O Ivo, português, tem uma relação muito especial com a Islândia. Começou por emigrar para trabalhar neste belíssimo país, no entanto, o seu lado curioso e aventureiro levou-o a aproveitar todos os momentos livres para descobrir os recantos e mistérios da ilha. Atualmente, partilha o seu conhecimento e as suas histórias, enquanto guia turístico, com grupos de todo o mundo. Poderão conhecer melhor a história dele no meu blogue 'Human at Work' ( human-at-work.com).
A atratividade de um dado serviço, objeto ou situação é inversamente proporcional à sua disponibilidade
Isto fez-me pensar que, de facto, aquilo que para uns é surpreendente e motivador, para outros pode ser comum e indiferente. Não depende apenas da qualidade do produto, mas depende em grande parte do contexto de cada um e do grau de originalidade e novidade daquilo que é oferecido. Outro fator importante a considerar é que temos tendência a desvalorizar aquilo que possuímos em abundância. Daí que o princípio da escassez, seja um dos princípios da psicologia de influência propostos por Robert Cialdini.
Este principio diz que a atratividade de um dado serviço, objeto ou situação é inversamente proporcional à sua disponibilidade. Cialdini concluiu nos seus livros, com estudos consistentes cuja leitura aconselho, que as pessoas tendem a valorizar mais aquilo que percecionam como sendo raro ou exclusivo (não importando se realmente é ou não). Ou seja, a escassez desperta o desejo: queremos mais aquilo que é único ou que só alguns podem ter.
Daí as estratégias publicitárias do "produto disponível por tempo limitado" ou "exclusivo para..." ou "tiragem limitada" ou, ainda, dos famosos avisos dos sites de reserva de hotéis, que querem acionar este princípio e fazer-nos agir, com os irritantes avisos a vermelho "rápido, já só resta um quarto a este preço!"
Importa ter esta consciência dos nossos automatismos mentais para saber contrariá-los quando o que verdadeiramente importa está em causa. Além disso, às vezes aquilo que parece abundante pode ser mais escasso do que pensámos. Há que saber valorizar o que vivemos, e o que temos, principalmente quando falamos de momentos e de pessoas importantes na nossa vida. Como escreveu G.K. Chesterton: "Para amar qualquer coisa basta perceber que ela pode ser perdida."
Nestes eventos internacionais, (...) é mais interessante a oportunidade de conhecer colegas de distintos países e ver como cada cultura interpreta os temas e participa nas atividades
jet lag, era o Aaryan, um tímido jovem nepalês de vinte anos. Enquanto caminhávamos pelas ruas de Manchester após o curso, disse-me que era a primeira vez que saía do seu país. Era contagiante o seu entusiasmo quando exclamava, olhando para todo o lado, "Isto é tudo tão diferente do sítio de onde eu venho!"
No final do curso, propus que ficássemos em contacto nas redes sociais, ao que ele responde; "Não tenho Facebook, Instagram ou Twitter. Decidi fechar essas contas para me poder concentrar mais na realidade, e no que acontece nesta viagem, e não no telefone e em publicar posts". Claro que compreendi e pensei que, se calhar, ele está mais certo do que eu, que passo, provavelmente, demasiado tempo das minhas viagens no Instagram.
Reparei, no entanto, que mantinha a aplicação de encontros Tinder no seu telefone. A procura de 'amor' não se desinstala...