25 de Janeiro de 2022






HUGO GONÇALVES

Executive Coach | Senior Organizational Engineer



A Tecnologia Social











"A Tecnologia evolui de forma exponencial, as Organizações transformam-se de forma logarí­tmica. Quanto aos Humanos os resultados são ainda inconclusivos".

Hugo Gonçalves




C

oloquei em formato visual a minha visão pessoal sobre esta frase que me surgiu e o resultado foi o esperado, pois de forma mais ou menos informal ia fazendo este “boneco” nos meus workshops e projetos. Para mim o mais impactante desta imagem não são as linhas logarítmicas e exponenciais. É o gap, afastamento, divergência que se acentua à medida que o tempo passa. É outro tipo de distância social.

Ou seja, o Mundo está a fugir do nosso controlo. Que irónico, quando passámos milhares de anos a tentar: 

1. Interagir com o Mundo, mantendo-nos Vivos;

 2. Compreender o Mundo, explorando-o (expedições e curiosidade); 

3. Moldar o Mundo, explorando-o (extração de recursos e guerras); 

4. Controlar o Mundo (levar os standards, dados e informação aos limites).

Ainda relativamente à citação do início, como as Organizações se transformam de forma logarítmica, obviamente também nós como Pessoas seguimos esse percurso. Mas de uma forma mais caótica. Imprevisível! As Organizações são o MCC (mínimo consenso comum) das Pessoas.




Evolução Pessoas vs Tecnologia

Nós como Pessoas somos Lava e as Organizações são Lava + Trilhos/Canais que nós rasgamos para que a energia e impacto dessa lava possa ser direcionada para resultados e valor. E para que o gap mencionado há pouco não atinja distâncias irrever­síveis temos apenas duas hipóteses – ir atrás da Tecnologia ou eventualmente abrandá-la.

E aqui caímos em mais um “pecado” coletivo de inter­preta­ção:

Temos sempre a tendência a associar a palavra Tecnologia a algo umbilicalmente ligado à digitalização, automação, software e inteligência artificial.

Mas se virmos a origem da palavra, tecnologia significa “Transformar Conhecimento e Experiência em Resultados Práticos e que possam tem Impacto na Vida e Evolução das Pessoas”. E porque é que esta definição é importante?


Porque através dela, coisas como a Escuta Ativa, Meaningful Conversations, Self Leadership, Inteligência Emocional, Alinhamento, Criatividade, Risco, Diversidade podem ser consideradas Tecnologias. Hoje e cada vez mais, tudo o que fazemos e fizermos terá uma vertente e foco SOCIAL.

Que tal isto como ideia disruptiva?

Não apenas pelas interações mas pelos impactos e pela necessidade de cada vez mais termos sentidos de ur­gên­cia comuns e globais que facilitem a cola­boração ágil e sem grandes “merdas” – leiam se burocracias, foco em controlar, 


etc.

Ou seja, É Possível!

Profissionais e Organizações Serem e Trabalharem de forma diferente e equilibrada!

Acho que alguns dos meus colegas e clientes que, quando eu e outros colegas ligados ao desenvolvimento do Capital Humano e Organizacional propúnhamos esta fluidez através do Self Leadership, Coaching, Design Thinking, Equipas Autónomas, Cultura por Valores, etc. e torciam o nariz ou até algo mais interno como o Ego e Receio, agora não terão grandes argumentos.



Considero que o Coaching, o Design Thinking e as abordagens de desenvolvimento de equipas autónomas como o Management3.0 e as Liberating Structures são Tecnologias Sociais (tendo em conta o significado que defini nas linhas acima). E são para mim a melhor e mais integrativa solução de Liderança e Desenvolvimento. É relativamente fácil ver uma correlação/alinhamento quase total entre estas abordagens. 

O truque e talento é escolher a receita/mix adequados a cada equipa e organização.



Para além do que fazemos, experienciamos e desenvolvemos que é apresentado na figura anterior, é também importante ter uma noção de individualidade e grupo que está relacionada com o mindset e heartset necessários para que isto tudo se “encaixe”:

ME

A parte do [ME] tem a ver com o nosso próprio desenvolvimento em questões chave como ver as coisas da perspectiva interna e externa (720º), conseguirmos comunicar com as nossas equipas em processo de partilha das nossas ideias e estarmos receptivos a fazer o mesmo com as partilhas deles. Conhecer e Regular o nosso Interior, ser Curioso e estabelecer as melhores Parcerias com o Interior dos Outros.



Tornamo-nos facilitadores, que por acaso fazem um part-time na liderança e gestão ou nos votos de qualidade em questões onde o consenso não seja alcançado.

Implica saber quais as fronteiras, âmbitos, saber falar vários idiomas (cada um de nós tem o seu) e tentar encontrar a nossa própria “Voz” e ajudar os outros a encontrarem a deles.

WE

Aqui trata-se de como conseguimos colocar as competências, paixão, energia e personalidade ao serviço de um todo, ou focado num determinado desafio, oportunidade ou resposta que tem que ser dada a nível organizacional – sempre Human Centric.


A transformação organizacional (que muitas vezes não implica grandes transformações digitais) necessita de espaços sociais comuns onde através de foco, transparência e ecossistemas de conversas abertas permitem que os melhores especialistas da Organização – as suas Pessoas – possam ter uma visão síncrona e única dos mapas e territórios internos e externos que existem.

O mais importante das atividades realizadas aqui nem são tanto os canvas, post-its e uma visão coerente do que se passa. São as conversas que desblo­quei­am enviesamentos, percep­ções e mal entendidos e as decisões que após todos estes percursos se tornam tão claras e menos complexas do que seria de supor. Cria-se uma 


inteligência social. Por isso considero que nem a consultoria nem a formação “pura e dura” conseguem dar resposta ao que apresento neste ponto. A facilitação – criação customizada de percursos / roadmaps para que as equipas coloquem as “mãos, cabeça, coração, diversão e sonhos” na massa – é o que traz uma transformação e evolução perenes e autossustentáveis.

US

O [US] tem a ver com tribos. Com o Social. Com a Cultura e Workflow Orga­nizacionais. Enquanto a fase [WE] é es­tra­tégica, criativa e de lessons learned, aqui temos que criar o ecossistema que permita que várias personalidades, com­pe­tências e emoções possam interagir.



Expetativas, âmbitos, objetivos pessoais e coletivos, barreiras e riscos, valores comuns e regras de interação, comunicação (que podem ser desenhadas pela própria equipa ou em conjunto com os seus líderes) permitem que todo o valor, consciência e transformação definidos nas fases anteriores tenham espaço, ar para fluir.

A Lava vem aí.

Vamos ser Estratégicos e Curiosos sobre quais os trilhos e canais que podemos construir nos nossos solos (Pessoal, Profissional e Organizacional) para que essa energia possa ser colocada ao nosso serviço.

Pois é da lava que surgem os solos mais férteis


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