perspetiva otimista na qual as famílias empresárias® se devem focar e potenciar.