Contando com a
experiência de quatro gerações exclusivamente dedicadas ao fascinante mundo da
apicultura, a empresa tem evoluindo numa contínua aprendizagem resultante da
simbiose entre o homem e a abelha desde que foi fundada pelo bisavô de Pedro
Malhadas, que por entretenimento já cultivava o gosto pelas abelhas, exercendo
uma atividade ainda bastante artesanal, baseada em cortiços.
“O meu avô prosseguiu esse gosto, efetuando a passagem para uma apicultura mais moderna, à base de caixas. O meu pai e atual sócio-gerente teve a visão, perante um produto de alta qualidade, de transportar esse mesmo produto de consumo interno familiar para o mercado, profissionalizando esta atividade e criando a empresa, há cerca de 45 anos”, explica o atual gestor da empresa.
Malhadas acrescenta ainda que neste momento, a marca é “altamente reconhecida no mercado” e que “apesar de o mel ser o nosso produto core, temos um leque de produtos no mercado, tais como pólen, mel com favo, mel com propólis e uma gama de várias embalagens”. Prova disso mesmo, o responsável destaca o facto deste mel ao longo das décadas ser distinguido e premiado em muitos certames, comprovando a qualidade do mesmo.
As caraterísticas deste mel são determinadas por uma flora variada existente na serra, tipicamente mediterrânica, que lhe confere uma qualidade única. “As nossas colmeias estão inseridas numa vasta área, não agrícola, onde o uso de pesticidas e fitofármacos está ausente, bem como a poluição de origem industrial ou urbana”, relembra Pedro Malhadas.
Em termos florestais, a Serra
de Portel é dominada pelo montado, onde predomina o azinho e o sobro. É, pois,
sob esse ecossistema que se “desenvolve uma flora espontânea e variada,
tipicamente silvestre, de características mediterrâneas, onde predomina o rosmaninho
e a esteva, entre outros, de grande riqueza nectarífera e polínica,
responsáveis pelas características dos nossos produtos”.
Pequenas empresas são alicerce da economia local
Questionado pela ‘Start&Go’ acerca da relevância deste setor para a economia local, o gestor salienta que esta “é cada vez maior. A nossa produção advém da Serra de Portel, no distrito de Évora, inserida em pleno ecossistema do montado, que apesar de se tratar de uma zona pobre e que tem perdido muita população, essencialmente jovem, fornece produtos de elevada qualidade, tais como o mel, azeite, vinhos, enchidos e queijos. Estas empresas produtoras são um dos alicerces da economia local, permitindo a oferta de emprego e exponenciar o nome da região como fornecedora de produtos de marca”.
A nível
nacional, o mel do Alentejo e particularmente da Serra de Portel “é sinónimo de
qualidade, atraindo ano após ano novos clientes e parcerias com empresas que
reconhecem a mais-valia deste mel de rosmaninho, contribuindo decisivamente
para a elevação e importância do mel português, comprovando-se pelo aumento de
produção anual do mel do Alentejo que temos verificado”, adianta Pedro
Malhadas.
Para além da qualidade dos produtos provenientes das caraterísticas únicas da Serra de Portel, a marca aposta numa estratégia de marketing e de imagem moderna aproveitando da melhor forma as plataformas digitais. Nesse sentido, procuram ainda estabelecer uma “relação forte, duradoura e de confiança com os clientes, zelando sempre pelo cumprimento dos contratos e níveis de serviço acordados, tentando sempre ter o máximo de disponibilidade e flexibilidade para as suas necessidades”.
O mercado alvo é o retalho e empresas de distribuição, estando estes produtos à venda nas melhores charcutarias, cadeias de supermercados e algumas grandes superfícies em Portugal Continental e ilhas.
Alterações climáticas são um dos desafios que o setor enfrenta
Contudo, existem diversos desafios com os quais o setor se confronta atualmente e que poderão ter significativos impactos num futuro próximo. O primeiro desafio prende-se com os impactos provocados pelas alterações climáticas, nomeadamente na “degradação do ecossistema do montado” e na “substituição de zonas nectíferas por campos de cultura intensiva”, existindo gradualmente um menor espaço para as abelhas trabalharem e produzirem.
Depois surge a crescente “concorrência que o mel português enfrenta de produtos de outras regiões do planeta”, que por terem um grande défice de qualidade, são “escoados a preços incomparavelmente inferiores, dado que têm graves falhas de legislação e de monotorização”.
Por último, aponta Pedro Malhadas, existe ainda a “necessidade de os produtores terem maiores incentivos face a outros setores na agricultura, dado que os custos fixos que existem atualmente neste setor são muito elevados, esmagando cada vez mais as margens das empresas. Esses incentivos passariam também por privilegiar o consumo de mel português”.
Para além do reconhecimento já alcançado a nível nacional, a Mel Serra de Portel marca igualmente presença nos mercados externos, nomeadamente em alguns países europeus como a França, Inglaterra e Angola.
Assumindo como principais objetivos a “manutenção da elevada qualidade dos produtos” e do “profissionalismo na relação com os clientes”, a Mel Serra de Portel pretende alargar o portfolio de produtos, mais direcionados para mercados específicos.
Estão, adicionalmente, a “investir e dotar a unidade de produção de maquinaria mais moderna, a efetuar obras de alargamento das instalações, incrementar o número de estufas da melaria para armazenamento de maior quantidade de mel e em processo de substituição da energia utilizada atualmente para manutenção da temperatura da melaria para energia renovável”. Tudo isto, de forma a modernizar e melhorar toda a “nossa cadeia de processos, desde a produção, armazenamento, embalamento e escoamento dos nossos produtos”, frisa o responsável.
Em 2018 o volume de negócios cifrou-se próximo dos 750 mil euros sendo que para este ano as expectativas são de crescimento. Para o próximo ano os objetivos são de continuar a crescer em volume de negócios, mas “tendo sempre presente que este setor tem uma elevada dependência do clima, em especial da estação da Primavera.