CARLOS BRITO
Professor Porto Business School
Inteligência Artificial vs. Inteligência Humana. And the winner is…
A inteligência artificial é um hot topic no âmbito da gestão das organizações.
E no entanto, não é algo que tenha surgido recentemente – foi nos já longínquos anos 50 do século passado que John McCarthy utilizou o termo pela primeira vez – nem que se restrinja ao contexto empresarial – basta andarmos com um smartphone no bolso para que a IA interfira com a nossa vida no dia a dia.
Mas, e regressando ao domínio da gestão, a IA tem, de facto, uma vasta e cada vez mais relevante gama de aplicações. Sem pretender ser exaustivo, podemos apontar as seguintes, entre muitas outras:
BUSINESS INTELLIGENCE: a IA é usada de forma crescente para analisar enormes conjuntos de dados (big data) e extrair insights valiosos para a tomada de decisões, não só a nível operacional mas também estratégico.
Automação de processos: a automação de tarefas repetitivas e, principalmente, o machine learning permitem que os colaboradores se concentrem em atividades com maior valor acrescentado, aumentando a eficiência e, acima de tudo, a dignidade do trabalho.
Cadeias de abastecimento: a IA contribui para a otimização do planeamento, da logística de entregas e da gestão de inventários, reduzindo assim os custos e evitando disrupções nos abastecimentos, algo que está no centro das preocupações de muitos gestores nos tempos que correm.
Marketing e vendas: neste contexto a IA é utilizada em múltiplos domínios, a começar na análise de comportamentos e atitudes até à utilização de chatbots e assistentes virtuais, passando pela personalização de campanhas, otimização de conteúdos e previsão de tendências.
Recursos humanos: a IA pode, desde logo, ajudar na identificação de talento e respetivo processo de recrutamento, bem como na avaliação de desempenho e no desenvolvimento dos colaboradores, contribuindo para uma melhor gestão das equipas de trabalho e da própria cultura organizacional.
Análise de risco e segurança: algoritmos de IA são importantes auxiliares na deteção de padrões fora do comum, identificando dessa forma potenciais ameaças à segurança da organização, o que ajuda a proteger contra fraudes e ataques cibernéticos.
Essas são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais a inteligência artificial está a transformar a gestão empresarial, proporcionando eficiência e eficácia, rapidez de atuação, diminuição da probabilidade de erro e controlo de riscos o que, em última instância, se traduz em mais vantagens competitivas.
É neste mundo novo que cada vez mais gente se questiona: “será que com a IA vou deixar de ter emprego?”. Não há dúvida de que estamos perante uma revolução tecnológica com um impacto colossal no mercado de trabalho. Haverá (já há) profissões que vão desaparecer e outras que irão surgir. Mas, acima de tudo, as funções que realizamos serão (já são) profundamente afetadas pela utilização da IA.
O que significa que, sendo pertinente, a verdade é que aquela pergunta não é a que deve ser colocada. Como afirmou Alvin Toffler, “a pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada”. E então, qual é a pergunta certa? A pergunta certa, que qualquer um de nós deve colocar a si mesmo enquanto trabalhador, é “que competências devo possuir para tirar o máximo partido da IA?”.