29 de Maio de 2024





MANUELA RIBEIRO

Consultora e criadora da metodologia THE CHOICE – service awareness



A Inteligência Artificial e o que nos faz maravilhosamente humanos.


Será que podemos viajar juntos, nesta jornada de uma vida?



E

xistem frases que lemos em certo momento e que permanecem em nós para sempre. Uma dessas frases é do Vinicius de Moraes “ Essa busca do equilíbrio no fio da navalha.” Referindo-se à caminhada pela vida, no levantar depois de cada queda e na coragem que supera o medo.

É dentro desta perspetiva que eu olho para a Inteligência artificial – um equilíbrio no fio da navalha – a requerer atenção plena na sua utilização, capitalizando os aspetos positivos, sem descurar o que dá verdadeiramente sentido a esta experiência humana.

Antes de escrever este texto fui ver o vídeo THE AI DILLEMA,  em que Tristan Harris e Aza Raskin partilham as suas perspetivas técnicas sobre o tema, em termos do potencial de melhoria que esta ferramenta proporciona, mas também alguns impactos negativos que a mesma está a gerar. É neste equilíbrio que entra o fio da navalha – o espaço do fio é muito pequeno, um breve deslize … e o corte é inevitável.

Segmentando a aplicação da IA no campo do Desenvolvimento Pessoal,

naturalmente que serão muitas as possibilidades de crescimento, na medida em que já existem hoje inúmeras apps que permitem:

  • Gerar recomendações para determinados temas como, redução de stress, melhorar os níveis de resiliência, entre outros

  • Apresentar insighst, a partir de recolha de dados, que permitem tomar decisões de forma mais eficaz

  • Melhorar a aprendizagem, personalizando conteúdos, estilos e níveis de progresso

  • Perceber tipos de personalidade e padrões de comportamento, bem como criar hábitos e rotinas para trabalhar alguns desses padrões

  • Incentivar para a mudança e criar os planos de trabalho personalizados

  • Desenvolver a inteligência emocional, com recurso a simulações para refinar competências

  • Simular interações semelhantes às humanas

E muitas outras opções …

No entanto, do outro lado do tema, podemos:

  • Perder autonomia humana no processo de decisão – primeiro temos de perguntar à app, se aquela decisão é adequada

  • Criar uma dependência tecnológica extrema e ficar refém, de potenciais enviesamentos de informação

  • Aumentar significativamente os níveis de isolamento social – para quê conversar com um profissional/amigo /familiar? A plataforma está sempre disponível para responder.

É nesta dualidade que “o equilíbrio no fio da navalha” volta a ser utilizado, no sentido de utilizar:

- A vantagem de um reminder automático, de determinadas tarefas de um plano de melhoria, junto com um gráfico de atingimento de objetivos e um refazer do plano, com as alterações entretanto surgidas

E em simultâneo:

- A partilha com uma outra pessoa, de carater técnico ou pessoal, sobre estes mesmo resultados, a expressão 

das emoções daí resultantes, o permitir-se ativar o sentir e a troca de energia, que só acontece entre os seres vivos e que é fundamental, para que o equilíbrio, nesse tal fio tão fino da navalha, possa acontecer.

Soren Gordhamer é o fundador do evento Wisdom 2.0, que desde 2010 tem por objetivo promover um diálogo sobre como podemos viver com sabedoria, compaixão e consciência num mundo tecnológico e que tem vindo a criar momentos de partilha online sobre este tema da IA, de uma forma gratuita e acessível a qualquer pessoa. 

O que tem ficado claro nessas discussões, é uma grande preocupação pela escassez de regulamentação clara a nível global e a perceção de que – quanto mais se avança na tecnologia, mais se deveria avançar em termos de desenvolvimento da consciência individual – é essa consciência, que pode criar o equilíbrio no fio da navalha.







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quanto mais se avança na tecnologia, mais se deveria avançar em termos de desenvolvimento da consciência individual – é essa consciência, que pode criar o equilíbrio no fio da navalha.

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