Provavelmente, muitas vezes já sentiste uma “admiração” superior àquela que desejavas relativamente a concorrentes.
E que até seria bom que tu, ou vários departamentos da tua empresa, ou a tua organização juntamente com outras, pudessem criar mais oportunidades. Melhores produtos e serviços e como consequência apresentar impactos e soluções verdadeiramente importantes para os vossos clientes e utilizadores.
Mas as pressões sociais são grandes. Externas e Internas!
Trabalhar em conjunto com aquele turno diferente do meu? Criar sinergias com departamentos que possuem KPI’s antagónicos aos meus? Oferecer valor diferenciado, robusto e positivo aos clientes com os meus concorrentes? Abdicar de visibilidade e reconhecimento “individuais” que tenho agora? Hein? Estás louco, Hugo?
Se tens uma abordagem cooperativa e positiva, este conceito híbrido de cooperação e competição ressoa de forma orgânica com a forma como vês o mundo, as organizações e os negócios.
Isto implica realizar ao mesmo tempo duas coisas muito paradoxais – competir e cooperar com os teus “concorrentes” ao mesmo tempo.
Quando procuro no Linkedin por funções/roles com a palavra Transformação ou análogas, em contexto organizacional, a palavra
Digital aparece antes ou depois em 87% das ocorrências.
Nada contra. As tecnologias foram e são fundamentais para criar fluxos, automatizar tarefas, criar segurança e confiança. No caso da Transformação digital, a tecnologia, os sistemas, os processos, a lógica e a razão permitem “mapear” de forma “mental” tudo o que está envolvido. As coisas são pensadas como processos, como sequências, entradas, saídas, recursos, competências, standards e KPI’s.
A questão é que, na minha opinião, este modelo de Transformação baseado apenas em processos e tecnologias é incompleto e contraproducente.
Porque a Transformação implica uma evolução simultânea, consciente e inconsciente. De vários valores, comportamento, hábitos e formas de ver o mundo de um conjunto enorme de pessoas. E o modelo da imagem anterior tem como pressuposto contextos estáveis e uma
velocidade de evolução gerível pelo Ser Humano.
As tecnologias não são grande coisa a “pensar” e a desenhar essas experiências. Essa responsabilidade cabe-nos a nós. Os Humanos.
Vamos ver o que implica “viver” em modo Coopetição, seja internamente ou externamente à tua organização e em diferentes contextos:
• Coopetição implica projetos com mindset ágil, não fusões e aquisições. Nesse sentido, não existe propriedade e poder de decisão que não sejam distribuídos. Implica também um ótimo awareness profissional e organizacional para que se possa encontrar o melhor match entre atividades, competências e responsabilidades. Uma espécie de IKIGAI de cada parte interessada. A Coopetição é uma escolha, não um dever.
• A autonomia, poder de decisão e acesso à informação, experiência e à comunicação com os stakeholders deve ter uma abrangência e distribuição máxima. Isto implica capacitar devidamente as Pessoas para essa nova liberdade com responsabilidade, através de abordagens organizacionais de empowerment, autonomia, holocracia e facilitação interna.
• Deve existir uma mistura orgânica e mutável entre a cooperação e a concorrência. Isto significa que todas as partes devem ser livres de competir de formas