29 de Maio de 2024


CAROLINA MONTEVERDE

Fundadora da Smile Stories



A importância na Autenticidade na comunicação


Vivemos uma era em que somos constantemente bombardeados por mensagens, notícias, publicações, discursos, campanhas, anúncios – todos querem a nossa atenção.



A

capacidade de retenção do ser humano é de apenas 0,1% a 1% de todas as mensagens às quais somos expostos diariamente, por isso fazer parte dessa percentagem é um dos desafios da comunicação.

Um dos principais factores que cria conexão, gera confiança e, por conseguinte, fica na memória é a Autenticidade.

Ser autêntico na comunicação não é apenas falar com "naturalidade". É assumir um compromisso com a verdade, com os valores que nos movem e com a coerência entre o que se diz e o que se faz.

Num mundo que premeia a performance e a estética, ser fiel à nossa essência tornou-se, paradoxalmente, um diferencial competitivo.

Autenticidade não é sobre ser "perfeito"

Muita gente confunde autenticidade com espontaneidade total ou sinceridade sem limites – com expressões como “eu digo o que penso”.

Mas ser autêntico não é emitir

opiniões sem cuidado e respeito pelo outro.

É comunicar de forma alinhada com quem se é, com responsabilidade, presença e verdade. É não precisar vestir uma persona que existe só para agradar, vender ou encaixar.

A autenticidade não elimina o cuidado com as palavras.

Pelo contrário: ela exige mais consciência sobre o impacto do que comunicamos. Quando somos autênticos, a forma como nos expressamos carrega consistência, e isso gera confiança – um dos ativos mais escassos (e valiosos) hoje.

Por que a autenticidade importa tanto?

Porque ela tem um poder que nenhuma técnica substitui: o da conexão real de seres humanos com seres humanos.

Num mundo em que muitos tentam parecer o que não são, o público – seja ele um cliente, um parceiro, uma equipa ou uma audiência – desenvolveu um radar muito fino para identificar quando uma mensagem é forçada, manipulada ou artificial.

Por isso, quando a comunicação vem de um lugar genuíno, ela encontra eco. É como se disséssemos, mesmo

sem palavras: “estou aqui de verdade”. É essa humanidade que nos liga.

    Autenticidade como estratégia (sim, ela também é)

    Falar em autenticidade como valor humano é importante. Mas ignorar o papel estratégico que ela cumpre na comunicação seria ingenuidade.

    Pessoas autênticas constroem reputações sólidas. Marcas autênticas fidelizam. Líderes autênticos inspiram.

    A autenticidade torna a comunicação mais eficiente porque elimina ruídos: ela deixa claro quem você é, no que acredita, o que defende – e também o que não é. 

    E isso atrai as pessoas certas, filtra as que não são audiência, poupando tempo, energia e dinheiro.

    Na era da sobrecarga de informação, não sobrevive quem fala mais alto – mas quem fala com mais verdade. Isso vale para campanhas, para apresentações, para e-mails, para reuniões e, claro, para as redes sociais.

    Mas e se eu não for ouvido sendo eu mesmo?

    Esse é um medo comum e há um risco na comunicação com autenticidade. Mostrar vulnerabilidades, opiniões pouco populares ou até uma forma




     

     

    de comunicação fora do "esperado" pode, sim, gerar resistência. Mas não há influência sem risco.

    A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, o preço de não ser autêntico é maior do que o de arriscar ser. Porque sustentar um personagem exige um esforço contínuo, desgastante e, na maioria das vezes, insustentável a longo prazo.

    Já a autenticidade pode não agradar a todos – mas atrai quem importa.

    Como cultivar a autenticidade na prática

    Autenticidade não é um dom. É uma escolha contínua, um exercício de escuta, coragem e alinhamento e que implicam:

    • Auto-conhecimento: não é possível comunicar com autenticidade sem clareza sobre quem se é. Reflita sobre os seus valores, motivações e limites.

    • Coerência: alinhe discurso e ação.

    A percepção de incoerência corrói qualquer autoridade

    • Vulnerabilidade consciente: não é preciso expôr-se totalmente, mas assumir falhas, dúvidas e aprendizagens humaniza a sua comunicação.

    • Consistência: seja consistente nos seus posicionamentos. Não mude de tom ou valores para agradar o algoritmo, a audiência ou a moda do momento.

    • Escuta ativa: a autenticidade também passa por ouvir com presença e responder com verdade – e não com respostas prontas. Esteja disponível para acolher o que os outros dizem de coração aberto. E sem medo.

    • Retirar o julgamento da equação: quanto menos julgar os outros, menos sentirá o julgamento de quem o rodeia

    e, por conseguinte, mais livre se sentirá para se exprimir em autenticidade.

    Autenticidade é uma exigência estratégica

    Autenticidade não é uma escolha estética — é uma exigência estratégica. Num ambiente saturado de estímulos e mensagens genéricas, o que não é real não passa o ruído. E o que não passa o ruído não cria conexão, não converte, não transforma.

    Ser autêntico não é moda. É o cerne da comunicação. É aquilo que diferencia a comunicação com efeito placebo daquela que cria movimento.

    Arriscaria a dizer que ser autêntico é uma questão vital, porque a alternativa é tornar-se invisível a ser alguém que não é.


    Autenticidade é o que torna a sua voz memorável num mundo que valoriza (e retém) o que todos temos em comum: a nossa humanidade.

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