Quase sem pensar, respondi-lhe o seguinte: “Estratégia e Gestão são old news”. E algum tempo depois, mesmo dedicando algum espaço para uma reflexão lógica, a ideia manteve-se.
Acho que a resposta intuitiva que dei ao meu amigo merece uma justificação estruturada e nesse sentido decidi abordar este assunto.
Quantas vezes se sentiu frustrado no final de uma reunião estratégica onde a agenda era definir novos caminhos e formas de mudança? Quanto tempo, recursos, energia, euros foram utilizados sem acrescentar valor?
A maior parte das abordagens e metodologias que utilizamos para resolver desafios e definir novos caminhos para Pessoas, Negócios e Organizações estão desde logo inquinadas, basta escolher o seu “veneno”:
- Falta de Liderança;
- Falta de Sentido de Urgência;
- Planear, Gerir e Executar tendo a empresa e o “umbigo” como foco e não o Cliente como farol;
- Falta de Curiosidade;
- Falta de Comunicação Interna e Externa;
- Foco apenas na Execução e não no Propósito.
- Foco em querer Vender, em vez de querer Resolver Problemas, Poupar Tempo e Proporcionar Experiências aos Clientes, criando assim um Lucro com Propósito e desenvolvendo o bem-estar da sociedade.
É necessário uma espiral “controlada” de disrupção, em que se mudam atitudes e se fazem evoluir competências. Nesse sentido, é necessário ter bem consciente os seguintes contextos – Propósito, Empatia e o Fluxo, que materializam uma filosofia de renovação | renascimento.
Há cerca de 5 anos “surgiu-me” à frente uma abordagem denominada Design Thinking (DT).
É uma abordagem lógica e estruturada, mas baseada na curiosidade e na criatividade. Assenta num conjunto de etapas e ferramentas que têm por objetivo imaginar, desenvolver, experimentar e implementar novas realidades, ideias, produtos, serviços e quaisquer outras necessidades que o Cliente ou a Sociedade (por isso o Design Thinking é também Human Centric) possam almejar ou criar ao longo do seu processo de evolução.
Olho para esta metodologia e para as necessidades de Pessoas e Organizações neste mundo volátil, intenso e que desperta novas consciências e necessidades nos Clientes e Utilizadores.
Porque não então alinhar os princípios do Design Thinking e imaginar esta metodologia como uma filosofia de estratégia, liderança, empowerment, desenvolvimento do capital humano e alinhamento de processos, comunicação, produtos e serviços com os clientes? Existem vários modelos associados ao DT, mas apresento as etapas que considero que facilmente se replicam num contexto de gestão e desenvolvimento organizacional:
- Sentido de Urgência e Propósito;
- Imersão e Interpretação;
- Geração de Ideias;
- Experimentação | Prototipagem;
- Implementação;
- Evolução!
Propósito | Visão | Sentido de Urgência
A Organização tem um desafio ou deseja implementar algumas mudanças? É necessário compreender a necessidade e os obstáculos que podem levar a essa urgência (estar atento) e ser curioso acerca do futuro. Também a “escuta ativa” de colaboradores, parceiros e clientes pode dar pistas para o melhor caminho. O porquê de mudar é uma questão que tem que ser respondida.
Descoberta
Os desafios estão definidos e o propósito da inovação está consciencializado e comunicado. Qual a abordagem a tomar? Como podemos compreender melhor tudo o que está envolvido nesta nova etapa? O que ganhamos? O que vamos continuar a perder se seguirmos o mesmo caminho? Quais são as fontes de conhecimento, informação, pesquisa e recursos necessários para poder ter a melhor perceção de tudo o que está envolvido com este propósito ou necessidade de mudança?
Imersão e Interpretação
As Pessoas e a Organização aprenderam algo. Como vamos interpretar e sintetizar? Quais são os insights mais importantes que recolhemos? Como é que eles se agrupam? Quais os temas e contextos dominantes? Como posso partilhar o que aprendemos com storytelling? Quais as principais conclusões a que chegamos e quais as principais oportunidades que se materializam? Qual o seu impacto?
Geração de Ideias
Temos as seguintes oportunidades para explorar. Como o podemos fazer através do melhor equilíbrio entre lógica, emoções, cognição, futuro e impacto para as Pessoas (Clientes, Utilizadores, Colaboradores)? Dentro da nossa cultura e organização, qual a melhor forma de realizar esta geração de ideias? Como as refinar? Que valor damos ao tempo investido nesta etapa? Como criar o hábito de refletir e imaginar as melhorias e novas oportunidades de forma regular dentro da empresa?
Experimentação | Prototipagem | Iteração
Temos as seguintes ideias a explorar. Como posso construir protótipos ou experiências que validem o impacto esperado das ideias geradas? De que forma deve esta experimentação e iteração ser cocriada e co executada com os clientes? Qual a melhor forma de receber o feedback que esperamos? Como sabemos que este feedback é verdadeiro e válido para a nossa análise?
Evolução
Experimentamos novas abordagens, processos, serviços produtos, formas de comunicar.
Como podemos fazê-los evoluir? Como transferir o conhecimento e experiências adquiridos para um repositório acessível e intuitivo e colocá-lo ao serviço das Pessoas e da Organização? Quais os resultados reais que estamos a obter? Qual o desafio seguinte? O que nos diz o nosso instinto de coolhunting?
Estamos no que eu defino de época Heartonomics – desenvolver negócios através do desenvolvimento emocional de pessoas e design de atividades focadas no Valor Emocional | Experiencial.
E no limite é isso que importa, porque Pessoas compram a Pessoas, Pessoas vendem a Pessoas. Negócios hoje em dia significa ajudar as Pessoas (serviços ou funcionalidades de produtos) ou a proporcionar experiências que levem a algum tipo de prazer, alegria ou realização pessoal.
E todas as Pessoas e Organizações podem ser Designers do seu Futuro!
Artigo em formato PDF