ÂNGELA SILVA
Mentora de Slow Business
É possível ter um negócio e também vida própria – descobre o movimento Slow Business
“Slow Business? O que é isso?”
a pergunta que mais me fazem, com muita curiosidade à mistura. Afinal de contas, o que significa este conceito - para quem tem um negócio para gerir - num mundo tão frenético e acelerado?
É isso que vou partilhar neste artigo.
Se tens um negócio, podes ter sentido que o ano passou a voar. Mais uma vez, trabalhaste à noite e não foste ao ginásio. Sentes que os teus filhos estão a crescer demasiado rápido. No final de tudo, apenas sentes que trabalhaste muito e não tiveste tempo para mais nada.
A boa notícia, é que é possível teres um negócio e também vida própria. Conhece o movimento Slow Business e como ele pode trazer mais equilíbrio à tua vida. Um maior bem-estar. No meu caso, ajudou-me a passar de workaholic a 4 horas de trabalho por dia.
Mas antes de avançarmos, vamos perceber a origem do mesmo.
O termo Slow Movement nasceu em Itália, quando Carlo Petrini protestou contra a abertura de uma loja de fast food em 1986, na Piazza di Spagna.
E assim nasceu o termo Slow Food, um movimento que defendia a gastronomia tradicional, o respeito pelo ciclo biológico dos alimentos e o tempo de refeição sem pressas. Uma forma mais justa e equilibrada para todos os envolvidos.
Os empreendedores que adotam o movimento Slow Business têm uma abordagem mais consciente e sustentável, pois não se focam no crescimento rápido e no lucro a curto prazo. Por outro lado, focam-se no longo prazo, na ética e responsabilidade social. O propósito é construir um legado e um futuro melhor para as gerações futuras.
O movimento ressoou profundamente com tantas pessoas que rapidamente e de forma natural se expandiu para outras áreas, como o slow travel, slow cities, slow school, slow marketing, e claro, o slow business para quem tem um negócio para gerir.
E tudo isto, pode levar à reflexão sobre o que é ter um negócio de sucesso e uma vida bem-sucedida. Serão, afinal, conceitos compatíveis?
Acredito que, ter sucesso no negócio, é diferente de nos sentirmos bem-sucedidos.
Muitas vezes, os empreendedores até têm sucesso no seu negócio (ele cresce em vendas e clientes), mas não se sentem bem-sucedidos. Existe um vazio estranho, como se algo faltasse.
Então, será que no meio deste intenso trabalho, ficou algo importante por fazer?
• Alguma chamada à mãe, para que não se sinta tão sozinha?
• Algum jogo de futebol do filho por ver?
• Várias noites a dormir pouco para terminar algo?
Precisamos mesmo de falar sobre isto. Sobre a forma como este mundo está a evoluir. Esta cultura de comparação, impaciência e competição em vez de respeito, tolerância e cooperação.
Mas calma que eu não sou nenhuma santa. Durante mais de uma década, trabalhei 12 a 14 horas por dia, sábados e até domingos em multinacionais (Bosch e Sonae) em cargos de liderança de equipa, formação e gestão de projetos.
Foi, com uma filha na barriga, que fui obrigada a parar (para que corresse bem) e foi neste momento que percebi que a vida me estava a passar ao lado.