7 de Fevereiro de 2024





MANUELA RIBEIRO

Consultora e criadora da metodologia THE CHOICE – service awareness



A MUDANÇA É PESSOAL!


Assim simples… no entanto a maior parte das nossas experiências, dentro das organizações, evidencia exatamente o contrário – “assim complicado!”



F

requentemente ouvimos, em vários níveis da estrutura organizacional, a famosa frase “o problema são as pessoas”, quando na sua essência, as pessoas simplesmente espelham algo muito mais profundo, que está a acontecer dentro daquela organização.

A minha experiência profissional levou-me a participar durante 12 anos nos programas Formação Ação, como Consultora de Ligação, ou seja, responsável pela elaboração do diagnóstico e pelo acompanhamento da implementação de medidas, efetuadas pelos consultores especialistas. A fase do processo que sempre me fascinou mais, foi a das entrevistas aos colaboradores

Encontrarmo-nos com as pessoas onde elas estavam, conhecer a realidade da produção, ouvir o que nos mencionavam sobre sugestões de melhoria e em simultâneo, sentir o que não era dito … mas ocupava espaço dentro daquela pessoa. Conhecer realidades concretas tão dispares como empresas produtoras de mobiliário, transformadoras de café, estações de serviço, floristas e pastelarias. Uma diversidade de realidades produtivas e comerciais, acompanhada por uma igual diversidade de pessoas e formas de estar … no entanto, os tipos de problemas eram muito idênticos.

No final desses 12 anos de prática anual, surgiu-me uma questão demasiado forte, a justificar uma busca profunda por respostas, que até àquele momento eu não tinha encontrado – estávamos em 2012.

A questão – porque é que em 12 anos, em que supostamente existiu evolução das organizações, os problemas não mudaram? - Tudo evoluiu e os problemas continuaram idênticos – Falta de motivação dos colaboradores – Falta de espírito de equipa – Falta de comunicação entre departamentos – Níveis de qualidade de serviço inferiores ao desejado - situavam-se frequentemente nos Top 10. Porque é que os problemas não mudam?

Em paralelo, nos EUA desenhavam-se os primeiros passos de uma proposta de mudança profunda, ao nível do estado de consciência de cada individuo, dentro de uma organização. Estávamos em 2012 e em pleno boom tecnológico, a Google convidava Eckarte Tolle, um escritor conceituado ao nível do desenvolvimento da consciência humana, para uma palestra subordinada ao tema - Digital Age: Living with Meaning, Purpose & Wisdom.

Em paralelo as conferências Wisdom 2.0, criadas em 2010, ganhavam mais notoriedade e um importante destaque internacional – foi aqui que em 2013 (exatamente 10 anos 

atrás) tive contacto pela primeira vez, com o Otto Scharmer, professor da famosa escola americana MIT e com a Teoria U por ele desenvolvida, uma metodologia caraterizada como – awareness based systems change – ou seja a proposta de uma mudança de comportamento dos sistemas, que acontece a partir de uma mudança de consciência de cada colaborador.

Esta mudança de consciência individual era um ponto que faltava na equação, era um ponto, que poderia ajudar a mudar o padrão de problemas que se repetiam constantemente – e esta visão era totalmente suportada pelo Modelo Iceberg, uma das ferramentas utilizadas em Systems Thinking, que evidencia que a causa raiz dos eventos está diretamente relacionada com os padrões mentais, a partir dos quais atuam, as pessoas envolvidas no sistema onde esses eventos ocorrem.

Como é que os padrões mentais têm evoluído?

Felizmente estes 10 últimos anos têm evidenciado um grande avanço no sentido do desenvolvimento pessoal dos colaboradores, com as empresas de tecnologia a servirem como exemplo de novas dinâmicas de colaboração entre equipas, como as metodologias Agile, em simultâneo com novas abordagens por parte dos especialistas em Recursos Humanos, colocando as pessoas no centro, percebendo as organizações 









como um conjunto de pessoas, que por sua vez desenvolvem processos.

Onde estamos hoje? Quantos dos problemas evidenciados no início deste texto, continuam a ser uma realidade?

O caminho faz-se caminhando e por isso, acredito que estão a ser dados passos importantes nesse sentido, mas ainda existe muito espaço para percorrer.

O foco na responsabilização individual, é algo que exige trabalho e muita clareza mental, implica olhar de frente para as questões difíceis que surgem, permitir-se sentir as emoções que essas situações criam, conectar com a fonte de sabedoria interna, que todos temos e efetuar uma Escolha consciente.

Este caminho é intenso, tem momentos em que não se sabe como seguir, mas existe uma intenção clara, um foco constante e uma certeza de que é possível manifestar a intenção. Essa certeza suporta a caminhada e impulsiona o passo seguinte.

Um exemplo claro deste processo é o movimento dos IDG – Inner Development Goals, apresentado no número passado desta revista, com o objetivo de trabalhar as nossas dimensões internas aos níveis do – Ser – Pensar – Relacionar – Colaborar – Agir – e poderá será um impulso interno fundamental, para que um futuro mais equilibrado possa ser manifestado na nossa realidade.

Na minha perspetiva este movimento indica claramente um caminho a seguir na direção de um futuro responsável e sustentável, porque a mudança é pessoal, quando nós mudamos, o mundo muda – e a ESCOLHA é nossa!

Nos últimos 10 anos, o mundo mudou significativamente e a revista Start & Go, acompanhou de perto os desafios, as oportunidades e criou espaço para uma diversidade de reflexões, por tudo isso expresso os meus Parabéns e a minha mais profunda Gratidão, por ter contribuído de alguma forma neste projeto.

Para o futuro desejo à revista Start & Go a continuação dos maiores sucessos, nesta intenção de entregar o melhor às organizações.

















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