Composta por distritos e municípios com
características geográficas, históricas e culturais próprias, a região marca ainda
a transição das costas do Atlântico Norte para o nordeste da Península Ibérica
e sul da Europa.
Localizando-se no interior norte de Portugal e
possuindo uma área de aproximadamente 4.112 km2, distribuída por dezanove
municípios, a região integra uma vasta área económica que inclui o Norte e
Centro de Portugal e as Regiões Autónomas Espanholas da Galiza e de Castilha
Leon, representando no seu conjunto quase 10 milhões de consumidores com um Produto
Interno Bruto (PIB) per capita médio de mais de 17 mil euros, um valor superior
ao PIB per capita português. Acresce que graças à forte integração da União
Europeia, às históricas relações entre os dois países e aos crescentes laços
regionais entre o norte de Portugal e as regiões espanholas da Galiza e de
Castilha Leon, significa um crescente fluxo de consumidores que visitam a região.
Fortemente influenciada pelo Rio Douro, os seus
afluentes e pelo terreno acidentado e montanhoso, a região do Douro
caracteriza-se pela existência de importantes recursos naturais, agrícolas e
culturais. Nesse sentido, o turismo, o vinho, todo o setor primário, a gastronomia,
o agroalimentar, a produção de energia e o setor terciário cada vez mais
musculado, são hoje caraterísticas essenciais, únicas e de excelência, para a
afirmação deste território como uma região fortemente apetecível e
inequivocamente estratégica.
Para além disso, também no domínio cultural, o
Douro possui um rico património cultural, com dois locais classificados pela
UNESCO como Patrimónios da Humanidade – o Alto Douro Vinhateiro e o Parque
Arqueológico do Vale do Côa. Algo de semelhante acontece também no que respeita
a sítios de valor ambiental, como é o caso do Parque Natural do Alvão, do
Parque Natural do Douro Internacional, do Parque Natural do Vale do Tua e de
vários outros locais que integram a Rede Natura 2000.
Disponibilizando, de uma forma integrada e
vantajosa, as suas excelentes potencialidades, nomeadamente a beleza natural, o
património construído e as estruturas turísticas que conjugam, de forma
harmoniosa a história, a tradição e a qualidade na arte de bem receber, o Douro
reúne ainda importantíssimos elementos de atualidade, como uma forte
implementação de indústrias modernas de características inovadoras. Nesse contexto,
a atualização tecnológica de setores considerados tradicionais como, por
exemplo, a exploração vinícola e a agroindústria ou as indústrias extrativas,
são um sinal inequívoco desta nova economia que se apoia na existência de
importantes polos de saber e investigação, nomeadamente as universidades do
Norte de Portugal e do Sudoeste da Península Ibérica.
Não obstante, a trajetória recente de crescimento
do Douro descreve uma região que revela a urgência de reforço do respetivo
processo de convergência, de aposta duradoura na reconversão
económico-empresarial e a necessidade de estruturação de uma sólida resposta
aos efeitos conjunturais sobre o nível de vida da região. Unido em torno do rio
e distintivo do ponto de vista das valias naturais, paisagísticas e culturais
que encerra, o Douro representa apenas 4,6% da riqueza total gerada no Norte, alcançando
somente 83% do PIB per capita desta NUTS II (2011), e enfrenta fortes desafios
de reforço da competitividade e de coesão económica, social e territorial.
Concentrando cerca de 4% do pessoal ao serviço e 5%
das unidades empresariais da NUTS II Norte, a região do Douro é caraterizada
por uma elevada atomização empresarial, onde 97% das empresas emprega 9 ou
menos trabalhadores e regista uma dimensão média de 3,4 trabalhadores/empresa, particularidade
que é globalmente verificada na região Norte. Entre 2004-2011, assistiu-se,
ainda assim, a uma dinâmica satisfatória de criação de emprego (11%) superior
ao crescimento do número de empresas (9%) o que indicia a implementação de
iniciativas empresariais de média dimensão.
Quanto à estrutura setorial a sua evolução denota
um processo de terciarização da economia regional, onde a população empregada
nos serviços aumentou cerca de 1%, entre 2001 e 2011, tendo decrescido nos
setores primário (-4,5%) e secundário (-2,3%), principalmente devido à redução
das necessidades de recursos humanos associada, respetivamente, à mecanização,
ao abandono das atividades agrícolas e à desindustrialização.
Ainda assim, a vinha, o vinho e a paisagem constituem o tripé mais valioso da região, uma vez que sobre estes se sustentam e dinamizam a vitivinicultura, a atividade económica que é a base do sustento económico da região. Recorde-se que o vinho do Douro possui uma marca e imagem de relevo à escala nacional e internacional, desde do vinho generoso, ao vinho de mesa, passando pela elevada qualidade dos espumantes naturais.
Ainda neste contexto, o Douro apresenta uma
economia fortemente polarizada pelas atividades agrícolas e hortofrutícolas de
gama variada, como a maçã, a uva, a cereja, a batata, a castanha, a amêndoa e a
azeitona, bem como outros produtos, que abastecem os mercados nacionais e
internacionais, constituindo-se, ainda, como uma importante fonte de trabalho e
de rendimento. Na atividade pecuária destaca-se a produção de gado caprino e
bovino. Neste âmbito, importa destacar o elevado número de produtos atualmente
certificados e com denominação de origem protegida.
Apesar de ainda não se encontrar devidamente
estruturado, o turismo tem-se vindo a afirmar na região do Douro, alicerçado no
elevado capital patrimonial, paisagístico e cultural e sobre a atratividade
vitivinícola do Douro. Neste contexto, o destino Douro possui produtos
turísticos fortes, tais como a gastronomia e vinhos, o turismo fluvial, o
touring cultural e paisagístico, o turismo de natureza, o turismo de saúde e
bem-estar, o turismo religioso, entre outros.
Apesar de a procura turística do Douro continuar a
ser principalmente nacional (cerca de 80%), sendo o segundo destino menos internacional
do Norte, a região apresenta um sem-número de oportunidades para a criação de
produtos turísticos diferentes, tais como o turismo lento, o turismo de emoção,
o turismo de negócios ou o turismo educativo e científico, que poderão ser
implementadas como ofertas turísticas complementares.
Salientando que o Douro “não é uma região diminuída
ou de menor importância para o país” e “que potencia e gera um grande
contributo económico nacional”, a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIMDOURO)
define no documento “Douro 2030 – Uma estratégia para uma década” que “o
turismo, o vinho, todo o setor primário, a gastronomia, o agroalimentar, a
produção de energia e o setor terciário cada vez mais musculado, são hoje
caraterísticas essenciais, únicas e de excelência, para continuarmos a afirmar
o Douro como uma região fortemente apetecível e inequivocamente estratégica”.
Neste contexto, o documento sublinha que a região
deve “consolidar uma cooperação estratégica entre os múltiplos atores locais e
regionais” que permita “afirmar o Douro como placa giratória do Interior Norte
no âmbito da Macrorregião do Sudoeste Europeu”, tirando partido do seu “potencial
e posicionamento geoestratégico”. Para tal, a região “tem de reafirmar o seu
posicionamento geoestratégico no contexto nacional e ibérico, o nível (elevado)
de acessibilidade externa e a (forte) capacidade de polarização funcional,
urbana e territorial, promovendo uma maior inserção no sistema urbano
macrorregional, reforçando a atratividade dos centros urbanos e da região e a
internacionalização dos seus agentes e atividades e contribuindo para o
incremento da sua massa crítica institucional, demográfica e empresarial”.
Num segundo momento, a estratégia aponta também
para a necessidade de “afirmar o Douro como um Pólo de Inovação e
Competitividade”, assente numa “estratégia de especialização inteligente da
base económica regional que valorize ativos e competências territoriais e crie
e fixe valor e emprego qualificado”. Este objetivo passa, segundo a associação,
por “construir um ambiente institucional e económico favorável ao
empreendedorismo, à criação de emprego em setores produtivos e à empregabilidade
alargada, valorizando o seu capital humano, criando condições para a fixação de
jovens qualificados, de modo a contrariar a tendência de declínio e
envelhecimento populacional e reduzindo a excessiva dependência da sua economia
do emprego público ou de atividades produtoras de bens e serviços não
transacionáveis”.
Como terceiro vetor estratégico, a CIMDOURO refere
a importância de “afirmar o Douro como um Território Ambientalmente Sustentável
e Socialmente Inclusivo”, comprometido com uma “utilização eficiente dos
recursos, a melhoria contínua da qualidade de vida das populações e o reforço
da coesão social”. Assim, a região deverá “valorizar economicamente os seus
recursos, ativos e competências territoriais, promovendo uma especialização
inteligente da base económica tradicional, garantindo uma maior e melhor
inserção nas fileiras produtivas e nas cadeias de valor e explorando sinergias
e complementaridades para desenvolver novas atividades e oportunidades de
negócios, fomentando o empreendedorismo, a inovação social e empresarial e o
desenvolvimento tecnológico e intensificando a dinâmica de internacionalização
e a competitividade territorial”.
Por fim, o documento sublinha ainda a necessidade
de “afirmar o Douro como um Território em Rede”, suportado em “parcerias
institucionais alargadas e práticas consistentes de cooperação intersectorial
que promovam as lógicas de eficiência coletiva e garantam uma adequada
governança territorial”. Como tal, a região deverá apostar na “dinamização de
parcerias institucionais e na cooperação territorial, incentivando a cultura e
as práticas do trabalho em rede, fomentando a construção de consensos
interinstitucionais e intrarregionais alargados que combatam a atomização e a
fragmentação institucional, potenciando as lógicas de eficiência coletiva e
garantido o aprofundamento e a qualificação da governança territorial”.
Com uma história milenar, uma paisagem belíssima, um património arquitetónico único, um foco na aliança entre a tradição agrícola e vinícola e a modernidade de algumas indústrias que souberam adaptar as características próprias da região com as exigências dos mercados, uma atenção particular à ligação harmoniosa entre o que foi feito pela imaginação das pessoas e o que foi gerado pela força da natureza, uma rede de transportes moderníssimos e integrada numa área com vários milhões de consumidores com capacidade económica acima da média, a região do Douro reúne as condições necessárias para ser justamente considerada uma das últimas oportunidades de investimento e negócios no noroeste da Península Ibérica.