PEDRO AMENDOEIRA
Partner na Expense Reduction Analysts
As fadas e os factos
O nome de Sherlock Holmes evoca pensamento lógico profundo, baseado em premissas fortes. Como pode ter sido o seu autor, Arthur Conan Doyle, enganado por duas miúdas de 9 e 16 anos até ao final da sua vida?
m 1920 Conan Doyle publica um artigo, a que se seguiu um livro, demonstrando que existiam fadas. Como prova principal, apresentava fotos tiradas por duas inocentes crianças, Elsie e Frances, onde elas brincam com gnomos e fadas. Nesta altura da sua vida, com 61 anos, era mundialmente conhecido pela sua criação, graças à qual era um dos escritores mais bem pagos do mundo. Tinha sido agraciado com o título de Sir pelos seus feitos literários. Ao escrever o artigo e o livro, sabia que estava a apostar a sua reputação na veracidade das fotos. Ainda assim fê-lo, porque estava absolutamente convencido. Escreveu que as fotos iriam “marcar uma época no pensamento humano”.
Sessenta anos e muita controvérsia depois, as já idosas Elsie e Frances, confrontadas com provas concludentes, acabaram por admitir que tinham forjado as fotos de um modo bastante básico: desenhando em cartolina imagens que prenderam à vegetação com ganchos de cabelo. Para elas, tudo havia sido uma brincadeira.