ELES OLHAM PARA O QUE TU FAZES, NÃO PARA O QUE TU DIZES
Nesta conversa, gostaria agora de falar sobre o impacto que as lideranças têm neste tema. Um líder de uma equipa não tem o direito de exigir que as pessoas sejam felizes. Tem o dever de dar o exemplo e de criar as condições para que as pessoas sejam felizes no trabalho, se esse for um dos valores da empresa. Ninguém vai ser feliz por decreto! Aliás, a imposição de um ambiente só com emoções positivas corre o risco de ter o efeito contrário e o discurso da felicidade passa a ser recusado e até, em alguns casos, boicotado, pois é sentido como uma ‘positividade tóxica’, julgadora daqueles que não fazem parte do discurso dominante. Sejamos claros, alguns estudos nesta área, vêm comprovar que a herança genética tem um peso forte na nossa felicidade. Umas pessoas terão uma predisposição maior do que outras para as emoções positivas. Assim, creio que mais do que falar, ou exigir, as lideranças devem dar o exemplo de alguém que se foca nas forças dos seus colaboradores, que sabe transformar problemas em oportunidades, que vê o lado positivo das situações, que se foca nas soluções, que trata os colaboradores com empatia, que entrega feedback construtivo e que desenvolve as pessoas com real preocupação por elas e pela melhoria do seu desempenho. Esta liderança pelo exemplo, ao longo do ano, terá muito mais impacto do que eventos esporádicos sobre Psicologia Positiva.
A FELICIDADE NÃO SE COMPRA, NEM SE VENDE. É UMA ESCOLHA!
Vejo com agrado a quantidade de cursos, pós-graduações e eventos sobre Psicologia Positiva que têm sido criados ao longo dos últimos anos. Num país em que a melancolia e o pessimismo foram sempre muito dominantes, é bom perceber que estamos a contrariar
esta tendência e que existe mercado para o estudo da alegria, do florescimento, do flow e do bem-estar. Depois de dar formação em vários países no mundo, creio mesmo que Portugal poderá ser uma economia mais forte e respeitada se formos todos mais cooperativos e se tivermos mais autoestima (e menos ego). Em todo o caso, inquieta-me alguma banalização do tema (o que, aliás, é matéria fértil para humoristas cínicos que colocam no mesmo saco as abordagens sérias nesta área e algum life coaching que, por vezes, promete as tais receitas rápidas). Importa que as marcas falem de felicidade de forma mais consciente, não esvaziando a importância do tema em prol apenas de marketing fácil. Importa, também, que a oferta formativa nesta área não ceda à tentação de prometer o paraíso a custos elevados, mas que venda aquilo que a formação pode realmente oferecer: um mapa de navegação. A formação sobre Psicologia Positiva fornece um mapa, mas quem tem de navegar são os formandos. A formação abre portas, mas quem tem de percorrer os caminhos, é o próprio. Cada um sabe da sua vida. O formando pode escolher ser mais feliz, ou não. É a sua escolha.
A FELICIDADE DO DEVER CUMPRIDO
E a felicidade que obtemos das coisas que não nos dão prazer, mas que nos dão propósito? Sejamos honestos, às vezes ser feliz implica passar algum tempo a fazer coisas de que não gostamos, mas que temos de fazer para cumprir uma missão mais elevada. Às vezes, teremos de ser assertivos e dizer coisas que os outros não vão gostar, mas que sabemos que, para nós, estão corretas. Às vezes, teremos que ser autênticos, e, como tal, correr o risco de não sermos amados. Felicidade é também mergulhar intensamente na nossa verdade, desde que o façamos