Esta pandemia trouxe à nossa realidade a certeza de que poucas coisas se mantêm ainda certas; que nada mais será como antes e que precisamos reinventar-nos.
Mais do que nunca, mantermos a clareza mental e a lucidez é fundamental. Precisamos tomar decisões, adaptarmo-nos rapidamente a uma nova realidade, assumir novos rumos, redirecionar o foco.
Com a mudança vem a incerteza, a dúvida, o medo e, se deixarmos que este predomine, vêm as más decisões também...
Quando o medo se instala o corpo começa a libertar as hormonas do stress e entra em estado de alerta preparando-se para lutar ou fugir, como se estivessemos ainda nos primórdios, e vivêssemos a iminência do surgimento de um predador que teríamos de combater para sobreviver.
Nesse estado, o sistema nervoso simpático é ativado e o sistema imunitário enfraquecido deixando o organismo vulnerável. Entramos no modo de sobrevivência, no qual a prioridade não é criar, pensar fora da caixa, aprender, imaginar, buscar soluções originais, mergulhar dentro si mesmo em busca das grandes respostas. Quando o nosso corpo entra em alerta vermelho é tempo de correr ou combater.
Mas o mundo mudou e agora, mais do que nunca, precisamos de nos reinventar, de ser originais, de refletir, de ter a máxima capacidade do nosso cérebro direcionada para o encontrar de soluções!
Já não estamos na selva e já não é a iminência do predador que espoleta o stress. Atualmente o que nos coloca nesse estado é, sobretudo, a cafeína e a nossa perceção da pressão e urgência! Ficamos obcecados com o tempo e a perceção que temos é que estamos constantemente no risco de ficar para trás, de não ter tempo para tudo o que temos que fazer, de que não vamos estar à altura dos desafios com que nos deparamos...
Cada vez mais o stress que sentimos independe das situações geradoras e tem muito mais a ver com a forma como decidimos, mais ou menos conscientemente, interpretar, categorizar e significar essas situações!
Se percecionamos uma nova realidade como um problema, como uma dificuldade, com previsões negativas, desencadeamos como resposta todos os malefícios do stress; mas se a mesma situação for observada pela ótica do desafio, desencadeamos entusiasmo, criatividade, capacidade de realização e uma tomada de decisão baseada não no medo, mas num mindset vencedor!
Se queremos lidar com tempos de mudança precisamos de pensamentos construtivos virados para a procura de soluções, de uma nova forma de sentir transformando o medo poder, de uma nova forma de agir.
Vou-te contar um segredo: ao nível físico , quando estamos com o sistema nervoso simpático em dominância (o tal da luta ou fuga), a única coisa que a ciência hoje sabe que nos tira disso, é ativar o sistema nervoso parassimpático (o outro braço do sistema nervoso responsável pelo descanso, pela digestão, pela reparação e reprodução), e isso consegue-se através de expirações longas.
Para sair do estado de stress, precisamos tornar-nos conscientes da nossa respiração; fazer respirações nasais (inspirando e expirando pelo nariz), diafragmáticas (quando inspiramos o abdómen é projetado para fora, e quando expiramos é contraído para dentro), com um ritmo constante (que envie um sinal ao cérebro de que tudo está regulado, de que estamos em segurança), e com expirações mais longas que as inspirações (uma vez que quando expiramos ativamos o sistema nervoso parassimpático).
Algo simples, ao alcance de qualquer um mas extremamente transformador!
A verdade é que quando regulamos o bater do coração estabilizamos o nosso estado emocional.
O medo é uma emoção. Stress é apenas outra palavra que usamos para o medo de algo que achamos não poder controlar. Cada emoção tem uma forma muito específica de bater do coração e ao torná-la ritmada e profunda saímos do espectro do ritmo do medo e entramos num estado de bem estar. Ao final de poucos minutos as diferenças fazem-se sentir, e treinando 10 a 20 minutos todos os dias começamos a recondicionar a resposta do nosso sistema nervoso por completo!
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