A
digitalização permitiu que todos tivessem acesso à informação e possam
partilhar todo o tipo de opiniões. O equilíbrio de poder, que costumava ser monopólio
da empresa, inclina-se agora claramente para o lado do cliente. A relação entre
a empresa e os seus clientes alterou-se de forma significativa. O cliente
envolve-se em todas as etapas da cadeia de aprovisionamento e a sua influência
e exigências terão impacto nos produtos, serviços e preços. Graças às redes
sociais, o cliente tornou-se uma figura central que desafia os modelos de
negócios habituais praticamente em tempo real, interage com o fabricante e
exige a personalização em massa de produtos e serviços.
Os
clientes podem comparar, aconselhar e influenciar os produtos e os serviços,
dissipando a fronteira entre produtores e clientes. Com o acesso permanente à
web, graças aos tablets e aos smartphones, a informação, classificação e os
comentários são feitos em tempo real e podem ser mais eficazes do que as
dispendiosas campanhas publicitárias cuidadosamente planeadas.
Prosumers
Estes
clientes influentes são referidos como "Prosumers", isto é, consumidores profissionais (embora este
termo possa ter diferentes interpretações).
Os
prosumers estão tão envolvidos na
avaliação dos produtos ou serviços adquiridos que até podem encontrar soluções
para resolver erros ou encontrar ideias técnicas ou de design a melhorar. Os prosumers não falam apenas sobre o
produto/serviço, mas também sobre o seu meio ambiente e são influenciadores
fortes. Esta nova geração de clientes analisa tudo, preocupa-se se a empresa é
um bom cidadão empresarial (ver a Apple, a Starbucks e o pagamento de
impostos), um bom empregador, se respeita o ambiente e se envolve na
comunidade.
Recentemente,
em França, o apoio dos clientes aos produtores de leite locais influenciou o
resultado das negociações entre os maiores hipermercados e os produtores.
Muitos
clientes avançam com as decisões de compra ao lerem os comentários, a
classificação e as recomendações dos clientes anteriores em websites como o
TripAdvisor, a Amazon, etc. Bem conscientes disto, os fabricantes e os
retalhistas tentam ser proactivos e reunir os dados dos seus clientes de modo a
pedirem feedback depois uma compra.
Comunicação
As
empresas já constataram que a digitalização significa um compromisso mais forte
com todas as partes interessadas - funcionários, fornecedores, accionistas, bem
como clientes - e a utilização de todos os canais digitais, como parte da
estratégia da empresa. Embora inevitável, a utilização desses canais digitais
implica uma mudança no relacionamento habitual e uma perda de controlo na
relação com o cliente. Os comentários positivos e na maioria das vezes
negativos nos canais digitais podem tornar-se rapidamente virais e reparar os
danos causados levará muito tempo.
O
que está em causa é a comunicação e a interacção. As empresas que entendem a
mudança e são capazes de pôr em prática as ferramentas e os dados relevantes
terão uma vantagem competitiva significativa.
Os
clientes estão associados a todas as etapas, do R&D ao feedback pós-venda.
Mais envolvimento e mais poder de consumo também provocam mais concorrência
entre as empresas que não se focam apenas no produto ou nos serviços vendidos,
mas também no tipo de relação construída entre a empresa e o cliente.
As
comunicações digitais são uma arma fundamental na concorrência: o diálogo (tom
e conteúdo) pode tornar-se numa ferramenta de diferenciação para alcançar a
vantagem competitiva necessária num mercado muito competitivo. A transparência,
a colaboração e a interacção são vitais: o cliente, o produtor e o fornecedor
encontram-se no mesmo pé de igualdade. O prosumer
também informa sobre os pontos fortes e fracos dos produtos e serviços dos
concorrentes - uma valiosa fonte directa de informações.
Isto
significa que as empresas têm de desenvolver uma cultura digital interna -
coordenada pela administração - para aumentar a reputação da marca e a
fidelização dos clientes através da identificação e do desenvolvimento de um
intercâmbio construtivo com as diferentes partes interessadas. Isto significa
desenvolver relações fortes com os prosumers
que são potenciais defensores da marca e restitui um determinado controlo
graças à transparência, ao conteúdo e à moderação, em vez de deixar dois
monólogos paralelos (empresa e cliente) a funcionar lado a lado.
Na
batalha competitiva já não se trata apenas de ter os melhores produtos ou
serviços, mas também de ganhar opiniões.