prático da incapacidade nacional do mesmo.
Visto continuar a ser um tema da chamada “bolha mediática”, vou atualizar o texto inicial na expectativa de contrariar o Principe de Falconeri, de pouco mudar para que tudo não fique na mesma...
Seguramente que muitos de nós ainda se lembram das memoráveis tiradas de um inesquecível mago do futebol, nomeadamente com a imortal frase: “A força da técnica imperou sobre a técnica da força”....
Foi com este trocadilho de palavras que dei por mim a pensar no infeliz episódio relativo à novela do futuro aeroporto de Lisboa.
Não sendo uma qualquer “espuma do dia”, a situação caricata vivida em Julho de 2022, de evidente ou quiçá aparente insubordinação ministerial, prevaleceu algum tempo nos media e nas discussões diárias, até que novos temas mediáticos, relegassem este aeroportogate para plano secundário, como foi o caso dos infelizes acontecimentos dos incêndios de Agosto, o contínuo e galopante crescimento da taxa de inflação, os diversos e estrategicamente apelidados casos e casinhos com que regularmente éramos brindados e culminando com a “novela” da TAP, inicialmente criada por uma notícia de indemnização milionária que entretanto já deixou de ser...
Não pretendo abordar em termos político-tácticos, o episódio da (não) decisão relativamente à localização do novo aeroporto, nem sobre os comportamentos ou atitudes risíveis dos respectivos intervenientes perfeitamente visível para todos nós, nem muito menos, referir qualquer tipo de questões relacionadas com sucessões de liderança partidária.
Entendo sim, ser relevante elevar a discussão e sobretudo, elevar a exigência da nossa sociedade para algo bem mais sério, nomeadamente, a indefinição nacional e ausência de planeamento nas questões fundamentais para o nosso país.
Uma necessidade evidente como a do novo aeroporto que data, pelo menos, desde 1969 e que ainda não vê a respectiva “luz do dia” deverá ser motivo de reflexão.
Afinal de contas, educar e formar os jovens de modo a assegurar futuro da nação e ao mesmo tempo, promover esta visível incongruência de indefinição com mais de cinquenta anos, não deve deixar ninguém tranquilo nem tão pouco orgulhoso...
A crise petrolífera mundial e a revolução de Abril da década de setenta, o segundo resgaste financeiro que o país foi sujeito e a respectiva admissão na antiga Comunidade Económica Europeia na década seguinte, podem ser, eventualmente, justificações para o adiamento desta concretização ao longo do século XX.
De qualquer modo, não seria possível ter sido iniciado a construção ou pelo menos, iniciar o desenvolvimento do respectivo projecto, no final do século passado ou mesmo, no início deste século? A resposta é mais que óbvia: Sim!
E a solução encontrada seria de consenso geral e sem qualquer impacte negativo? Seguramente que não!
Contudo, tal realidade raramente ou mesmo nunca ocorre numa decisão desta natureza atendendo às diversas implicações e consequências associadas.
É, acima de tudo, possuir capacidade de assumir uma decisão que deveria estar prévia e devidamente planeada.
Referido regularmente como sendo um investimento estratégico não só para a região mas também para o país, seria naturalmente exigível a participação de uma equipa transversal, com a necessária capacidade técnica e com representação de diversas partes interessadas da sociedade, nomeadamente, as empresas do sector do ambiente, as autarquias, as universidades, entre outras, de modo a encontrar uma solução para um determinado objectivo.
Seria “apenas” necessário que esta equipa tivesse capacidade de planeamento com foco neste objetivo de futuro aeroporto.
Os interesses que regularmente se apregoam como estando a gravitar à volta dos grandes investimentos públicos não podem, só por si só, ser a justificação para esta óbvia inércia e contínua indecisão.
Salvo raros exemplos e
maioritariamente associados ao sector privado, não existe enraizado no nosso país uma cultura de perspectivar o futuro, a nível de questões estratégicas.
Seria interessante conseguir apurar o número de organizações nacionais que aplicam o conceito de criação de possíveis cenários para fins de planeamento estratégico...Mas se logo à partida existem défices de não se planear a (quase) inexistência do respectivo enquadramento com a estratégia não deve ser algo que deva surpreender...
O contínuo adiamento da decisão sobre este novo aeroporto de Lisboa, para além do óbvio lamento, não é de todo, algo que nos deva surpreender mas deveria ser um excelente exemplo de reflexão para, de uma vez por todas, alterar este triste fado lusitano.
Concluindo, é urgente adquirir uma valência nacional que permita garantir o desenvolvimento desejado para o nosso pais: a criação de uma efectiva cultura de estratégia de planeamento.
O Ensino tem um papel preponderante nesta mudança de paradigma. A introdução de programas que apelam ao planeamento em cada disciplina leccionada e por exemplo, a realização de um mini-projecto de ano que exija aplicar a capacidade de planear aos alunos, poderá seguramente auxiliar na criação do enraizamento deste importante factor de desenvolvimento pessoal, com impacte directo posterior nas organizações tendo em conta o efeito nas respectivas funções dos futuros profissionais.
Com esta realidade aplicada, a cultura organizacional iria ficar mais valorizada, resultando num melhor output empresarial com consequências de benefício directo para o designio nacional, nomeadamente, na capacidade de: projectar, implementar, monitorizar e concretizar.
Se depois existe a fundamental capacidade de liderança com sapiência e acima de tudo, vontade de governar, ou a existência de interesses obscuros e nefastos para o interesse comum, isso são “contas de outro rosário”...
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