Confesso que no início isso irritou-me, pois, o meu foco era a aprendizagem e não o turismo, e sentia aquela opção como uma certa “preguiça” e facilitismo que inibia a minha possibilidade de poder aprender mais. Tornei-me um formando mais cético e até crítico, até que um dia fomos a uma praia e quando dei por mim senti uma felicidade profunda enquanto me banhava com os meus colegas nas águas quentes do mediterrâneo, numa baía que parecia ter o poder de parar o tempo. Naquele momento, uma colega da Letónia, olha para mim e diz: “Finalmente relaxaste!”
Fiquei a pensar naquilo e, agora passados catorze anos, apesar de gostar muito e continuar a aplicar as técnicas do Edward de Bono regularmente no meu trabalho, lembro com mais prazer e gratidão esses momentos de descoberta e ócio depois do curso, do que do curso propriamente dito. Fui lá para desenvolver a minha criatividade e descobri que, afinal, o formador tinha razão, a criatividade desenvolve-se com trabalho, mas também com ócio.
É preciso saber parar para deixar o cérebro incubar e fazer novas associações. No entanto, saber parar é das coisas mais difíceis!
Tornei esta questão alvo da minha reflexão no primeiro capítulo do meu livro sobre criatividade “De Clone a Clown”. Partilho convosco algumas dessas reflexões neste artigo.
Estar num estado de constante ansiedade para a execução diminui a possibilidade de fazer as coisas de forma diferente. A tendência é para ‘despachar o assunto’ e reagir à pressão com as ideias que achamos que já resultaram, para nós ou para alguém, no passado. Entramos numa espécie de ‘piloto automático’, cego às diferentes possibilidades que a realidade atual nos oferece. Por essa razão, é importante colocar em prática novos hábitos diários que permitam encontrar um espaço de tranquilidade e relaxamento propício à produção de ideias originais.
Quando estamos acordados, ativos e concentrados, a atividade elétrica do cérebro produz padrões de ondas cerebrais conhecidos como Beta. Quando começamos a relaxar e a sentir um bem-estar calmo e tranquilo estamos na área conhecida como Alfa. Quando estamos a adormecer, naquela fase ‘meio acordados, meio a dormir’ o nosso estado é chamado de Teta e por fim, quando estamos num sono profundo, as ondas emitidas são as Delta.
O estado Beta de forma continuada pode ser resultado de estados emocionais como a tensão, a ansiedade e o stresse, o que inviabiliza uma concentração focada, dando antes origem a uma concentração difusa, pouco criativa. Por outro lado, observa-se que a melhor criatividade se encontra no nível Alfa, um estado de relaxamento concentrado, fundamental para um bom equilíbrio físico e psicológico, propício à imaginação.
Conta-se que Thomas Edison, talvez o maior inventor de sempre, costumava sentar-se em frente à sua lareira segurando uma grande bola de metal. O fogo e o conforto da cadeira ajudavam-no a relaxar, mas se relaxasse demasiado, deixaria cair a bola e acordava. Dessa forma ensinou o cérebro a ficar nesse estado ‘Alfa Teta’ durante um determinado período no qual dizia ter as ideias mais criativas. Consta que o mesmo Edison, inventor de um tipo de cana de pesca e um ávido